Acho interessante quando mesmo em um filme curto, com 82 minutos apenas, conseguimos dividir claramente três fases distintas: sustos sem lógica, marasmos com sustos premeditados, e conclusão impactante, pois isso acaba acontecendo com mais frequência em longas que enrolam em demasia e por vezes ainda colocam caminhos falsos que geralmente furam todo o conteúdo do roteiro. Felizmente "A Última Premonição" não necessitou desse último estilo, pois tudo ocorre rapidamente e mesmo tendo um período cansativo em seu miolo, o resultado final é tão bem feito que acaba agradando bastante dando cara completa ao nome nacional que recebeu. De modo geral, é um filme que vale a pena tanto para quem gosta de suspense quanto para quem gosta de terror sem exageros, mas ainda está longe de ser algo genial.
O longa nos mostra que uma jovem mulher sofre um grave acidente de carro, e sobrevive por pouco. Enquanto se recupera, começa a ter estranhos pesadelos, que os médicos descrevem como consequências comuns do trauma que viveu. Pouco depois, ela se descobre grávida, e muda para uma nova casa com o marido. Mas as visões tornam-se cada vez mais graves e violentas, ameaçando todos ao redor.
É interessante quando o pôster e o trailer dão destaque para o produtor do filme (no caso Jason Blum que não coloca o seu dinheiro em filmes que julgue ruim, e vem acertando um terror atrás do outro), ao invés de falar do diretor, que mesmo muitos não gostando de seus últimos filmes ("Jessabelle", "Jogos Mortais 6", "Jogos Mortais - O Final"), felizmente esse Coelho que vos digita adorou todos, e sendo assim Kevin Greutert merece também um bom destaque, pois foi sucinto no queria mostrar, usou poucas locações, e principalmente, deu um fechamento digno para a trama, pois muitos vão reclamar de ter explicado tudo bonitinho, mas assim como ocorria na franquia "Jogos Mortais" (que é a parte que mais gostava de todos os filmes da série), após diversas pistas serem jogadas para o público, no encerramento ficávamos de queixo caído como tudo se encaixava perfeitamente. Claro que aqui, não temos algo de deixar nossos queixos no chão, mas tudo acabou tendo mais sentido do que se largasse como algo cult sem nexo, e assim sendo, a proposta do roteiro embora simples ficou bem trabalhada pelas mãos do diretor, que com boas nuances até acabamos esquecendo das partes chatas e cansativas que acabaram acontecendo no segundo ato da trama e gostando bastante do seu trabalho no longa.
Sobre o elenco, uma coisa muito estranha deve ser dita, pois temos praticamente em todas as cenas um ator/atriz de comédias fazendo coadjuvantes num longa de suspense/terror, então ver alguns eles com caras sérias e dramatizadas, em alguns momentos até assusta mais do que toda a proposta do filme. Não tenho muita certeza, mas como Isla Fisher desistiu de "Truque de Mestre: O Segundo Ato" por estar grávida, provavelmente aqui sua barriga até tenha sido bem real, claro que não nas cenas mais fortes, afinal não seria tão maluca ao ponto do que ocorre no filme com sua Evie, mas assim como costuma fazer nos demais filmes até trabalhou boas expressões de medo e colocou seu carisma à prova para que o público acreditasse em tudo o que estava ocorrendo com ela na trama, talvez alguém com mais dramaticidade desse umas nuances mais desesperadoras, mas ainda assim ela agradou bem. Um dos maiores erros da trama foi a escolha do protagonista masculino, pois Anson Mount não trouxe nenhuma personalidade característica para seu David, de modo que no filme falam que é seu sonho virar agricultor, e ele tem a maior cara de lutador de filmes de ação, e mesmo nas cenas mais dramáticas sua desconfiança para tudo o que está acontecendo com a mulher é tão desgostosa de ver que acaba soando falso demais, então certamente outro ator chamaria mais atenção. Gilian Jacobs deu para sua Sadie uma personalidade de certo modo estranha de ser vista, pois em alguns momentos até parecia estar dentro do carisma, mas em nenhuma cena apontou bem dentro do que resultaria em suas últimas cenas, e assim sendo, ela destoou um pouco para uma atriz que já fez tantos outros papéis. Jim Parsons é o médico mais bizarro que já vimos em um filme, pois raramente um obstetra indicaria antidepressivos com tanta naturalidade para uma grávida, e isso vindo de um comediante (afinal a maioria o conhece por "The Big Bang Theory") é quase uma piada pronta, fora que parecia ser algum estilo de psicopata por suas expressões fortes, ou seja, talvez até tenham vendido uns ingressos a mais para seus fãs, mas não combinou de forma alguma dentro da proposta. Joanna Cassidy deu para sua Helena três cenas bizarras, pois assim como em muita novela mexicana a pessoa malemá te conhece e já sai invadindo sua casa sem nenhum pormenor, e aqui ela faz caretas em excesso nos seus momentos de "possessão" que acabam mais desagradando do que agradando, e olha que não é uma jovem atriz para destoar tanto assim. Eva Longoria faz duas participações como Eileen, irmã da protagonista, mas é quase um enfeite cênico na trama, e assim sendo poderiam ter economizado o seu cachê.
Visualmente a trama arrumou uma casa que normalmente uma pessoa em sã consciência não moraria, pois assim como é descrita pelo corretor de imóveis, é um antigo celeiro que virou casa, ou seja, por fora é até ajeitadinha, mas por dentro é algo rústico demais para alguém que saiu de um trauma e vai morar no meio do nada para ter uma vinícola, ou seja, abusaram um pouco do absurdo para conseguir a nuance de suspense/terror, e claro que dentro da proposta não economizaram em elementos cênicos que fossem utilizados de forma estranha durante o filme todo, mas que ao final tivessem o sentido completo de sua existência bem revelado, ou seja, tiveram trabalho para desenvolver toda a cenografia, mas com um bom estudo de caso, o acerto foi bem determinado. A fotografia trabalhou com fumaça, cenas no escuro quase completo e muitos tons avermelhados na trama para dar o contexto correto, claro que isso em algumas cenas acabou sendo prejudicado, afinal contraluzes em cenas muito escuras soam sempre falsos, mas volto a frisar, tudo o que é mostrado no entremeio é utilizado para fechar de forma coerente, então tentem relevar.
Enfim, o diretor abusou do volume das trilhas sonoras para pegar um pouco o público desprevenido, mas com o desenrolar da trama acaba envolvendo e agradando. Poderia ser menos enfeitado o miolo para que o público não cansasse tanto da trama, mas como tivemos um bom final, o resultado em si vale a pena ser visto, ou seja, acabo recomendando o longa para todos, pois mesmo quem tem medo de terror, vai acabar gostando do fechamento. Bem é isso galera, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais alguma postagem dos filmes do Festival Suíço, então abraços e até mais pessoal!
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