Fico feliz quando mais um país bota as asas no circuito comercial de animações, pois esse é um dos gêneros mais trabalhosos de se fazer e poucos estúdios acabam arriscando suas fichas com o alto gasto em computação gráfica. Claro que o primeiro trabalho de grande escala do México não seria algo tão impactante ainda pelo conteúdo visual e de história, mas conseguiram ser ao menos polêmicos no conceito, pois quem imaginaria ver uma animação (que teoricamente é algo infantil) com a temática de rinha de galos!!! Quem ler a sinopse e pensar na temática com toda certeza não levará os filhos para conferir "Cantando de Galo", mas embora tenha a ideia seja algo impactante, o longa consegue ser bem trabalhado na superação no melhor estilo "Karate Kid". Aliás, a animação brinca com referências à diversos filmes de luta e de maneira bem bacana pelos personagens secundários da trama, que por hora parecem até bobos demais, mas acabam divertindo de maneira bem leve e agradável. Não diria ser a melhor animação que já vi, mas acaba sendo interessante e bem feita dentro da proposta que desejavam.
O longa nos mostra que Toto é um jovem galo que tem que assumir a responsabilidade de ser a figura principal de sua granja. Ele admira o galo mais velho do local, um ex-lutador que tenta fazer Toto assumir suas novas funções, como acordar todas as pessoas e animais logo pela manhã. No entanto, o pequeno local onde moram está ameaçado de falência, uma vez que a senhora que comanda a propriedade não tem conseguido mantê-la. Tentando evitar que a granja seja vendida, os animais tomam uma providência: irão a uma rinha de galo tentar fazer uma aposta que salve o local. Toto acaba escolhido e terá que enfrentar um poderoso galo, cujo dono é conhecido por tomar as propriedades de pequenos fazendeiros através de apostas e ameaças.
Além da perspectiva interessante, porém estranha de mostrar para crianças, os personagens secundários do filme nos são apresentados rapidamente no início, e parecem bem esquisitos se pararmos para pensar, mas ao pesquisar um pouco mais sobre os diretores veremos que seu filme de estreia foi sim sobre os ovos em 2009, ou seja, eles já possuíam uma história pronta que provavelmente quase ninguém fora do México viu, e que quem sabe poderia até ajudar mais no carisma absurdo que os personagens aparentavam ter. Claro que isso não atrapalha em nada, pois esses personagens apenas fazem piadas e tentam divertir com as conexões junto aos protagonistas, mas foi uma boa sacada dos diretores Gabriel e Rodolfo Riva-Palacio Alatriste de inserirem eles na trama (como quase uma continuação) para que o público depois pudesse ver sua outra obra. Além dessa perspectiva interessante, os diretores tiveram grandes sacadas ao trabalhar referências de vários longas de lutas, além de "Poderoso Chefão", e só isso já credencia o longa como uma boa diversão para fãs de cinema.
O carisma dos personagens ficou bem simples e até infantilizado pelos dubladores, mas de certa maneira os personagens também aparentam fazer as mesmas ações que são ditas. O franguinho Toto é bem chamativo e consegue segurar um pouco sua trama, mas o destaque mesmo fica por conta do ovo de pato maluco que acaba chamando bastante atenção e diverte bem com suas dicas para o protagonista. Existem dois personagens que talvez sejam também provenientes do longa anterior que são os ratinhos que acabaram meio que deslocados na trama, e isso não é legal de ver, mas também não atrapalha em nada.
O visual foi simples, simpático e até bem modelado para que o filme tivesse um formato quase que tridimensional, e nas cenas de flashback/sonhos usassem do 2D tradicional sem ficar piegas. Claro que por ser algo mais infantil o excesso de cores se torna bem apelativo, e o filme chega mesmo sem óculos a incomodar um pouco, e a cenografia em diversos momentos parece faltar elementos para compor a cena o que é um problema que poderia ser facilmente resolvido com tomadas mais fechadas nos personagens. Outro defeito técnico, que não chega a ser um erro, mas sim algo que acabamos acostumando de outras animações, é a falta de texturas nos personagens e nos cenários, o que acaba deixando o filme mais simples ainda, o que não é ruim, mas também não eleva o nível.
Enfim, é um filme bacana para conferir, que trabalhou bem e ainda contou com boas canções nos momentos certos, mas que está longe de ser um primor para que todos corram para ver, tanto que mesmo sendo distribuído por uma grande distribuidora do nível da Paris Filmes, acabou ficando em cartaz apenas uma semana no interior, ou seja, quem quiser ver e não for hoje, (ao menos em Ribeirão Preto) acabará tendo de esperar sair em DVD para conferir. Bem fico por aqui agora, mas volto amanhã com uma das poucas estreias dessa semana, então abraços e até breve.
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