Atualmente temos visto alguns filmes com estilos diferentes dos usuais, e por isso chega a ser até complicado para as distribuidoras classificarem eles para o público, mas aí é que entra a grande chance de você acreditar/empolgar no estilo vendido pelo trailer, e possivelmente sair vibrando após um grande filme lhe ser entregue. Com "Nerve - Um Jogo Sem Regras", ou apenas "Nerve" no original, mas que brasileiro gosta de sempre incluir um subtítulo, de cara o vemos classificado como suspense, porém o longa viaja por tantas categorias, misturando ação com momentos de terror psicológico e colocando pra jogo literalmente um jogo, acabamos de certo modo até envolvidos com o que nos é entregue. Ou seja, ao comprarmos o ingresso para o filme estamos clicando também no ícone "observador" do jogo, pois iremos acompanhar praticamente todas as façanhas dos protagonistas pagando uma taxa que irá chegar até eles de certa maneira (já receberam seus cachês, mas os produtores irão receber o lucro), e assim sendo somos também cúmplices das loucuras mostradas na trama. E se você ficou empolgado com tudo isso, não é nem metade da empolgação (para não falar temor por tudo dar errado) que o longa nos proporciona, pois a cada novo desafio a adrenalina dos personagens sobe na mesma proporção que ele acaba interagindo com o público e criando tensão também nos espectadores, ou seja, um filme tecnológico mais interativo do que possamos ter pensado que veríamos algum dia, e com tudo muito bem feito, a única coisa que teria de falar logo de cara é que você vá para o cinema conferir o longa e se divertir com tudo o que é mostrado na trama.
O longa nos mostra que a tímida Vee DeMarco é uma garota comum, prestes a sair do ensino médio e sonhando em ir para a faculdade. Após uma discussão com sua até então amiga Sydney, ela resolve provar que tem atitude e decide se inscrever no Nerve, um jogo online onde as pessoas precisam executar tarefas ordenadas pelos próprios participantes. O Nerve é dividido entre observadores e jogadores, sendo que os primeiros decidem as tarefas a serem realizadas e os demais as executam (ou não). Logo em seu primeiro desafio Vee conhece Ian, um jogador de passado obscuro. Juntos, eles logo caem nas graças dos observadores, que passam a enviar cada vez mais tarefas para o casal em potencial.
Acho bem interessante quando diretores que fizeram bons filmes de outros gêneros se arriscam mudando para algo com um vértice até que poderia se apoiar, mas que saem do calmo e tranquilo terror de sustos básicos (como é o caso de "Atividade Paranormal 3" e "Atividade Paranormal 4") e vão para a tensão completa em algo 100% interativo e cheio de ação como é o caso desse filme, e dessa maneira Henry Joost e Ariel Schulman conseguiram mostrar potencial para dirigir bem o estilo, e principalmente agradar quem deseja se conectar com a ideia, pois diferente do que costuma acontecer em filmes mais teens de a garotada fazer bagunça, ou ficar saindo para ir ao banheiro ou comprar algo, aqui sequer o pessoal consegue piscar sem perder toda a ação que é proporcionada. Claro que isso também se deve à duração do longa que é de apenas 96 minutos, mas que certamente se fosse maior não atrapalharia em nada, porém dessa maneira mais enxuta, o resultado foi impecável e com a dinâmica no timing certo para agradar quem gosta e até mesmo quem não gosta do estilo. Se tenho de criticar algo e apontar um problema, talvez seja a falta de uma origem para o jogo, de onde veio, qual o significado do nome, pois definir ele apenas como um jogo sem regras é algo muito aberto, e mesmo no mundo atual de caça à Pokémon e big brothers da vida, uma origem plausível para tudo é necessária para que a moda siga e todos caiam nela, então talvez pudessem ter trabalhado um pouco mais isso logo que a jovem é apresentada ao jogo, de maneira simples e rápida que sequer perderia 5 a 10 minutinhos e o longa ficaria perfeito. Não que isso seja algo que vá atrapalhar toda a curtição que o longa nos entrega, mas falta esse detalhe, que quem sabe mais para frente fazem algum longa de prequel, pois embora bem fechado e finalizado, se houver grande retorno financeiro, acredito em uma possível continuação, pois dá para seguir um caminho bem interessante com o fechamento que nos é entregue. Ou seja, um filme com uma proposta bem moldada, baseado num livro que nem teve tanto sucesso assim, que foi entregue para jovens diretores que conseguiram captar a mente dos jovens atuais e nos dar um jogo perfeito, aonde a distribuidora não economizou nos custos para pôr textos em português na dinâmica criando algo muito bacana de ser visto por diversos ângulos.
Sobre as atuações temos de falar com toda sinceridade que souberam escolher bem dois jovens que já tiveram grandes momentos sem ser protagonistas e aqui lhe entregaram uma grande missão de virarem famosos por suas peripécias, e felizmente, mesmo com leves gafes expressivas, conseguiram cumprir a missão dada com êxito, agradando e chamando a atenção para si nos momentos corretos. Dave Franco já havia mostrado boas perspectivas em "Truque de Mestre 1 e 2", mas sempre como o mais fraquinho do grupo, e aqui com seu Ian ao mostrar força, dinâmica expressiva, e até mesmo botar o corpo malhado pra jogo para levar garotas para as salas de cinema, ele conseguiu de tal maneira que acaba soando interessante, tendo seu romance de forma convincente, e mostrando que seu estilo é bem apurado com até mais potencial do que poderíamos esperar dele, ou seja, é aguardar para colher melhores frutos em breve. Emma Roberts tem cara de artista que só faz um estilo na vida, que é comédia romântica bobinha ou filme de terror com pretensão para morrer, mas deu uma personalidade bem marcante para sua Vee, e com isso acabou chamando atenção nas cenas que precisou ser expressiva, demonstrando habilidades suficientes para conduzir uma trama maior, claro que seria exigir demais da jovem atriz, mas soube dosar os trejeitos para não ser simples demais e nem sair desesperada atrapalhando todo o restante do filme, e assim sendo tudo acabou encaixando bem para ela. De certa forma a participação de Miles Heizer até poderia ser melhor incorporada para que seu Tommy não ficasse tão jogado de lado em alguns momentos, depois voltasse a ser importante, pois suas cenas até foram bem colocadas e o jovem até saiu-se dentro do esperado, mas o filme teria de ter um fluxo dramático maior e isso não coube na ideia final, ou seja, veremos se houver continuação, quem sabe ele mostra seus dons nerds de uma forma mais imponente. Emily Meade colocou sua Sidney num ponto que ou ame ou a odeie, trabalhando bem as perspectivas que a personagem exigia e tirando o fôlego do público num momento aonde qualquer coadjuvante não teria uma participação tão efetiva em longa algum, e só esse enorme potencial que lhe foi entregue mostrou que os diretores entraram na mesma onda do filme, dando participação para todos que pudessem fazer algo bom pelo longa, o que é muito bom de se ver, e acabou agradando tanto pela atriz que não errou nos seus momentos, quanto pelo resultado final. Dos demais, a maioria acaba tendo até boas participações usando da mesma ideia que falei de Sidney, mas quase sem muito destaque, valendo apenas realçar o fechamento de cena com Machine Gun Kelly com seu Ty, pois foi incrível tanto a cena, como sua dinâmica forte impulsiva.
Agora se temos de dar os parabéns máximos para alguma equipe do longa, certamente vão para todos os responsáveis pelo conteúdo visual da trama, que capricharam em detalhes interativos, usaram, ousaram e abusaram de locações com elementos bem cheios de representatividade, trabalharam bem com a equipe de fotografia para que a iluminação muitas vezes composta de luzes neon encaixassem dentro de uma boa perspectiva, e junto de diversos elementos cênicos bem encaixados para cada momento, fizeram um filme simples, tecnicamente barato, e que acabou tendo uma força maior do que a expectativa criada, ou seja, um âmbito técnico perfeito. Como disse, a equipe de fotografia trabalhou bem em sintonia com a equipe artística para compôr cada momento, que por se passar praticamente todo a noite, tiveram de abusar de iluminações falsas que dessem preenchimento para a trama, mas ainda assim soando leve e criando tensão na medida certa, ou seja, um trabalho bem elaborado.
Além disso tudo que já disse acima, um bom longa dinâmico não pode falhar no conceito musical, e assim sendo, acabaram escolhendo ótimas canções para dar ritmo e ainda encaixar dentro da perspectiva do que os personagens estão ouvindo nas suas festas e durante seus desafios, ou seja, algo bem bacana de ouvir, e claro que deixo o link para todos ouvirem tranquilamente após ver o longa.
Enfim, um filmaço que vale a pena ser conferido nos cinemas, para criar a tensão correta que a trama foi desenhada, e depois várias vezes na TV, pois certamente veremos mais detalhes nos vídeos dos observadores, nas coisas que aparecem em cena e até mesmo outros furos, afinal filmes agitados assim sempre acabam tendo erros que passam despercebidos por quem acaba entrando no mesmo ritmo passado, ou seja, um filme feito para quem gosta de dinâmica. E sendo assim recomendo demais o filme, que mesmo falhando em certos momentos, acabamos esquecendo e saindo bem contentes com o resultado final. Bem fico por aqui nessa madrugada, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até mais galera.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...