Sempre digo que ir assistir à um filme sem nenhuma expectativa é a melhor coisa que alguém que gosta de cinema pode fazer, pois a chance de gostar é muito alta. Então o que dizer quando a expectativa é negativa para não dizer completamente pessimista? Respondo fácil essa questão depois de estar quase rouco de tanto rir com cada nova cena do novo "Caça-Fantasmas", que com uma comicidade fora de série, bons personagens, uma história completamente interessante de ser acompanhada e ótimos efeitos especiais 3Ds acabaram com todo o pessimismo que muitos jogaram para cima de quando surgiu a ideia de uma refilmagem do clássico dos anos 80, porém com mulheres protagonizando. Muitos vão dizer de ideologias feministas, de sacadas anti-machistas, e tudo mais para tentar dar um peso maior do que o filme já tem sozinho, então digo apenas que vá ao cinema conferir com a certeza de que vai se divertir como nunca, pois a ideia do longa é essa e não de toda a mi-mi-mi-zação que tão fazendo em cima dele, e digo mais, é um ótimo filme para ficar tão marcado quanto o original, e que venha mais continuações, afinal como é mostrado na cena pós-crédito: o Zuul vem aí!
A sinopse do longa nos conta que sendo atualmente uma respeitada professora da Universidade de Columbia, Erin Gilbert escreveu anos atrás um livro sobre a existência de fantasmas em parceria com a colega Abby Yates. A obra, que nunca foi levada a sério, é descoberta por seus pares acadêmicos e Erin perde o emprego. Quando Patty Tolan, funcionária do metrô de Nova York, presencia estranhos eventos no subterrâneo, Erin, Abby e Jillian Holtzmann se unem e partem para a ação pela salvação da cidade e do mundo.
Se existe um diretor americano que vem acertando em todas as comédias que faz é Paul Feig, e mesmo que use de clichês tradicionais e claro sua atriz favorita para que suas piadas funcione, o diretor conseguiu um feito raro no gênero de aventura, que é trabalhar a comicidade crua como eram feitos os filmes nos anos 80/90, que ríamos pelo alto escrachamento de classes, por não se preocupar com o certo ou errado, e deixar que tudo fluísse o mais natural possível, pois todo mundo é um pouco burro (não uma porta como Kevin), todos somos ignorados no trabalho (não jogados de lado como Patty), todos possuímos uma inteligência fora do normal que ninguém entende (não que sejamos um dicionário ambulante como Erin) e sabemos criar as armas mais mirabolantes do planeta (ainda que longe de sermos uma mega engenheira como Jillian), e ao trabalhar todas essas ótimas características em cada personagem, e mais do que isso incorporar ao grupo a alta complementação de cada uma para com a outra, ele acabou criando uma história convincente e bem interessante de ser vista na telona, e a cada nova boa piada incorporada na trama, um novo momento fazia com que o rumo fluísse sem parar no contexto completo, o que deu ritmo para o filme e ainda pode criar novas perspectivas para continuações. Claro que o diretor foi extremamente alvejado após o lançamento do primeiro trailer, afinal o longa original de 1984 é algo que não existe no mundo sequer uma pessoa que não tenha se divertido demais com a trama, e ao ver tamanha heresia (afinal o mundo é machista demais para aceitar isso) de colocar 4 mulheres como protagonistas, todos pegaram suas armas de muitas teclas interligadas à um computador e saíram atacando sem dó nem piedade o filme, e o que isso vai fazer (espero realmente que faça) é exatamente o contrário, pois todos ficaram extremamente curiosos com o novo filme e ao conferir irão rir demais e recomendar cada vez mais o trabalho do diretor, ou seja, um marketing negativo imenso vai trazer grandes frutos para essa excelente comédia de ação.
Sobre o elenco, o que posso adiantar de antes do filme é que jurava que nenhuma daria conta do recado, e hoje após conferir posso dizer que todas se encaixaram como nunca na trama e agradaram ao transformar cada personagem utilizando seu estilo de humor e isso é o que acabou tornando o filme mais incrível ainda, pois foi dado o devido tempo para que todas tivessem quase o mesmo tempo de participação de tela, o que é raríssimo ver em um filme atualmente. Vou fazer uma ordem um pouco diferente da mais divertida para a menos divertida, e isso é claro muda a ordem de protagonismo que o filme possui. Leslie Jones me fez gargalhar muito com sua Patty, isso falo com muito orgulho, pois na maioria dos filmes ela seria colocada completamente de lado e usariam sua comicidade apenas para complementar as cenas, o que acabou não acontecendo, pois logo que entra para o grupo, a atriz que é mais conhecida por séries de TV, engata uma boa cena atrás da outra e fazendo ótimos trejeitos acaba chamando atenção e agradando demais. Melissa McCarthy é o amuleto do diretor, e estando presente em praticamente todas suas produções já quase atua sozinha por conhecer bem o que ele deseja, e isso acabou criando uma dinâmica bem própria para sua Abby, agradando não só pela atriz ter um humor bem colocado, mas por ela não necessitar mais tanta apelação como fazia antigamente para que o público risse de suas piadas, e assim sendo, acabou divertindo bastante no longa inteiro. Precisaram "enfeiar" Kate McKinnon para dar o ar maluco que a engenheira Jillian possui, e isso acabou dando um certo charme para ela, que mostrou que uma mente funcional vale muito mais do que uma beleza, e criando as armas mais malucas possíveis, a atriz trabalhou com ótimos semblantes faciais para divertir e cair dentro da personagem como uma luva. Não menos importante, mas com um ar cômico menos trabalhado no filme, Kristen Wiig nos entregou uma Erin interessante e bem trabalhada para ser a líder do grupo, mas poderia ter entrado no clima e mostrado umas maluquices a mais (inclusive no trailer possui uma cena boba sua, mas que não foi usada no longa, e é de certo modo divertida de se ver), ou seja, ela foi boa no que fez, mas queríamos mais dela em cena. Chris Hemsworth anda mostrando suas veias cômicas nos últimos filmes para tentar desvincular sua imagem de Thor (que lhe dá muito dinheiro, mas que pode acabar marcando demais sua carreira), e para isso aceitou de cara o papel de Kevin, que para ser uma porta completa de tão idiota só necessitava ser preso na parede, mas essas boas sacadas que lhe deram ficaram dinâmicas e divertidas de ver, o que acaba valendo a pena, pois mostra algo de certa forma interessante que por trás de muita beleza se esconde um cérebro vazio, e o ator se deixou levar pelas brincadeiras e acabou agradando bastante. O "vilão" Rowan interpretado por Neil Casey foi de certa forma calmo demais, pois poderia mesmo sendo um "excluído" do mundo, mostrar seu plano maligno de vingança de uma forma mais ampla, não sendo apenas um quase figurante de luxo na trama de apresentação das protagonistas, mas também não ficou tão falso, e claro que poderia ter trabalhado de uma forma mais dinâmica assim como o vilão mais crível acabou tomando trejeitos na segunda parte do filme, mas aí é claro que não temos o mesmo ator e isso nem dá para ser comparado. Dos demais atores do filme, podemos dizer que praticamente todos fizeram figurações ou complementaram as cenas, pois o prefeito, o entregador de comida, entre outros foram até mais enfeites do que os homenageados atores do original, que aqui apareceram como um desvendador de falsos paranormais (Bill Murray), um taxista (Dan Aykroyd), o tio de uma protagonista (Ernie Hudson), uma experiente doutora (Sigourney Weaver) e no in memoriam (Harold Ramis).
Sobre o visual da trama, mesmo não sendo gravado em Nova York, o filme trouxe uma vitalidade clássica da cidade, e ousou bastante na criatividade cênica, pois criar armas interessantes de serem vistas, colocar figurinos bem encaixados com a proposta (e até tirar sarro do estilo), arrumar boas locações para cada momento (a cena do show de rock com o fantasma parecendo uma projeção mirabolante do show foi algo muito bem pensado) e ainda trabalhar bem no conceito computacional gráfico para que cada fantasma tivesse boas nuances foi algo que poucos diretores de arte acreditariam e fariam boas conexões, ou seja, um trabalho muito bem feito. Outra boa sacada da direção de arte foi colocar elementos do original aparecendo em quase todas as cenas, como fantasmas clássicos, elementos cênicos bem conhecidos e tudo mais que pudesse puxar um ar mais nostálgico para a trama, funcionando como um acerto incrível. A fotografia ousou bem em sombreamentos e com muitas luzes de fundo para que os efeitos funcionassem, deixando o longa encaixado completamente à noite, o que é legal de acompanhar, pois algumas cenas que ficariam escuras, ao serem tratadas com os elementos computacionais acabaram ganhando boa vida e agradaram, e além disso, muita gosma verde surgiu para todo lado dando um tom mais cômico para a trama. Agora o prato cheio do filme sem dúvida alguma ficou por conta dos ótimos efeitos especiais, que mesmo não tendo sido filmado em 3D e apenas convertido na ilha de edição acabou encaixando bem demais, pois tiveram a grande sacada de colocar barras negras em cima e embaixo da tela "criando" um efeito widescreen, para que os efeitos se projetassem melhor para fora da tela, uma sacada das antigas, mas que foi certeira para que cada elemento funcionasse e viesse rumo aos espectadores, ou seja, quem gosta de um bom filme que valha a pena pagar mais caro para ver cenas tridimensionais, esse é um ótimo exemplar, e sendo assim quem costuma ter dor de cabeça com efeitos 3D, principalmente os que possuem muita cor verde, devem evitar, pois o longa veio bem forte na tecnologia usada.
No conceito musical, felizmente mantiveram as trilhas originais e deram para algumas recomposições estéticas sem perder a visceralidade original. E além disso deram ao show de rock um bom encaixe na trama.
Enfim, é um filme que agrada demais, e só não foi perfeito pela falta de um vilão mais impactante, pois do restante diverte como nunca e passa toda a ação tão rapidamente que nem vemos as quase duas horas passarem. Ou seja, recomendo demais o longa para todos, e até mesmo quem for pronto para atirar mil pedras por terem mexido com um original que ninguém deveria tocar, vai acabar gostando do que verá na sala, e sendo assim, vá ao cinema ajudar para que ele tenha uma boa bilheteria, fique acompanhando as boas cenas de créditos e pós-créditos (que para quem não entender a referência fica aqui um link mais explicativo) e vamos torcer para que venham continuações, afinal o que é bom tem de continuar. Mais uma vez agradeço ao pessoal da Radio Difusora FM 91,3Mhz por ter conseguido a pré-estreia e estamos juntos nessa parceria para sempre que precisarem. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais estreias no site, então abraços e até breve pessoal.
A expectativa foi gerado porque a história já é conhecido e foi bom para entender que não era um remake, mas uma reboot. Quando uma história é por trás grande momento, podemos continuar o seu legado de diferentes maneiras, para muitos um reboot o que esperávamos. Atores Ghostbusters fazer um excelente papel, I pessoalmente amei o desempenho de Chris Hemsworth, que faz com que a história se torna atual e público hoje, tentando manter a mesma essência que o anterior.
ResponderExcluirOlá Valéria... realmente o filme causou um frisson muito grande com as expectativas da galera, mas o resultado compensou mantendo bem a essência... veremos se vão continuar com mais histórias ou parar por aqui!! Abraços!
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