Se o filme anterior tentou pegar o legado de Bourne e criar uma nova vertente, acabando falho e por horas até cansativo (já que temos ação, mas parecia sempre faltar algo), agora com a volta do protagonista original e do diretor original, o acerto é tão iminente que alguns pôsteres apenas estão colocando "Você sabe o nome dele", pois "Jason Bourne" é o ícone de uma época e mostra como se faz um bom filme de ação, aonde nem um pode ser considerado inocente de qualquer acusação e colocando traição em cima de traição, ligando detalhes mínimos à tudo o que se possa pensar e claro muita ação e pancadaria, o filme empolga do começo ao fim e faz com que o público já fique ansioso para novas continuações, pois agora sim temos o original pronto pra briga. Ou seja, um filme que acerta em cheio na dinâmica necessária para deixar o coração palpitando desesperado para ver aonde vai tudo, e que sem dúvidas cria novas perspectivas para um gênero que de certa forma vinha desgastado.
O longa nos mostra que fora do radar como lutador de rua, Jason Bourne é surpreendido por Nicky Parsons, que o procura oferecendo novas informações sobre seu passado. Inicialmente resistente, ele acaba voltando aos Estados Unidos para continuar a investigação e entra na mira do ex-chefe Robert Dewey, que teme mais um vazamento de dados. Dentro na CIA, no entanto, a novata Heather Lee acredita que tentar recrutar Bourne para a agência seja a melhor solução.
Se nos longas anteriores "Ultimato Bourne" e "Supremacia Bourne", que não teve envolvimento no roteiro, o diretor Paul Greengrass já havia conseguido trabalhar bem as cenas de ação, envolvendo as dinâmicas com bons textos, agora que assinou também o roteiro, já fez questão de cada nova cena, uma pancadaria bem colocada para que não fosse necessário cenas calmas para tudo acontecer, de tal maneira que nos 123 minutos de duração do filme são raros os momentos em que a câmera fica estacionada para que alguma situação aconteça ali, ou seja, claramente assinou embaixo do título com caneta marca-texto: "um filme de ação total". Não podemos falar que o longa traz muita novidade, afinal o estilo da franquia já foi sugado ao máximo que podia com três filmes, mas vamos ser sinceros, quem liga para isso, o que queremos é uma boa ação, com um enredo coerente e que tudo se encaixe, pois como muitos costumam dizer: "nada se cria, tudo se copia", então se o molde já está pronto, souberam dar a dinâmica correta e ainda colocar elementos novos para futuros projetos. Claro que o excesso de flashbacks, alguns momentos que nem lembrava realmente dos filmes, se existiu realmente ou se foram colocados com visual antigo apenas para montar a história, acaba cansando em determinadas cenas, mas como servem de base para o conteúdo completo, o resultada agrada. Ou seja, o diretor/roteirista fez o que devia para que com muita grana (afinal somente na cena de perseguição com um blindado devem ter destruído alguns milhões) fizessem muita grana nas bilheterias, pois todo mundo quer ver Bourne novo, mesmo que seja para reclamar de clichés. Esperemos agora pelos resultados e o anúncio de gravação do quinto filme.
Com toda certeza a carreira de Matt Damon ficou bem marcada pelo estilo de atuação que colocou com tanto afinco no personagem de Jason Bourne, pois assim como foi estranho ver outro ator fazendo o papel no filme de 2012, a sua volta é tão clara que não notamos nuances, não notamos erros, nem nada, parece que o personagem e o ator se misturam de alma e representação, fazendo com que mesmo não tendo os trejeitos jovens de quando iniciou a franquia, ainda tenha muita disposição para as grandes cenas de ação que o filme pede, sendo assim perfeito para tudo. Uma grata surpresa, que nem é mais tanta surpresa pelo potencial que sabemos que a atriz tem, ficou por conta de Alicia Vikander, com sua Heather Lee, que iniciou-se misteriosa, depois vai tomando forma com os anseios da personagem, para ter um gran-finale bem impactante cheio de jogada para ver o que vai acontecer no desenrolar da franquia, de modo que a atriz soube dosar bem sua expressividade, sem atacar logo de cara, mas também não deixando que o público esquecesse aonde ela entraria em cada momento da trama, e essa grande sacada fez dela mais do que uma simples coadjuvante na trama. Tommy Lee Jones tem apenas 70 anos, mas aparenta ter mais de 100 pelo estilo sério que adota em seus personagens, e sempre com trejeitos fechados é claro que ninguém espera algo de bom vindo dele, e seu diretor da CIA de cara já demonstra a que veio, fazendo com que Robert Dewey seja marcante e cheio de boas jogadas, e mesmo que não tenha aparecido em nenhum outro filme da trilogia clássica, aparentou estar sempre nos bastidores para dar bons encaixes, e isso o ator soube fazer com uma facilidade incrível de ser vista. Agora se querem um bom ator para colocar como vilão, o nome de Vincent Cassel é o mais cotado pra atualidade, pois o ator mostrou persistência em buscar seus objetivos e com um estilo interpretativo da melhor linhagem, segurou bem as expressões corretas para cada momento, e não decepcionou nos momentos de luta, ou seja, encaixe perfeito para o papel. Embora apareça pouco, Julia Stiles voltou para seu papel de Nicky Parsons de uma maneira bem coerente e teve bons momentos para mostrar seu estilo, claro que esperávamos bem mais dela, mas não foi dessa vez. De certo modo, a participação de Riz Ahmed como Aaron Kalloor (ou seria uma projeção Mark Zuckerberg indiano???) seria apenas para esse filme, mas como o ator acabou saindo bem nas suas poucas cenas, e o fechamento da ideia não foi concluído aqui, acredito numa segunda chance para que ele possa aparecer e mostrar seu projeto de inteligência, pois é um ator simples, mas de olhares bem interessantes para encaixar no texto.
Com muitas locações externas e em diferentes localidades (pelos créditos se vê que tiveram equipes em cada país que a trama mostra realmente), e muita destruição para ocorrer, certamente o orçamento enorme foi até bem gasto, pois a trama tem ação para ninguém botar defeito, e com bons elementos de espionagem (ainda não acredito no estilo de hackeamento que é mostrado no filme, pois é algo incrível de acontecer, e que chega a dar medo demais) o filme acabou sendo trabalhado para ter dinâmica, então não temos momentos parados para analisar cada cenário, cada objeto ou cada figurino como acaba acontecendo em diversos outros longas, mas uma coisa é fato, que tudo foi usado com primor para que cada elemento convencesse e parecesse bem real dentro do que estava acontecendo. E falando em realidade, a cena de perseguição final como já falei acima certamente desbancou bem o orçamento do filme, pois são muitos carros sendo arremessados, muita destruição em cena, e dificilmente em computação gráfica teríamos tanto realismo com câmeras captando imagens tanto nessa cena, quanto na outra perseguição inicial em diversos ângulos (grandes feitos de pequenas câmeras com toda certeza), e assim sendo, não só a equipe artística, como a equipe de produção e os técnicos de efeitos realísticos tem de ser muito bem parabenizados, pois literalmente a gravação do filme deve ter sido uma operação de guerra. Além dessas equipes que citei, a equipe de fotografia também foi bem ousada, pois contendo o longa diversas cenas externas e muita ação, equilibrar bem os tons sem perder nuances ou sombreamentos é sempre um grande desafio, mas acertaram na maioria das vezes, desfocando em um ou outro momento apenas.
Enfim, é um bom filme, claro que recheado de cenas inacreditáveis que dificilmente funcionariam na vida real, e até algumas abusando da Física, porém isso não vem ao caso, pois discutir isso ou cenas clichés em longas de ação é o mesmo que brigar com quem gosta de ouvir músicas de gosto duvidoso, vai ser você falar que é ruim, e a pessoa falar que não liga. Então compre um bom pacote de pipoca e curta bastante o filme, pois a ação faz valer o ingresso, e as boas conexões acabam agradando e divertindo qualquer um que for conferir o longa no cinema mais barulhento que puder. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma das estreias da semana no interior, então abraços e até mais pessoal.
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