Alguns filmes quando surgem as primeiras prévias, todos já começam a atacar, e quando se falou em um novo Tarzan, literalmente teve gente querendo pôr fogo nos livros e só reclamavam de qualquer possibilidade que fosse falada sobre o longa, pois onde já se viu mais uma vez contar a história de Tarzan, que já teve de todo jeito, que isso, que aquilo, e por aí vai. Pois bem, posso dizer que também reclamei quando vi as primeiras imagens de "A Lenda de Tarzan", mas de certa forma fiquei curioso para saber o que iriam fazer com a história. Pois bem, hoje após conferir, posso dizer que o resultado final me agradou muito, pois evitaram contar toda a história que já vimos diversas vezes, optando agora por mostrar algo ocorrido após Tarzan ter abandonado a selva, e ter tomado a herança de sua família, virando um lorde inglês. E além de nos entregar uma boa história, optaram por dar um tom bem mais sério ao filme, sem animais falantes e principalmente deixando que a ação corresse solta, para que tudo acontecesse no desfecho. E se tenho de reclamar de algo, posso dizer que como o filme deixa para que o público apenas lembre da história de Tarzan, juntando alguns flashbacks, ele poderia ser mais longo que não atrapalharia tanto, e nessa correria pode ser que muitos personagens tenham ficado abandonados de certo modo, mas ao menos não encheram linguiça para dar tempo de tela.
O longa nos mostra que há muitos anos, Lord Greystoke deixou o passado como Tarzan e vive na cidade com sua esposa, Jane. No entanto, ele é chamado para voltar ao Congo numa tarefa como emissário do Parlamento. Mas na verdade, isso não passa de um plano mortal arquitetado pelo capitão Rom, despertando a fúria adormecida de Tarzan.
Ou seja, é interessante vermos quando pegam uma história já batida e recriam algo novo em cima dela, pois certamente qualquer um imaginaria que recontariam toda a história novamente de como Tarzan foi abandonado na selva, como conheceu Jane, e como ficou amigo dos animais, mas os roteiristas ousaram em colocar já ele bem longe de suas "macaquices" já vivendo como um homem rico, e a partir daí deslanchar tudo. O diretor David Yates soube também trabalhar bem essa nova história e certamente sentiu muita falta de mostrar um pouco do passado, pois daria para termos um longa completo se necessidade de flashbacks, mas muitas situações acabariam desconectadas e incomodariam demais, por exemplo: como os habitantes de uma tribo remota fala inglês tão fluente? Ou por quais motivos Mbonga deseja tanto matar o protagonista? E isso estou citando apenas duas indagações que são bem encaixadas com as cenas de lembranças, pois possuem outras, e cada uma vai dar boas nuances para o filme, porém caso quisesse, o diretor ainda poderia lançar mão de outras situações para dar ao filme um tempo maior do que o que foi mostrado, e certamente isso não cansaria, pelo contrário, não exigiria tanto do público lembrar do que viu em outros filmes sobre o personagem. Agora um fato claro que não podemos reclamar de forma alguma do diretor, é que colocou sob uma forte perspectiva ação praticamente do começo ao fim, deixando o longa num ritmo insano e bem adequado à proposta que tanto desejava, além claro de diferentemente do que ocorreu em outras adaptações da história de Edgar Rice Burroughs, aqui os animais não falam e apenas passam toda a simbologia através do olhar para o protagonista, quase que numa comunicação única que somente ele entende, ou seja, perfeição completa nas cenas mais comoventes entre animais e homens. O diretor também soube fazer, assim como em outros longas que dirigiu, deixar que o personagem protagonista ficasse em foco mesmo nas cenas em que não aparece, e isso é algo bacana, pois tivemos muitas cenas dos coadjuvantes em situações solo, mas sempre referenciando de algum modo o protagonista.
Sobre a atuação, mesmo estando com o físico completamente em dia, não sei se a escolha de Alexander Skarsgård foi a mais ideal para dar vida à Tarzan/Lorde Greystoke, pois mais acostumado com longas mais reflexivos e dramáticos, o ator até segurou as pontas nos momentos mais tensos, mas quando precisava dar mais ação ou até mesmo um tom mais cômico para o personagem, parecia estar deslocado, então talvez as outras opções que tinham em mãos antes das filmagens seriam mais propícias, porém ele não fez nada que seja absurdo de ver na tela, e até acabou saindo bem no fechamento. Margot Robbie conseguiu transformar sua Jane numa personagem bem dinâmica e interessante de ver, pois de certo modo víamos a personagem com uma aura mais ingênua e doce, e aqui ela se mostrou como uma mulher de atitudes completamente longe de algo mais frágil, e ao trabalhar bem sua expressividade nas cenas junto do vilão, ela chamou atenção pelo estilo mais sutil de olhares que já vimos fazer em outros filmes, ou seja, uma atriz que promete muito ainda no cinema. Agora quem já não promete mais nada, mas sempre cumpre com excelentes atuações é Chistoph Waltz, pois cada papel que pega ele incorpora e entrega seu máximo, e claro que sempre com ótimas expressões ele acaba cativando o público mesmo que esteja fazendo todas as maldades possíveis com seu Rom, e certamente o veremos fazendo mais vilões, pois ele acaba sempre introduzindo uma personalidade intelectual visceral para seus personagens de modo que vamos esperando e torcendo para que ele consiga destruir os mocinhos das tramas. E se falei do físico do Tarzan, não posso dizer que Samuel L. Jackson estava em forma no começo das gravações com seu George, mas ao final depois de correr muito e esbaforir tentando acompanhar o fôlego do jovem ator, certamente ganhou mais vitalidade ou precisou recorrer à alguns balões de oxigênio, mas tirando esse detalhe, como sempre faz, acabou colocando uma comicidade tão bem encaixada nos momentos certos da trama, que acabamos quase criando um vínculo de amizade com o personagem. E para fechar sobre as atuações, Djimon Hounsou deu boas perspectivas para o seu Chefe Mbonga, mas faltou no longa contar mais de sua história, ficando quase um personagem jogado no meio do nada, e isso não é legal de ver, porém nos seus momentos de luta, o ator deu um show à parte.
Sobre o visual, a equipe escolheu ótimas locações para dar uma ambientação bem condizente (não sei se realmente foram para o Congo filmar no meio da floresta, já que hoje é possível fazer tudo com computação gráfica), e trabalhou muito bem com os figurinos dos personagens para termos tribos diferenciadas e soldados de todos os estilos possíveis. Mas sendo ou não real a floresta, os animais todos foram feitos através de computação com movimentos criados através de captura com atores reais, e em quesito de texturas, podemos realmente tirar o chapéu para esses softwares que andam trabalhando, pois é algo incrível de ver e se comover com cada momento entre protagonistas humanos e animais em cena, de tal modo que torcíamos até para ter mais cenas com os bichinhos. Sobre a fotografia da trama, tivemos boas cenas no escuro sem que qualquer iluminação falsa atrapalhasse, e claro que dentro da selva, usaram ótimos artifícios para que tivéssemos diferentes tons de verde para dar as nuances certas para cada momento, na cena inicial do vilão com a tribo indígena, abusaram demais da neblina, e embora o tom tenha ficado maravilhoso, é quase impossível ver alguma coisa em cena, e isso de certo modo é um erro.
Outro ponto negativo do filme ficou a cargo do uso da tecnologia 3D, pois sendo um filme convertido, acabaram não pensando tanto no que poderia chamar atenção ao usar os efeitos, então tirando a cena final de explosão que muita coisa acaba voando para fora da tela, as demais cenas que tiveram algum detalhe aplicado ficaram com pouca profundidade de campo e só serviram para dar alguns borrões na tela, ou seja, completamente dispensável, mesmo que nas cenas de balanços de cipó, a dinâmica tenha ficado de certa forma interessante de ver. Então se quiser economizar, pode ver em salas comuns que não irá perder nada.
Enfim, foi um filme que até acabou superando as expectativas que tinha dele, principalmente por termos uma história nova e agradar na dinâmica, mas certamente se os pontos defeituosos que citei (tempo de filme, 3D, atuação do protagonista, entre outros) fossem menores, acabaríamos tendo um excelente filme. Vale a recomendação por ser algo "novo" dentro de algo que já conhecíamos de outras épocas, mas talvez seja um filme que em breve nem lembraremos de sua existência, e isso não é algo que agrade os produtores de cinema. Enfim, vá ao cinema e se divirta com a história, pois como sempre digo, certamente algo vai acabar chamando a atenção, e sendo assim cada um vai tirar proveito de algum momento do longa, e acabará se divertindo com os bons momentos da produção. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com um longa atrasado que apareceu no interior, então abraços e até breve.
Eu amei o remake da história de Tarzan, toda a responsabilidade caiu sobre os ombros do protagonista Alexander Skarsgard, que também tem uma ótima química com Margot Robbie. Se você estiver com tempo, indico assistir A Lenda do Tarzan enquanto ainda está em cartaz. A trilha sonora é divina, as cenas são deslumbrantes, e tem romance, humor e ação nas medidas certas. É um filme nostálgico, mas também surpreendente.
ResponderExcluirOlá amigo! Realmente ótima trilha e cenas bem feitas... mas faltou um pouco a mais para realmente empolgar!! Abraços!
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