Alguns críticos prezam por uma boa história, outros, como é o meu caso, preferem ver um bom estilo impregnado dentro de uma boa história (e também em algumas ruins), pois quando um diretor e/ou produtor optam por trabalhar fatos reais, o mínimo que se exige é que façam de uma forma coerente e envolvam o público com o que vão contar, pois outras histórias aparecerão (ou até já apareceram), talvez por outros vértices, e cada vez mais gostamos de ver de uma maneira bem feita (e bem contada) tudo o que podem nos entregar sobre um caso. Digo isso não por achar "Conexão Escobar" um filme genial dentro da proposta, e muito menos por achar ele piegas demais para causar alguma forma irreverente de estilos, mas sim por ser um filme que irá enganar muitos pelo nome (afinal todos os amantes da série "Narcos" da Netflix foram aos cinemas esperando ver Pablo Escobar - vi isso com os próprios olhos de pelo menos 3 pessoas da sessão com 10 espectadores hoje), mas que por colocar um ator que sabe dominar com unhas e dentes qualquer bom personagem que lhe for entregue vai fazer da trama algo seu e incorporar bem a história de um policial que ousou e se arriscou para prender os maiores nomes da lavagem de dinheiro dos anos 80 nos EUA. Ou seja, um bom filme policial, que talvez tenha pecado apenas na velocidade, pois o ritmo cansa e demora demais para termos as ações que todos sabem aonde vai chegar.
A sinopse do longa nos mostra que nos anos 1980, o agente secreto americano Robert Mazur recebe uma missão da Divisão Antidrogas dos Estados Unidos (DEA). Ele passa cinco anos infiltrado no cartel do narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Robert se aproxima do criminoso, ganha confiança e no fim revela a ligação de Escobar com executivos do Bank of Credit and Commerce International, responsável pela lavagem do dinheiro do traficante.
Não sei se o diretor Brad Furman ficou tão aficionado pelo livro de Robert Mazur que quis mostrar detalhes demais de uma história que de certa maneira foi complexa, ou se sua ideia era de mais para frente vender o longa para que virasse uma série concorrente à "Narcos" para mostrar o outro lado da moeda, pois ele trabalhou demais cada momento, colocando histórias paralelas demais que só serviram como base bem leve para todo o resultado final, ou seja, ele poderia ter sido mais dinâmico, colocado somente as situações imprescindíveis para que o resultado acontecesse e assim teríamos um filme incrível aonde tudo acabaria agradando pelo bom estilo policial de escutas e investigações, com o mesmo fechamento incrível que teve, e principalmente com toda a boa produção cênica que acabaram entregando. Sendo assim, podemos dizer com toda certeza que o maior erro do filme foi a falta de síntese, tanto no roteiro adaptado do livro, quanto da direção que não soube editar as boas cenas que com certeza filmou.
Com toda certeza o resultado do filme mesmo alongado demais ter funcionado e não ser pior foi Bryan Cranston, pois o ator soube trabalhar a personalidade de Robert Mazur com determinação e colocar em cena mais do que um único personagem, mas sim os diversos disfarces que o agente secreto tinha, claro que faltou um pouco mais de desenvoltura para que seu Bob Musella fosse mais diferenciado de Robert Mazur, mas ainda assim o ator soube dosar bem e incorporar os momentos mais fortes com clareza e boa determinação. Juliet Aubrey exagerou um pouco em sua Ev, fazendo caretas demais para demonstrar seu sentimento, e isso é algo que deve ser evitado pelas atrizes, pois acaba atrapalhando a personalidade do personagem ficando sempre com a mesma cara amarrada. John Leguizamo é um dos atores latinos que mais tem personalidade marcada para papeis que exigem um bom domínio do espanhol e do inglês no mesmo personagem, e seu Emir acaba ficando incrível durante o longa tendo grandes momentos que por bem pouco se tivesse mais tempo de tela acabaria virando o protagonista fácil. Diane Kruger também conseguiu chamar a atenção nas poucas cenas que teve, fazendo de sua Kathy uma mulher determinada com o que tinha para fazer e agradando bem com suas nuances. Tivemos outros bons momentos com outros atores, cada um mostrando um pouco de si, e até chamando o foco para seus personagens, mas se ficar falando de cada um vou fazer o mesmo que o diretor pulverizando demais aonde não deveria e errando nisso também, então apenas tenho de falar que o esforço de todos foi correto e agradável para com o longa, porém muitos poderiam ser cortados de cena, o que não vem ao caso para Benjamin Bratt que deu para seu Alcaino uma seriedade e postura tão forte que sendo um dos braços de Escobar acabou agradando e mostrando que o traficante tinha grandes homens por trás dele.
Um dos grandes pontos do longa foi a concepção cênica bem elaborada da época, colocando monitores, malas, escutas e diversos apetrechos tão bem colocados para a investigação que acabamos nos envolvendo tanto com os diversos elementos da trama que por bem pouco não esquecemos de olhar o que os atores nos proporcionavam em cena, e isso é um grande feito da equipe de produção que acabou colocando todos em boas locações bem criativas, cheias de pontualidades ambientais, que junto de uma fotografia suja e pontual com foco sempre no segundo plano, para dar um ar mais retrô, acabou tendo conceitos interessantes com um visual que poucas vezes nos é mostrado, ou seja, um filme que trabalhou bem os elementos técnicos para talvez ser mais alongado ainda e virar uma série como disse acima.
Enfim, um filme bacana que pecou por alongar demais no cinema e com isso acabou ficando com um ritmo não tão impactante para uma trama policial, mas ainda assim valendo ser visto, já que por ser baseado em fatos reais mostra como um país e seus bancos sempre colocam seus interesses à frente de seus clientes/população para seu bem próprio. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, afinal nessa semana estou bem atrasado por ter me dado umas pequenas férias, mas com toda certeza não deixarei passar nenhum longa sem ver, então abraços e até breve com mais posts.
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