Alguns amigos me perguntam o motivo de assistir a todos os filmes que são lançados, pois temos algumas bombas que com toda certeza devemos (e podemos) fugir para não ficarmos traumatizados com o resultado final, e minha resposta é simples, preciso ter parâmetros para quando aparecer uma bomba dizer o quão ruim ela é, e que tipo de explosão fará. Digo isso, pois classificar "É Fada!" como um filme ruim é fácil, difícil é entender o quão ruim ele é, e os motivos que levaram o longa a ficar assim, pois temos romance adolescente que sempre dá ibope e agrada, temos elementos fantasiosos que costumam dar um tom engraçado, tem palavrões mascarados que costumam divertir, e até tem animaizinhos fofos que sempre fazem o público se emocionar, então aonde está o erro? Simples juntar tudo num pacote sem rumo e querer que dê algum resultado. E quando você acha que já chegou ao fundo do poço já que já sentiu a água, vem alguém ainda e te afunda a cabeça cantando (Essa fadinha, essa fada, essa fadona) em ritmo de funk-pop, leia rápido a música e entenderá o dilema. Portanto amigos, caso você não queira sair traumatizado do cinema, vá ver outro filme, ler um livro ou até mesmo ficar em casa, pois não vale o preço da pipoca.
A sinopse do longa nos mostra que Geraldine é uma fada que perdeu suas asas por utilizar métodos pouco convencionais em suas missões. Sua última chance para recupera-las será a missão Julia que foi criada somente pelo pai, com muito amor e poucos recursos. Depois de anos, a mãe retorna e passa a questionar a educação de Julia. Eis que surge Geraldine para ajudá-la a vencer os preconceitos e estabelecer novas amizades. Mas Geraldine continua atrapalhada e Julia logo descobrirá que nem todas as fadas são iguais.
A diretora Cris D'Amato já fez longas bem interessantes e bem acertados como "S.O.S Mulheres ao Mar 1 e 2", "Linda de Morrer" e até "Confissões de Adolescente", e sendo assim sabe trabalhar bem o mundo juvenil e até adulto que costuma consumir os longas nacionais, até aí tudo bem, mas acredito que dessa vez o dinheiro fez mais sua cabeça, pois para dirigir essa ideia maluca do filme nem um diretor iniciante colocaria tantos absurdos juntos em um único filme. Não digo que a ideia é ruim, pois se analisarmos bem a história completa poderia agradar como um conto de fadas adolescente aonde uma fada ajuda o relacionamento escolar e familiar de uma garota, mas jogaram tanta coisa em cima da trama, junto com um teor tão infantil que nem em sonho vão conseguir fazer algo pior no Brasil, e olha que saem diversos longas por ano que tentam essa façanha. Outra coisa completamente inútil, olhando agora para o lado mais técnico é o exagero de cenas correndo para o mundo das fadas e para a cidade, parecendo que o botão da câmera quebrou e precisamos acelerar tudo para parecer que a fada está voando de lá pra cá e de cá pra lá, ou seja, técnica precisa ser pensada antes de executar.
Agora vamos falar da grande bomba, ou melhor dizendo, das atuações do filme, e claro que para começar temos de falar da protagonista Kéfera Buchmann, uma youtuber que tem se dado muito bem na internet com seus vídeos, e que nesse populismo das distribuidoras colocarem "pessoas da mídia" para dublar personagens e ganhar assim ao menos uma publicidade "gratuita" para seus filmes pegou ela para algumas animações e viram que a jovem que é atriz e cantora também serviria para atuar em um filme dela, e claro que com 7 milhões de assinantes em seu canal já garantiriam um bom retorno para o filme, pois bem, espero realmente que os 7 milhões vejam o filme, pois senão a chance de ninguém mais ver é altíssima, já que a atuação que entregou para sua Geraldine é algo completamente forçado, cheio de miquices atrapalhadas e em momento algum (ou melhor dizendo apenas na cena final, antes da música) ela conseguiu demonstrar ter uma expressão definida para empolgar, ou seja, fizeram um filme para ela somente pelo dinheiro que podem arrecadar, pois se fossem esperar algo dela, estariam pegando qualquer outra atriz para o papel. A jovem Klara Castanho até soou bem expressiva em alguns momentos com sua Julia, e a jovem tem personalidade clara para segurar boas cenas e pode ser que mais para a frente mostre um talento maior. Mariana Santos até tentou parecer perua com sua Alice, mas longe de dar qualquer conselho como mãe, pois cada cena que pareceu se importar ficava pior ainda no estilo, a atriz até tem um potencial na interpretação, mas está bem longe de agradar com um papel nesse naipe. Silvio Guindane até fez um bom pai para a jovem e soube dosar a emoção nas cenas que precisou, mas como o foco familiar ficou bem distanciado na maioria dos momentos, o ator foi mais enfeite de cena do que serviu para algo. Dos demais personagens, todas poderiam se dar muito bem em cena, afinal como disse no começo, a diretora já dirigiu diversas adolescentes e certamente saberia dosar os ânimos da escola, caso o filme ficasse mais dentro desse âmbito, mas é raro achar alguma boa cena dentro de todas as jovens, somente valendo o momento confissão de Bruna Griphão com sua Verônica dentro do banheiro.
Um dos pontos positivos da trama, se é que dá para achar algum, foram as locações escolhidas para desenvolver a trama, pois temos uma escola bem interessante para filmes, uma mansão num estilo que ninguém odiaria ficar ali (mesmo com uma mãe estranha), um apartamento grudado num viaduto que deu um charme interessante para a casa da jovem, mas que deve ser impossível dormir direito com todo o barulho (e eu ainda reclamo do barulho do meu ar-condicionado), e claro que até mesmo a floresta encantada da fada ficou com um ar bem montado para um filme que desejasse funcionar passando por lá, ou seja, mais bons elementos que soltos funcionariam, mas que no filme acabou sendo bagunçado demais para agradar.
Durante todo o longa fiquei pensando, nossa escolheram boas músicas para acompanhar as cenas, e mesmo o filme estando chato demais para acompanhar, a questão musical estava me agradando, daí vem subir os créditos e como diria alguns Pah! na cara, vem um funk maluco cantado pela própria protagonista usando o duplo sentido da letra (Essa Fada, Essa Fadinha, Essa Fadona) que se lermos rapidamente vira (É Safada, É Safadinha, É Safadona), ou seja, algo completamente desnecessário, que me fez esquecer qualquer outra boa música que estava tocando antes.
Enfim, é um filme que não vale o preço do ingresso, e com certeza valeria a menor nota do site, mas como minha irmã (a qual ficou me azucrinando para ir ver o quanto antes esse filme, pois seria o último da semana) disse, assim como a protagonista do longa te dá três opções para escolher de suas mágicas, também lhe darei 3 coelhos no filme, e digo mais você que está lendo tem no mínimo 3 milhões de outras opções de filme para ver, ou pelo menos 3 outras coisas boas para fazer ao invés de ir ao cinema conferir "É Fada". Fico por aqui agora, mas vou indo para o cinema conferir alguma outra coisa que preste para apagar esse terror da minha mente.
1 comentários:
Então estava ansiosa para ver o filme pois achei q fosse ser um romance bonitinho com uma fada maluquete mas tinha muito assunto p pouca história .
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...