No ano de 1999, um estilo começou a chamar atenção e acabou virando uma febre entre os novos diretores de terror, o tal do found-footage (traduzindo arquivos/filmagens encontrados), e todos corriam para fazer um longa mais original que o outro (usando claro ideias que pareciam novas, mas já haviam aparecido outras vezes) e com isso alguns se apaixonaram pelo estilo, outros odiaram, afinal quase sempre com imagens de câmeras na mão tremidas, aonde não se prezava pela edição perfeita, mas sim por pedaços jogados fazendo barulho e pegando o espectador cada vez mais desprevenido, foi criando seu próprio mundinho. Pois bem, usando dessa ideia "A Bruxa de Blair" gastou apenas 60 mil dólares e acabou rendendo 248 milhões, e claro uma continuação que foi um fracasso total, e filmado agora com um codinome completamente diferente "The Woods", eis que temos uma nova continuação do filme, intitulada apenas sem o "A", ficando como "Bruxa de Blair". E o que podemos falar logo de cara da continuação? Algo que sequer deveriam ter pensado em fazer, pois apenas serviu para mostrar todas as novas tecnologias de câmeras manuais, como câmeras de orelha, drones, pequenas câmeras com diversos apetrechos e até mesmo mostrando uma relíquia das antigas que filmava com fitas, para claro poder compararmos inclusive seu estilo de imagem. Daí você vem e me pergunta, além disso, o que o filme mostra? E respondo rapidamente com a seguinte palavra "NADA", ou melhor alguns bichos com feições estranhas que sequer podemos falar que são obras de uma bruxa, ou quiçá como disse um amigo do cinema, aliens, pois são disformes, possuem luzes vindo de fora da casa, e além de tudo não aparecem para causar, ou seja, um filme que vai do nada para lugar algum e ainda brinca com exageros ruins de edição. Portanto, mesmo que o orçamento tenha sido alto, o resultado de muitos dias de filmagem resultaram em algo estranho e malfeito demais para agradar.
O longa nos mostra que um grupo de estudantes universitários resolve se aventurar na floresta de Black Hills para desvendar os mistérios que cercam o desaparecimento da irmã de James, que muitos acreditam estar ligado à lenda da Bruxa de Blair. Eles criam esperanças de encontrar a garota, especialmente quando uma dupla de moradores se oferecem para guia-los na floresta. Mas com o cair da noite, o grupo é surpreendido por uma presença ameaçadora e percebem que a lenda é real e muito mais sinistra do que imaginaram.
O diretor Adam Wingard já trabalhou anteriormente com os criadores do longa original em outros filmes, mas não sei se conseguiu perceber que o gênero não anda mais tanto na moda, e principalmente, com toda a tecnologia atual hoje é difícil de acreditar em imagens com nuances, o que aconteceu muito no passado, pois as sujeiras e imagens mal filmadas acabavam assustando com elementos que apareciam e ficávamos na dúvida do que estava sendo mostrado, o que não acontece agora com imagens em alta definição e com câmeras incríveis que acabaram utilizando, ou seja, precisou apelar para uma edição porca e jogada, aonde os barulhos e imagens necessitavam saltar na cara do espectador para causar um pouco mais. Não podemos dizer que ele não teve acertos, pois saber filmar dentro de florestas é algo para poucos, afinal o trabalho cênico pode atrapalhar numa correria, e mesmo que de uma forma bem bagunçada o resultado visual até que agrada de certa forma, claro que não é nada primoroso, mas algumas cenas até causam algum impacto no público, porém faltou história e conteúdo para que tudo se firmasse e encaixasse melhor.
Sobre as atuações a vontade que tenho é de dizer que esqueceram de falar para eles que era um filme de terror/suspense e que precisam demonstrar isso, seja fazendo caras de espanto, de dúvida do que está vendo ou até mesmo uma expressão mais tensa para que o público entre no mesmo clima dos personagens, ou então que seja forte o suficiente para encarar de frente os desafios e atacar o indecifrável, e aqui, todos sem exceção ficou meio que jogados perdidos em cena, fazendo caras e bocas olhando para as muitas câmeras, e o resultado foi algo que não dá para destacar nada bom de ninguém, o que é algo péssimo de falar. Mas o grande destaque negativo fica para as caras bizarras que Corbin Reid fez com sua Ashley.
Basicamente o longa se prende num único visual, que é a floresta, e essa sim foi muito bem representada por sombras, nuances, e com elementos simbólicos bem encaixados para causar, o longa foi formando a ideia completa e fechou claro com uma casa cheia de inspirações e bem destruída para dar o clima completo. Além disso é claro que temos de pontuar todos os estilos de câmeras que acabaram sendo parte dos elementos do filme, e assim sendo temos desde as pequeninas câmeras de orelha, passando pela mini-DV e claro chegando nas pequeninas e tecnológicas anexadas aos drones. Com uma iluminação quase inexistente, para dar tensão, o resultado poderia ser incrível se tivéssemos um filme realmente, mas com essas quebras da edição, o resultado apenas foi satisfatório e conseguiu criar alguns momentos que ficássemos apreensivos olhando para a possibilidade de algo aparecer do nada, afinal o enquadramento na maioria das cenas sempre sugeria para isso.
Enfim, é um filme que até tentou fazer a volta do estilo com um primor, mas que passou bem longe do frisson que o original criou, e sendo assim só vale ser visto por quem estiver muito curioso para ver a ideia, mas ainda assim com muitas ressalvas para que não se decepcione demais. Portanto se for ver o longa apenas curta como uma história mais simples do que como um terror pra valer mesmo, e assim quem sabe sairá da sessão ao menos satisfeito com o que verá, mas se estiver esperando algo para causar mesmo, passa bem longe. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve galera.
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