terça-feira, 27 de setembro de 2016

Lembranças De Um Amor Eterno (La corrispondenza) (The Correspondence)

Certa vez um amigo me perguntou qual a receita para que um romance funcione bem e lembro de ter citado um dos que mais marcou pelo estilo na época que foi "P.S. Eu Te Amo", e por mais incrível que pareça, ninguém até hoje tinha ousado mexer nesse estilo, digo até hoje, pois com "Lembranças De Um Amor Eterno", o famoso diretor italiano Giuseppe Tornatore, de "Cinema Paradiso" trabalhou um pouco mais a ideia e usando astrofísica, encriptações de mensagens e muitos vídeos feitos em baixa qualidade conseguiu mostrar a mesma mensagem de forma diferente e acabou agradando e comovendo bem. Claro que está longe de ser algo perfeito como foi o emotivo longa na época, mas trabalhou tão bem a história colocando pitadas de "A Teoria de Tudo", e acabou unindo também um pouco da vida dos dublês de filmes que seu filme acabou indo para um rumo diferenciado e por horas até estranho, mas que foi bem feitinho e acaba tocando com a boa trilha de Ennio Morricone, ou seja, um filme que foi ousado, mas que soou simples, agradando pelo bom conjunto.

A estudante universitária Amy leva uma vida de excessos. Trabalhando como dublê, ela faz acrobacias cheias de suspense e perigo, durante cenas de ação. A jovem passa seu tempo livre trocando mensagens com seu namorado, o professor de astrofísica Edward (Jeremy Irons), pelo computador. Após ele negar se encontrar com Amy, ela irá escobrir um triste segredo de seu amado.

Claro que se formos olhar somente para um estilo, muitos irão dizer que o diretor então apenas plagiou a ideia e a fez de uma forma diferente, e de certa forma até podem o acusar disso, porém o grande feito de Tornatore foi saber trabalhar a ideia de uma forma interessante para o momento, pois hoje vemos muitos casais que namoram a distância, e de certa maneira isso funciona bem, como é o caso dos personagens principais da trama, claro que ninguém espera pelo pior, mas a sacada aqui foi como ele desenvolveu tudo nos mínimos detalhes para que a história do cosmos de novas possibilidades e de que a luz que estamos vendo de uma estrela hoje, pode não estar mais lá quando realmente formos vê-la por já ser uma estrela morta, acabou seguindo uma perspectiva bem profunda e interessante. Agora sabemos que poderia fazer de uma forma mais profissional todas as filmagens e não usar de recursos simples para mostrar que um longa pode ser feito com câmeras mais singelas, isso poderia ser feito através de edições e tudo mais, porém o diretor optou por usar realmente as câmeras mais simples, e a qualidade em diversos momentos vai lá para baixo, o que peca um pouco no resultado técnico, longe de emoções da história, mas temos de pontuar que poderia ser feita de outra maneira. Agora tirando esse detalhe técnico, o trabalho todo foi bem incrível, pois tanto nas cenas mais comoventes, quanto nas cenas de ação da protagonista (que não foram poucas e acaba tendo até um grande sentido para tudo o que ocorre) ficaram incríveis de ver.

Já que falei um pouco das ótimas cenas de ação da protagonista, temos de pontuar que espero que mesmo sendo um filme que fala das loucuras dos dublês, a atriz Olga Kurylenko tenha usado de uma dublê também para essas cenas, pois durante as gravações de sua Amy, ela estava grávida de 4 meses (souberam esconder bem a barriguinha) e não iria se arriscar fazendo tudo o que fez, mas tirando esse detalhe, a atriz ucraniana dominou bem a tela transbordando emoção e fazendo olhares apaixonados e desesperados conseguiu segurar todos os olhares para seus bons ângulos, ou seja, segurou a responsabilidade completa por estar quase que 100% sempre em destaque. Quanto a Jeremy Irons, é fato dizer o quanto esse ator sabe dominar bem suas palavras, pois seu Ed parece sempre estar declamando poesias para a protagonista, fazendo mais do que um mago para acertar cada momento, deixando qualquer mulher apaixonada por tudo o que faz em cena, ou seja, mesmo não sendo tão mais novo para agradar com um corpo, ele teve o dom da palavra para chamar a responsabilidade amorosa na tela. Dos demais atores, a maioria apenas teve participações bem rápidas, afinal o longa foca completamente na relação dos dois protagonistas, mas Simon Johns teve boas cenas com seu Jason, e principalmente terminou muito bem o longa, agradando com simplicidade, e Shauna MacDonald foi concisa nas cenas que fez de sua Victoria, não criando muitas perspectivas, porém trabalhando a expressão certa nos momentos exatos.

No conceito visual, a equipe italiana não economizou nas escolhas cênicas, indo para uma ilha particular maravilhosa com um lindo casarão todo ornamentado para representar o lugar mais romântico do casal, trabalhou também boas cenas na Inglaterra aonde aconteceram as principais cenas de filmagens da atriz sendo dublê de risco, com muita ação envolvida e alguns momentos em Edimburgo na Escócia para representar a outra família do protagonista, entre meados numa escola, e apartamentos bem simples mas cheio de nuances e elementos cênicos, principalmente um computador antigo aonde a protagonista via os vídeos feitos pelo seu par, dando tapas para funcionar a leitura de CDs, e claro sempre o bom e velho envelope vermelho romantizado e que fez a cena em quase todos os momentos do longa. Não diria ser uma obra prima no conceito visual, mas souberam dosar ação com romantismo na medida certa. Quanto da fotografia, abusaram muito de um tom azulado demais, que por vezes ficou até estranho de se ver, e a priori sem praticamente nenhum motivo, pois não trouxe tristeza que é a principal característica da cor, e muito menos ousou em simbolizar isso, apenas quiseram trabalhar mais esse tom, e o filme ficou intensificado assim.

Musicalmente é claro que Ennio Morricone não nos decepcionaria, e com trilhas bem melosas acabou segurando bem a onda do longa, trabalhando sempre no conceito de tentar emocionar a cada novo vídeo do protagonista.

Enfim, é um filme bem gostoso de assistir, que emociona e mostra que os italianos, mesmo que copiando de certa forma ideias de outros longas, conseguiram fazer um longa próprio e com características bem marcadas para agradar à todos, ou seja, algo que valha a pena ser visto. Sendo assim recomendo o longa para quem gosta de filmes românticos, mas sem muita melação para agradar não somente aos exagerados. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto de alguma estreia, então abraços e até breve pessoal.


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