Fofura, essa é a palavra que define o longa "Cegonhas - A História Que Não Te Contaram". Mas essa fofura toda pode ser definida pelos bebês fazendo gracinha, ou pelos pássaros abobados, ou pelos dois protagonistas atrapalhadíssimos, ou pela família que mesmo ocupadíssima arruma um tempo para o filho, ou principalmente seja pela ótima alcateia que irá surpreender a todos com suas habilidades, pois o filme tem esse dom de cativar o público com diversos subgrupos interessantes de acompanhar e com toda certeza algum desses elos irá amarrar você para que acompanhe a saga até o final, fazendo com que tenha boas gargalhadas e até se emocione com uma ou outra cena. Porém um dos maiores problemas do longa, quiçá o único, é a falta de uma história mais bem montada, pois as situações até ocorrem com uma certa naturalidade, mas não conseguimos notar algo fluído com um mote realmente interessante para que o roteiro nos prenda, ficando muitos detalhes em aberto, o que não é bacana de ver em uma animação. Mas só quem for realmente muito exigente vai reclamar disso, pois do restante é só curtição com todos os personagens e com as boas canções de fechamento da trama.
O longa nos mostra que cegonhas entregam bebês... ou pelo menos elas costumavam. Agora elas oferecem pacotes para a gigante global da internet ‘Lojadaesquina.com’. Júnior, um dos principais entregadores da companhia, está prestes a ser promovido quando a Máquina de Bebês é acidentalmente ativada em seu turno, produzindo uma adorável - e totalmente não autorizada - bebê.
Desesperado para entregar esse presentinho antes que o chefe descubra, Junior e sua amiga Tulipa, a única humana na Montanha das Cegonhas, correm para fazer sua primeira entrega de bebês em uma viagem selvagem e reveladora. Isso poderá fazer mais do que apenas iniciar uma família, mas também restaurar a verdadeira missão das cegonhas no mundo.
Já que o roteiro não foi o ponto forte da trama, o diretor Nicholas Stoller (que também assina o roteiro) e se deu bem em comédias escrachadas (vide "Vizinhos" e "Vizinhos 2") optou por trabalhar bem a comicidade dos personagens, e dessa forma é raro o momento em que não vemos alguma piada pronta sendo dita por qualquer elemento do filme, desde os figurantes de enfeite (como são os passarinhos pequenos) chegando até os protagonistas que abusaram até de brincadeiras com temas que hoje grandes corporações trabalham (liderança e corporativismo virou motivo de piada pronta ao mostrar que as pessoas só querem ter um nome, sem saber o pra que disso). E dessa maneira o filme acabou fluindo fácil pela tangente sem ser apelativo, mas também não tendo um começo/meio/fim comum de histórias infantis, claro que muitos vão falar que fiquei maluco, pois o objetivo da entrega é cumprido dentro de uma perspectiva bem interessante, mas o filme vai tendo diversas aberturas que se mostrariam até mais gostosas de trabalhar e acabam jogadas apenas sem muita desenvoltura, e sendo assim ficamos apenas conectados mais pelas piadinhas do que pela história em si. Não julgo que isso seja algo ruim, mas pela alta qualidade de tudo no filme, se tivessem trabalhado um pouquinho a mais no roteiro, o resultado com toda certeza seria incrível.
Fica até difícil escolher entre os personagens qual o mais carismático, pois como disse no início cada um vai acabar se conectando fácil com algum e vai ficar torcendo talvez por mais aparições do seu preferido. Por exemplo, a alcateia funciona muito bem dentro da trama, e não apenas pelos dois lobos protagonistas, mas sim por tudo o que fazem no longa, e a cada novo elemento que apresentam a situação toda fica mais divertida ainda. O protagonista Junior possui suas paranoias e isso acaba sendo bem divertido de acompanhar, e o ator Kleber Toledo não deixou impregnada sua voz no personagem agradando nas boas nuances e criando (claro que junto de um roteirista de dublagem) boas piadas nacionais dentro da perspectiva toda. A orfã Tulipa com sua multipersonalidade acaba divertindo demais nos seus momentos dentro da sala de correspondência, e não apenas lá, mas a cada nova cena sua sempre somos surpreendidos, de tal maneira que a dublagem de Tess Amorim também caiu como uma luva para sua loucura, mostrando que a dubladora profissional consegue dar trejeitos diferentes para cada uma de suas personagens. Agora se tem um personagem que ficou bem frouxo foi o Pombo Luke, que dublado por Marco Luque acabou tendo tão poucas cenas para se desenvolver que ficamos sempre esperando nas suas aparições que faça algo mais imponente, mas sempre acaba jogado de lado e soa até estranho alguns momentos de destaque seu em tela. Do lado mais familiar, os bons momentos do Senhor e Senhora Jardim com seu filho Nando acabam sendo cativantes por mostrar que na maioria das vezes as crianças precisam ter mais atenção de seus pais que estão sempre ocupados trabalhando, e claro que um irmão/irmã vai ajudar nesse conceito, mas quem pensa que vai cair no melodrama a história deles, pelo contrário, todas as cenas procuram divertir dentro dessas situações, ou seja, todos com bons encaixes. E embora Rocha seja "o vilão" da trama, sua personalidade acaba sendo bacana e divertida de acompanhar, agrando pelas boas nuances, mas que poderiam até rumar mais para algo mais forte.
Agora se existe algo que a Warner Animation Group vem se aprimorando cada vez mais é na modelagem de seus personagens, de tal maneira que já vimos ótimas perspectivas cênicas em "Uma Aventura Lego", e agora cada personagem possui boas formas sem serem cheias de texturas, mas que acabam agradando bem como animação, e funcionando sempre com cenários bem coloridos junto de diversos objetos e elementos que nos remetam sempre para alguma utilização dentro da proposta completa do filme, acabamos embarcando com eles rumo à perfeição dentro de um longa animado, e diferindo de outras produtoras que andam procurando criar quase uma realidade aumentada dentro dos filmes, aqui eles optam por manter sempre o tom real de uma animação, mostrando que é um desenho sim, mas bem aprimorado e com formas possíveis de se gostar. Quanto do 3D, infelizmente o longa possui poucos momentos aonde a tecnologia funciona, mantendo sempre uma profundidade interessante nas cenas com muitos personagens e dando uma amplitude grande para a cenografia completa, mas ainda assim longe de trabalhar com coisas saindo da tela ou tendo camadas realmente para que a trama pareça mais interativa, e sendo assim, quem quiser economizar pode ver tranquilamente o longa em 2D que não irá perder nada.
Enfim, é um filme gostoso de assistir, que vai divertir todas as idades e que recomendo com certeza para quem gosta de animações, talvez se não pecasse nos elementos que falei durante todo o texto teríamos um daqueles filmes memoráveis para se guardar na memória, mas ainda assim vale a pena conferir. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até mais pessoal.
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