Existem alguns estilos dentro do gênero suspense/terror/drama que alguns diretores nacionais andam trabalhando que nos fazem pensar no que o cidadão estava pensando quando escreveu o roteiro do longa, pois o misto de filme experimental com a ideologia bagunçada que a juventude de hoje vive fez de "Mate-Me Por Favor" algo completamente surreal que somente quem estiver muito aberto à ideias bizarras vai conseguir gostar de algo que a trama irá mostrar, e principalmente acredito que somente jovens problemáticos irão se conectar com os medos ou ideias da protagonista, pois chega a ser forçado alguns momentos que nos são mostrados, e nem com muita imaginação conseguiríamos abstrair algo dentro da proposta para que pudesse dizer alguma coisa boa do que me foi mostrado na tela do cinema. Ou seja, um filme bagunçado, cheio de erros técnicos e que trabalha uma história completamente maluca para algo que tenha sido realmente pensado em mostrar aquilo, de tal maneira que somente a diretora sabe o que ela desejava mostrar em cada cena.
A sinopse do longa nos mostra que a adolescente Bia, de 15 anos, e seu irmão, João, de 25 anos, levam uma vida normal. Mas quando uma série de assassinatos começa, eles e os amigos ficam com a imaginação à flor da pele, pensando como ocorreram os crimes e, ao mesmo tempo, analisando como a juventude de hoje encara os problemas.
A ideia do longa poderia fluir por diversos vértices e até trabalhar os medos da juventude frente à morte e outras ideias que permeiam a mente cheia de hormônios numa das fases mais bagunçadas da vida humana que é a adolescência, porém a diretora/roteirista estreante em longas Anita Rocha da Silveira quis elaborar junto disso um suspense com serial killer que por bem pouco não ficou tanto em segundo plano que quase fora esquecido pelo público se não fossem as imagens chocantes e bem feitas do trabalho da equipe de maquiagem, pois o restante do longa acaba se perdendo em cultos evangélicos misturados com funk, planos exagerados mostrando as construções de prédios para a Olimpíada, jovens discutindo temas de maneira jogada sem um motivo natural e por aí vai, ou seja, ela quis mostrar tanta coisa que estava na sua cabeça, que talvez explicando a ideia do longa para alguém até seja um bom filme, mas assistindo sem saber o conteúdo (como friso que todo filme deva ser visto) acaba sendo uma loucura completa, que se passasse num cinema comercial que tivessem mais pessoas na sala, certamente veríamos uma fuga bem alta, mas como estávamos em 6 pessoas na sala, todos ficaram até o final.
Um dos pontos positivos da trama foi de que se a ideia é conceitual, os atores também tem de vir livres de vícios interpretativos, então a maioria que aparece em cena é estreante nas telonas e acabou fluindo bem na questão de trabalhar olhares, semblantes perdidos ao vento e até mesmo uma boa desenvoltura nas cenas digamos mais picantes, e assim o resultado dentro da proposta até foi interessante de ver. Claro que o destaque fica para a protagonista Valentina Herszage que iniciou um pouco travada, depois foi se soltando e ao final já estávamos tão íntimos de sua Bia que até seus momentos mais estranhos já acabavam funcionando para o público, o que mostrou uma boa habilidade da jovem para com as câmeras que podem mais para frente ter bons frutos. Os demais tiveram até bons momentos, mas nada que tenha de dar grande destaque, porém temos de destacar negativamente Bernardo Marinho como João, que ficou enigmático demais do começo ao fim e acabou finalizando o longa sem quase impor nada para que o público refletisse sobre sua personalidade, talvez tenhamos pensado até coisas ruins à respeito de seu João, mas nada é dito ou mostrado para se afirmar, e isso acabou resultando em uma fraca expressividade por parte do ator.
Sinceramente fiquei pelo menos metade do longa pensando aonde poderia ter sido filmado a trama, pois não fica claro logo de cara aonde estamos situados, e confesso que não imaginava num Rio de Janeiro com tantos descampados, nem parecendo ser a cidade grande que é, pois o longa ficou com um ar bem interiorano e com perspectivas de cidade pequena, aonde as pessoas não estão acostumadas com mortes, o que de certa forma é algo ruim de se ver. Além disso, o filme não ousou muito em elementos cênicos, o que deixou a trama mais aberta aos pensamentos e diálogos dos protagonistas, o que é uma falha já que estamos trabalhando com atores iniciantes, e deixar que eles fluam sozinhos sem algo mais presencial é um grande risco que acabou não funcionando bem. Outro grande erro do longa se deve à equipe de fotografia, pois ao trabalhar muitas cenas noturnas, a equipe abusou de luzes falsas, e em diversos momentos o filme quase parece um ataque de aliens com luzes provenientes do nada atrapalhando muito no resultado interpretativo das pessoas, ou seja, poderiam usar de sombras/luzes artificiais, mas se preocupasse em colocar algo que ficasse mais próximo de algo real como uma lua ou poste, e não no meio do mato uma iluminação completa ao redor da protagonista.
Agora sabemos que no Rio de Janeiro o funk praticamente domina as paradas de sucesso, mas num longa com uma temática de suspense usar diversas músicas do gênero e em alguns momentos baladas antigas, ficou parecendo que não tinham um propósito a seguir. Porém se algo me fez rir foi o funk gospel cantado pela pastora adolescente que arrumaram para o longa, pois ficou algo digno de comédia global.
Enfim, a ideia em si foi boa, mas a proposta como um todo acabou se perdendo saindo do nada e chegando à lugar nenhum, de tal maneira que nem de graça recomendo ver o filme, pois o absurdo completo vai mais incomodar do que agradar o público em geral. Claro que talvez vejam por aí diversas críticas cults que façam alusão a coisas fantasiosas, porém volto a frisar que o pessoal deve ter tido algum tipo de explicação plausível da diretora em debates, e/ou entrado na sala viajando junto para chegar nas conclusões que chegaram. Mas deixo aqui minha dica de fuga, quem quiser arriscar, veja por sua conta e risco. Fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até mais pessoal.
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