O estilo de filme que envolve vingança e pessoas fugindo de criminosos já é algo batido no cinema, mas para acertar nesse estilo o fator ação e/ou suspense é completamente necessário para prender o público e fazer com que acreditemos na possibilidade que os protagonistas possuem (ou não), e quando isso não ocorre ficamos num marasmo tão grande que parece faltar algo e a todo momento nos vemos esboçando cansaço pela trama. Digo isso não por "Herança de Sangue" ser algo repetido que já vimos nas telonas, mas por faltar um gás na trama para que o público entre na pegada (que não é ruim) e se empolgue com o que é mostrado. Ou seja, temos um filme bem murcho que até teria um futuro maior se atacasse para as brigas de máfias americanas/mexicanas e não tanto na culpa da morte que fica na cabeça da garota desde o início. E assim sendo o resultado acaba fazendo com que ninguém saia feliz com o que é mostrado e mais uma vez Mel Gibson decepcione como ator, o que vem ocorrendo com uma frequência alta.
O longa nos mostra que John Link vive em meio ao deserto na Califórnia onde seu trailer também serve como estúdio de tatuagem. Vivendo longe de drogas e violência, ele tem seu cotidiano afetado com a chegada de sua filha desaparecida que está jurada de morte por traficantes. Ele fará de tudo para protegê-la.
É interessante observar que a história até poderia ter um rumo interessante de ser visto, mas que ao escolherem um tom abaixo do estilo que a trama pedia (talvez para economizar na produção) acabaram deixando o longa fraco e sem muita perspectiva, e nem que o diretor Jean-François Richet fosse um mágico conseguiria transformar um roteiro simples em algo brilhante, pois o mote do filme ficou em dúvida dele mesmo de conseguir rumos maiores e assim a cada cena que os protagonistas tentavam dialogar víamos o rumo descendo cada vez mais, para na última cena no carro a dor do diálogo vir com uma força imensa de tão fraco que foi. Ou seja, a base do texto foi fraca, a história foi sem empolgação, o diretor almejou algumas cenas com mais força (vide o primeiro contato dos traficantes com o trailer do pai), mas nada que pudesse salvar o resultado final, e nem mesmo os atores se empolgaram muito em dar um peso para a trama, o que acabou fluindo completamente para um lado feio do cinema de ação.
Já que falei um pouco dos atores, basicamente temos de ser honestos com Mel Gibson, pois já deu o que tinha de dar, e inicialmente ficamos chocado com sua aparência rústica que parecia ser um estilo novo e que até poderia chamar uma responsabilidade maior e diferenciada, mas logo em seguida vimos que não era isso o que ele queria mostrar e só foi descendo a ladeira com seu Link, rumando sem freio para que sua expressividade ficasse mais nula a cada cena que passava, ou seja, não dá mais para salvar sua carreira como ator. Erin Moriarty inicialmente mostrou uma Lydia sem muito preparo para as cenas de drogada e até conseguiu divertir quando trabalhou empolgada para alguns momentos, mas com o andamento da trama só sabia fazer cara de apavorada, e isso não mostra nada para as câmeras, muito pelo contrário, acaba atrapalhando a interpretação do artista, o que infelizmente acabou deixando a jovem atriz inexpressiva. Poderia falar mal de muitos outros atores da trama, mas vou preferir manter a essência de que o texto era ruim para qualquer um tentar salvar, então é preferível nem falar dos erros dos demais coadjuvantes, pois se para os protagonistas já foi dramático ver suas cenas, para os demais então já podem imaginar.
O visual da trama certamente é o ponto forte do filme, pois conseguiram deixar ele meio com ar dos longas dos anos 60/70 aonde as motos grandes dominavam as ruas, os atores tinham estilos próprios, brigas de gangues soavam forte, e dessa forma trabalharam bem na concepção cênica colocando bons elementos como a cidade somente de trailers que agradaram bem, mas poderiam ter ficado mais nesse ambiente meio desértico sem precisar ter cenas em locais comuns como cinemas e hotéis, que ainda agradariam bem, porém a desconexão não atrapalhou muito o andamento visual, e junto com a equipe de fotografia que jogou o tom marrom lá no alto, acabou agradando bem o resultado do desenho de produção ao menos.
Enfim, é um filme que nasceu fraco e tentou sobreviver com seus curtos 88 minutos, pois mais que isso seria uma tragédia, já que começou razoável e foi piorando com absurdos claros no texto que nem pegando as boas referências presentes nos momentos mais clichês conseguiriam agradar. Portanto não tenho como recomendar ele para ninguém. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos nessa semana que veio lotada de estreias no interior, então abraços e até mais pessoal.
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