Já que ultimamente a originalidade de temas anda meio murcha em Hollywood, o jeito está sendo requentar os clássicos, e claro que como hoje o mundo se tornou uma selva de pedra, pensar em criar longas de faroeste é algo quase raro, mas ainda existem as boas almas que gostam do estilo e não iriam destruir um clássico fazendo qualquer bobagem, e sendo assim o diretor Antoine Fuqua nos entrega um "Sete Homens e Um Destino" bem trabalhado, com algumas boas cenas relembrando o original, mas principalmente criando seu próprio estilo, deixando de lado o faroeste tradicional que tivemos nos anos 60, partindo para um longa mais de ação/guerra aonde foi bem desenvolvida a personalidade de cada elemento com uma boa dose de história, mas predominou mesmo os momentos aonde a pancadaria come solta, e claro com uma qualidade técnica impressionante que vai agradar tanto os fãs do estilo, quanto quem desejar ver apenas um bom longa na telona.
O longa nos mostra que os habitantes de um pequeno vilarejo sofrem com os constantes ataques de um bando de pistoleiros. Revoltada com os saques, Emma Cullen deseja justiça e pede auxílio ao pistoleiro Sam Chisolm, que reúne um grupo especialistas para contra-atacar os bandidos.
Acho divertido quando muitos amigos saem reclamando de estarem refilmando clássicos, mas se analisarmos a fundo, o original de 1960 nem foi tão original assim, já que foi uma refilmagem de "Os Sete Samurais" feito por Akira Kurosawa em 1954, ou seja, desde muito tempo temos a velha ideologia de que "nada se cria, tudo se copia". Mas tirando esse detalhe de originalidade ou recriação, o que o diretor Antoine Fuqua fez aqui foi algo digamos inusitado, pois apenas usou o bom mote e trabalhou o roteiro que lhe foi dado como um filme bem dinâmico e ousado para o estilo, pois geralmente faroestes se baseiam em histórias mais alongadas, com momentos claros de tiros, e principalmente casos ocorrendo com maior fluidez, e ao invés disso o que ele acabou fazendo foi um longa cheio de nuances, com momentos bem divididos entre os personagens, despontando claro um certo protagonismo para com Denzel, seu parceiro de longa data e diversos filmes, mas deixando com que cada um se apresentasse, tivesse grandes cenas de tiroteios, e principalmente fizesse a ação valer a pena do começo ao fim, tendo dinâmicas até mesmo nos momentos mais lento da trama, aonde o plano em si é desenvolvido. Ou seja, temos um novo estilo digamos de faroeste ou podemos considerar esse novo trabalho de Fuqua como sendo um longa de ação com uma pegada western, que aí sim temos uma definição melhor do trabalho, pois querendo ou não, esse longa marcará um novo momento do cinema de estilo, afinal o resultado ficou impecável, mesmo tendo os tradicionais momentos que só acontecem em filme, como por exemplo o mocinho (ou anti-herói) não levar sequer um tiro, todo mundo andando e as pessoas respeitarem para não atirar logo de cara e depois perguntar, e por aí vai.
Já que falei um pouco de Denzel Washington, vamos complementar um pouco sobre o que fez aqui com seu Chisolm, pois ele botou toda a banca para cima da personalidade forte que sempre costuma entregar para seus personagens e sem fazer muita cara amistosa botava para correr mesmo que sem uma arma na mão, ou seja, escolha perfeita para o papel que com certeza lhe será lembrado por um bom tempo. É interessante pontuarmos que mesmo Chris Pratt fazendo suas tradicionais gracinhas, que acabaram funcionando dentro do estilo de seu Faraday, o jovem ator soube ter bons momentos expressivos dentro da trama, com nuances claras de quase virar protagonista da trama pela essência passada. Ethan Hawke pode ser classificado como camaleão dentro do cinema, pois a cada filme que faz coloca uma personalidade tão diferente que chega a ser difícil até de o reconhecer em cada longa, e isso é uma ótima qualidade, que aqui acabou agradando bem, pois seu Goodnight tem bem esse estilo de diversas facetas, e o ator acabou agradando muito nas suas cenas principais. Embora tenha sido colocado como cota, afinal é estranho ver orientais em filmes de faroeste, Byung-hun Lee acabou agradando muito com a habilidade de facas que deu para seu Billy, e sendo assim o jovem ator deu boa perspectiva para que ficássemos felizes com o que fez na tela. Vincent D'Onofrio até agradou bem dentro do texto que lhe foi dado, mas ficou caricato demais e poderia ter chamado mais atenção com as boas nuances que lhe foram propostas, evitando momentos com gags que acabaram até atrapalhando o estilo, claro que sem ele não teríamos tanta comicidade, mas ainda assim seu Jack Horne seria um bom personagem. Manuel Garcia-Rulfo veio para representar os latinos no longa com seu Vasquez, e fez um bom papel, meio que de segundo plano quase oculto atrás de todos, portanto fez bem Wagner Moura fugir do papel para fazer Pablo Escobar, pois senão seria mais um Santoro com poucas falas em um filme gringo. Martin Sensmeir deu uma personalidade marcante para o índio Red Harvest, fazendo bons trejeitos, e principalmente trabalhando de uma forma bem ágil nas cenas, o que se não foi feito por ele, exigiu um bocado de seu dublê. Claro que temos também que falar da mocinha da trama, que como disse em determinada cena, teve mais colhões que muito homem em cena, e sendo assim Haley Bennett soube dosar feminilidade com desventura para com sua Emma, criando bons momentos para a protagonista da história, chamando a responsabilidade cênica de forma correta e clara para que não virasse um papel secundário na trama. E para fechar tenho de pontuar os poucos momentos do vilão Bogue interpretado por Peter Sarsgaard que trabalhou bem com trejeitos irônicos e até poderia ter sido mais impactante caso tivesse mais cenas para aparecer, mas mesmo assim ainda agradou bastante nos momentos principais, e assim sendo fez o papel claro que os vilões fazem em faroestes.
Sobre o visual é fato que escolheram muito bem o estado da Louisiana para virar o cenário perfeito de descampado e dentro de boas perspectivas criar a cidadela com bons elementos rústicos, mas agradável de ser olhada. Um detalhe bem factível foi que a equipe de arte praticamente não precisou decorar quase que nenhuma casa/estabelecimento por dentro, pois quase 90% da história acontece nas ruas da cidade, e sendo assim tiveram apenas que cuidar dos figurinos, armas e claro de tudo para ser cravado por muitas balas/explosões, ou seja, um trabalho simples, mas que foi bem feito para que nada do pouco em cena passasse despercebido, e assim sendo o resultado funcionou agradavelmente. Claro que todo bom western que se preze possui uma fotografia impecável, e aqui o ótimo sol deu um tom forte para que os filtros marrons não pesassem tanto e junto com um figurino mais escuro marcasse pontualmente os ângulos da trama. E com grande desenvoltura de câmeras, o diretor pode contar com um ambiente rústico, mas que ainda teve um simbolismo incrível de ser visto à cada nova cena, e a cada close que era dado, um novo elemento era exposto principalmente trabalhando o vermelho para dar o ar de guerra.
Outro grande elo dos bons westerns sempre ficaram a cargo da trilha sonora escolhida, e aqui James Horner nos entregou um dos seus últimos trabalhos (morreu no meio do ano passado) de maneira incrível, com ótimas referências à outros filmes do gênero e com batidas mais modernas para não funcionar como um plágio, ou seja, deu um ritmo gostoso de ouvir e que ainda funcionasse para gerar bons momentos, afinal junto de uma mixagem incrível (vejam na melhor sala que puder em quesito de som, pois os tiros impressionam vindo de todo lado) o trabalho da equipe sonora se mostrou afinado para que a trama fluísse rapidamente de tal maneira que os 132 minutos de projeção não aparentasse nem metade desse tempo.
Enfim, um filme quase perfeito, que se não fosse alguns exageros cênicos (as tradicionais paias que citei acima e que acabam soando forçadas em muitos momentos), e claro o excesso de personagens (que mesmo sendo muitos, ainda tiveram momentos solos bem trabalhados), acabaria agradando até mais do que agradou. Mas nem por isso o longa deixa de ser incrível e bem recomendado para todos, pois é como costumo dizer um filmaço que vale a pena ser visto por quem for amante do gênero, e até mesmo para quem nunca viu um western por não gostar do estilo, pois os elementos vão acabar mudando um pouco o conceito de filmes alongados que muitos costumam dizer não gostar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda faltam diversos longas para conferir nessa semana, então abraços e até breve com mais textos.
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