Todos sabemos como é a programação da Rede Globo aos sábados já há muito tempo, com uma fórmula gasta e apelativa de humor, porém dois humoristas lá dentro sempre tiveram destaque e até sobressaiam com alguns personagens, Rodrigo Sant'Anna e Samantha Schmütz, e se Rodrigo já deu certo também no cinema com alguns longas, agora chegou a vez de Samantha tentar a sorte protagonizando nas telonas com "Tô Ryca". A proposta do filme em si até aparentava ser boa, com um desafio considerado por muitos dificílimo, mas que poderia ir de forma diferente com outros rumos, porém com alguns exageros a trama até tentou passar uma boa lição de moral, e principalmente, mostrou realmente pobres fazendo coisas de pobres, ou seja, não ostentando, mas exagerando em coisas simples, e esse que é o grande barato do filme, que sim é forçado, mas ainda está bem longe (graças aos deuses do cinema) do que víamos aos sábados.
O longa nos mostra que Selminha é uma frentista que tem a chance de deixar seus dias de pobreza para trás ao descobrir uma herança de família. Mas para conseguir colocar a mão nessa grana, ela terá que cumprir o desafio lançado por seu tio: precisa gastar R$ 30 milhões em 30 dias, sem acumular nada e nem contar para ninguém. Mas, nessa louca maratona, ela vai acabar descobrindo que tem coisas que o dinheiro não compra.
Em sua primeira direção de longas, Pedro Antônio utilizou da mesma fórmula que já trabalha há tempos nas séries da Multishow, e de certa forma não podemos dizer que isso é um erro, pois são programas com grande audiência e que diverte bem o público em geral, porém no cinema o tempo para manter a comicidade é algo maior do que uma esquete, que ao fechar cada episódio ou ir para a propaganda se consegue ter uma quebra e amarrar o público, o que não tem como num filme, pois os 108 minutos estão lá e a segurança é necessária do começo ao fim com poucos momentos para ser desenvolvida. E isso foi a falha principal do filme, pois a história é boa e já deu certo em 1985 com "Chuva de Milhões", que possui o mesmo mote, porém ao exagerar a trama em diversas esquetes para que ficasse sempre engraçada, acabou forçando demais a barra e com isso saímos da popular comédia gostosa quase indo para o apelativo pastelão, que certamente os roteiristas não desejavam atingir. Não digo que o resultado geral é ruim, pois o filme trabalha bem a moral da amizade e também o estilo das comunidades aonde basta a pessoa ganhar um pouquinho de dinheiro que já muda completamente e faz besteiras com o dinheiro, mas faltou deixar isso de um modo mais sútil para agradar.
No quesito da atuação, Samantha Schmütz incorporou completamente o seu papel de Selminha e com toda certeza saiu-se bem com o que fez, porém sempre foi uma artista repleta de exageros, e sem um diretor mais impactante que soubesse a controlar, ela foi somente elevando o tom e sem conseguir parar ficou divertida mas apelativa demais nos trejeitos, e isso não é algo legal de se ver, portanto talvez se um diretor ousasse mais com uma personalidade forte para ela, ainda divertiria sem forçar a barra. Katiuscia Canoro talvez precisasse de um incentivo a mais para seu papel de Luane ou ela sentiu que não tinha mais como atacar para o filme ir para rumos melhores, pois é notável sua segunda fase na trama de uma maneira desanimada demais, claro que o filme mostra motivos para o desgosto da personagem pela amiga e cabe bem dentro do contexto, mas é fato que o desânimo ficou além do que a proposta pedia. Marcelo Adnet apareceu praticamente somente em quatro cenas com seu Falacio, mas foi o suficiente para irritar o público com seus exageros desconexos que somente ele e seu agente acham engraçado, de tal maneira que acaba sendo um personagem que teria muita importância na trama, mas acaba ficando jogado apenas. Marcus Majella e Fabiana Karla foram bem interessantes nos seus papeis e até nos momentos mais bobos acabam divertindo com suas caras e bocas de seus Ulysses e Marilene. Já do outro lado Anderson di Rizzi e Marcelo Mello Jr. acabaram soando como enfeites, e di Rizzi acabou sendo a maior falha do planeta ao aparecer numa festa logo após uma operação sem nem uma faixa operatória nem nada, ou seja, continuísmo 0.
No conceito visual da trama arrumaram locações interessantes, mostraram um bom zelo com objetos cênicos para que o filme ficasse completamente condizente com a ideia de como gastar muito dinheiro em pouco tempo, e com muita certeza a equipe gastou bem mais dinheiro fazendo todo o visual para que tudo ficasse perfeito que acabou esquecendo dos detalhes acima que citei, mas ao menos não podemos reclamar que foi uma produção fraca. A fotografia do longa ficou dentro do tradicional de comédias aonde a iluminação básica não evoluiu nem deu nenhum charme a mais para que pudéssemos discutir tonalidades, e sendo assim também não ouve nada de ousado que merecesse qualquer destaque.
Enfim, um filme com uma boa ideia, mas que falhou em demasia em exageros que poderiam ser amenizados. Claro que está bem longe de ser uma bomba que deva ser evitada, mas também não é nada que fará você rir feito um maluco na sala do cinema, saindo apenas feliz com a diversão proporcionada em algumas cenas. Portanto se você gosta de filmes mais escrachados, é talvez uma boa opção para conferir nos cinemas, mas se não faz esse estilo, fuja rápido para um outro longa que certamente será a melhor opção. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana, então abraços e até breve galera.
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