Se no filme "O Lobo de Wall Street" temos a loucura no mercado financeiro, podemos dizer que em "Cães de Guerra" temos a loucura no mercado de armas "ilegais", pois o filme insanamente é baseado em fatos reais, e conforme vamos acompanhando a vida dos dois protagonistas, a cada momento vemos que esse grupo de "traficantes" ou negociantes de armas é algo complexo e que nem sempre vai ocorrer de uma forma tão simples como muitos imaginam. O filme que é dirigido por Todd Phillips acabou recaindo para o lado cômico, mas nem por isso deixou de lado o tom de ação que uma história desse estilo pode mostrar, e dessa forma acaba fluindo de uma maneira divertida e gostosa de ver.
O longa acompanha a história de dois amigos na casa dos 20 anos que moram em Miami durante a Guerra do Iraque e descobrem uma iniciativa pouco conhecida do governo que permite que pequenas empresas possam participar de licitações de contratos militares nos Estados Unidos. Partindo quase do zero, eles fazem muito dinheiro e passam a viver uma vida de luxo. Mas a dupla passa a ter problemas quando consegue um contrato de US$ 300 milhões para armar o exército afegão – que os coloca em contato com pessoas muito suspeitas, algumas das quais se revelam membros do próprio governo norte-americano.
É interessante observarmos como a equipe de roteiristas se baseou no artigo da revista Rolling Stone para criar dois jovens bem malucos que fizeram tudo para ganhar muito dinheiro num mundo duro e cruel, e ao cair nas mãos de um diretor de comédia tão eficiente como é Todd Phillips não teria outra forma de acreditar que desse errado o filme, e ao trabalhar com dois jovens atores que também andam acertando bastante nos estilos que interpretam, ele conseguiu captar a essência deles e incorporar dentro de um bom ritmo a criação de uma história completa que nos leva a refletir sobre como é usado todo investimento dos impostos de um país para a compra de armamento do exército e como tudo isso é feito para financiar guerras. O maior problema do longa fica também pelo estilo de Phillips, que em seus longas de comédia acaba sendo fácil dividir por esquetes e juntar tudo ao final, porém aqui por ser uma história completa, ao quebrar o longa em diversos momentos para que o filme tivesse quase capítulos, ele acabou cometendo alguns deslizes de quebrar o ritmo, fazendo com que o filme não deslanchasse, e sempre que chegava num ápice, era quebrado tudo para meio que recomeçar, e isso foi algo quase que sem fundamento algum, pois as frases são ditas logo em seguida, e se a edição tivesse trabalhado melhor, teríamos um filme incrível bem dinâmico e cheio de reviravoltas bem condizentes.
Um acerto da trama, como disse, foi a escolha dos atores para protagonizar o longa, pois mesmo sendo muito jovens, ambos andam acertando bastante no estilo que fazem, mesmo que mudando de gênero como andam fazendo. Miles Teller deu uma boa perspectiva para seu David, mas pareceu amarrado em alguns momentos, e principalmente aparentou jovem demais para ser pai, ficando estranho de ver ele que costuma fazer adolescentes em diversos filmes não tem cara de homem sério de família, e mesmo quando trabalhou algumas nuances ficou fazendo poucos olhares e não empolgou tanto como deveria. Jonah Hill já foi pelo lado contrário trabalhando muita descontração, e com isso, acabou tendo uma vertente até forçada em alguns momentos (principalmente nas risadas) que chegou até atrapalhar um pouco quando precisava ser mais sério com seu Efraim, claro que o diretor viu isso e trabalhou menos esses momentos deixando que ele fluísse sozinho na sua comicidade e acabou divertindo bastante no que fez. Os demais personagens foram mais enfeites e conexões, mas temos de pontuar Ana de Armas que fez de sua Iz, uma mulher brava que não aceita sequer qualquer mentira e com isso sempre com um semblante forte chamou atenção nas poucas cenas que fez, e também temos de destacar as cenas de Bradley Cooper com seu Henry sempre carrancudo e cheio de força para as cenas mais tensas.
Um dos pontos mais positivos do longa ficou a cargo da equipe artística que soube escolher dois apartamentos incríveis muito bem decorados para os protagonistas morarem, criar um escritório cheio de referências de guerra, mas principalmente acertaram em cheio nas cenas externas que mostraram mais ação, indo para o meio da guerra realmente passando por locações num Iraque fictício, e em um barracão bem sinistro de armamentos na Albânia. Quanto ao conceito fotográfico trabalharam bem as cores de guerra, como marrom, cinza e verde que deram boas nuances, porém por ser um filme com um teor mais cômico, faltou um pouco de cores mais claras.
Enfim, um filme bem divertido e gostoso de acompanhar, claro que a maior reclamação fica por conta das quebras de ritmo com as frases, mas mesmo isso não atrapalhou tanto o feitio do diretor e certamente vai agradar bem quem for conferir o longa. Portanto recomendo ele para quem gosta de longas que misturem ação, drama e comicidade, trabalhando situações reais com o imaginário dos roteiristas para agradar dentro de uma proposta diferenciada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.
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