Junte uma história simples com o folclore regional assustador e pronto você terá um longa de terror sensacional. Já falei isso diversas vezes para os roteiristas que conheço e muitos não levam a sério, pois se funcionou bem para a Irlanda que possui bichões estranhos parecidos com aliens, porque não funcionaria no Brasil que temos tantas lendas aterrorizadoras? Pois bem, se muitos ainda acham que a ideia é ruim, vá para o cinema e confira "A Maldição da Floresta" que combinou seres folclóricos da floresta com a tradicional ideologia de levar embora uma criança, e se você acha que essa simplicidade não vai lhe assustar, adicione um pouco de biologia sobre parasitas hospedeiros, e aí meus amigos é criar a tensão com a iluminação correta e criar uma perspectiva de pânico. Pronto em pouquíssimas palavras resumi completamente o longa que possuiu mais erros na execução (barulho de chuva e nada de água caindo, iluminação de luzes imensas como se fosse o luar, e exageros em cenas que não necessitavam) do que na história e sendo assim o resultado é algo que vai deixar muitos com medo, e principalmente funcionar para quem sabe alguma continuação arrepiante com o conceito de não deviam ter mexido com a floresta que deram já nos créditos. Ou seja, um excelente exemplar de terror que vale a pena ser conferido.
Por questões econômicas, o conservacionista Adam Hitchens aceita um emprego em uma remota floresta na Irlanda, esperando encontrar uma vida nova para ele, sua esposa Clare e seu filho recém-nascido. No entanto, ao chegarem na casa nova, um agricultor com fortes crenças na tradição local o alerta para parar de mexer naquelas terras sagradas. Quando alguém invade a casa dos Hitchens a noite, querendo fazer mal a criança, e a polícia não descobre quem fez isso, o casal vai ter que lutar para proteger seu filho e sobreviver diante de misteriosos seres que habitam aquele bosque.
Se tem uma coisa que me deixa feliz é quando jovens diretores que já fizeram diversos curtas do gênero assumem a direção de um longa apropriado e acertam a mão logo de cara, fazendo de sua estreia no cinema de terror algo primoroso e que certamente lhe abrirá novas portas para que tenhamos mais filmes do estilo com funcionalidade. Digo isso pois muitas vezes vamos conferir um filme de terror e da mesma forma que entramos na sala do cinema, sentamos, comemos nossa pipoca, e saímos da sala como se não tivéssemos visto nada, e as propostas de muitos jovens tem sido a de que você saia horrorizado com algo, preocupado com a situação e claro com medo de algo mesmo que a ideia folclórica esteja a quilômetros de distância de onde você vive. E aqui o jovem Corin Hardly foi preciso tanto na simplicidade de seu roteiro, mas se baseando bem no folclore irlandês e na ideologia biológica de parasitas hospedeiros, quanto na forma de dirigir para que cada cena fosse bem contada e não apenas com protagonistas correndo de monstros (o que certamente poderia ocorrer com uns bichões que aparecem). Claro que sempre temos a tradicional ideia de porquê raios o cara vai entrar ali, ou pior ainda, porque ele vai mexer em algo morto com o filho nas costas, mas temos de lembrar que estamos em um filme de terror e se nada disso ocorrer, o longa acaba com menos de 10 minutos, então os acertos vão fundo e o bicho pega.
Quanto das atuações, Joseph Mawle fez de seu Adam um personagem bem interessante com nuances passando desde o pai amável e bonzinho, indo pro lado mais pesado na correria contra os monstros e até chegando ao desesperador mote da incorporação, trabalhando tanto os olhares quanto as atitudes e vozes para chegar ao ápice do seu encerramento clássico, mas bem feito, ou seja, um ator completo que mostrou aptidão clara para tudo dentro de um longa de terror. Bojana Novakovic ficou inicialmente surpresa demais com o que viu, fazendo caras de susto até mornas demais para sua Clare, porém ao mostrar a força e desespero de uma mãe, botou o olho e a entonação num turbo e saiu desesperada pela floresta agradando demais em todo o contexto. Michael McElhatton foi sinistro demais para o papel de Colm, e fez semblantes fortes demais para uma história mal contada dentro da trama, quem sabe um spin off agradaria para mostrar como sua filha sumiu, mesmo que isso seja mostrado mais para frente, porém o estilo do ator ficou falso demais para crermos nele, e isso é algo que um papel de padre por exemplo agradaria bem mais. Quanto a interpretação de todos os atores que fizeram os Hallows, só tenho de dizer ótima maquiagem e ótima desenvoltura corporal para realmente causar.
Quando acertam na escolha de locações para longas de terror é raro algo atrapalhar, e aqui o casebre no meio de uma floresta monstruosa não só serviu perfeitamente para o mote da trama, como nos faz perguntar que raios a família foi fazer lá (e a jovem moça ainda exclama: parece que estamos acampando!!! Nem por reza iria acampar num lugar desse), e claro que para deixar o filme mais tenebroso ainda, colocaram diversos elementos cênicos velhos, facões, depósitos recheados de coisas estranhas, e uma gosma preta muito estranha que nem a melhor explicação biológica serviria para representar aquilo, mas serviu ao menos para causar tensão. A equipe de maquiagem também deu um show a parte para criar as criaturas estranhas da floresta, que num misto de composições de madeira e gosma ficaram sinistras. E claro que aí vem o Coelho e aponta o maior furo da trama, que ficou a cargo da equipe de fotografia, pois já disse aqui algumas vezes que é melhor pecar por falta de luz num longa de terror do que tentar imitar a luz da Lua de maneira falsa, e aqui diversas vezes o longa parece estar no maior clima de tempestade, e a luz que entra pela janela é mais forte que se eles tivessem em plena Las Vegas, o mesmo ocorre nas cenas de correria na floresta, então é legal vermos os elementos cênicos no meio da escuridão, mas precisam pecar menos nesse quesito, talvez lanternas mais potentes nas mãos dos personagens (ao invés das de diodo fraquinhas) agradariam bem mais, mas nada que tenha estragado o resultado da trama, então apenas um erro técnico chato que só os chatos vão reclamar.
Enfim, um filme bem interessante, com uma ótima proposta e que realmente assusta. Como disse possui diversos pequenos erros, mas que não atrapalham o resultado final e que quem gostar de bons longas de suspense/terror irá gostar muito do que verá na telona. O filme poderia terminar com os caminhões saindo após mostrar a gosma novamente, para dar um ar de continuação que já estaria ótimo, aí me colocam um grito e uma aparição nada a ver no meio dos créditos que até agora estou procurando entender o pra quê daquilo, mas como já era crédito não irei tirar pontuação, apenas dizer que foi inútil. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas hoje ainda verei outros longas, então abraços e até breve meus amigos.
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