Um detalhe que vamos sempre repara quando vamos conferir alguma comédia é se ela vai nos divertir ao ponto de fazer rir, ou se somente iremos sorrir com alguns absurdos e cenas espaçadas, pois é fato que toda comédia é feita para rirmos dela, mas alguns diretores/roteiristas acabam deixando as boas piadas tão soltas que seu filme fica parecendo um programa humorístico com esquetes jogadas que acontecem e inventam alguma mistura para ligar elas sem que nada acabe envolvendo e dando liga. Com "Gênios do Crime" temos bem essa situação, e o que é pior, praticamente todas as piadas já apareceram antes no trailer sem quase nenhuma novidade para impressionar durante a projeção, ou seja, até damos uma risadinha aqui, outra acolá, mas ao final parece que o filme não nos divertiu como deveria, e a temperatura do forno nem chegou a aquecer a tela de tão fraco que é o resultado. Não sei se a história real aconteceu dessa forma mesmo, mas se foi assim, tão idiota foram os criminosos quanto o FBI na forma de encontrar todos.
O longa nos mostra como Dave Ghantt, guarda noturno de uma companhia de carros blindados no sul dos Estados Unidos, organiza um dos mais ousados assaltos a banco da história norte-americana. Mesmo sem ter experiência e contando com a ajuda dos colegas mais atrapalhados, ele consegue roubar 17 milhões de dólares.
Ainda estou tentando procurar um culpado para o filme não atingir o nível que poderia, pois podemos acusar tanta gente que a responsabilidade coletiva fica até dividida. Inicialmente volto a frisar que o longa é apenas baseado na história de um dos maiores roubos absurdos da história dos EUA, mas que termina com a prisão do jovem no México, então todo o floreio artístico ficou a cargo de três mãos (Chris Bowman, Hubbel Palmer e Emily Spivey) e em parte a bagunça pode ser pelo excesso de ideias que não se conectaram bem e viajaram demais por rumos indecisos. Um segundo culpado seria o diretor Jared Hess que por ter um estilo de humor mais próximo de absurdos, acreditou que o exagero abstrato caberia bem dentro da proposta do texto e acabou deixando alguns personagens tão estranhos que ficamos nos perguntando pra que fazer isso, e infelizmente a resposta não vem durante a projeção, pois tudo parece jogado na tela. E aí nessa bagunça jogada entra um terceiro (ou quarto, pois são duas pessoas) culpado(s), que claro junto do diretor, acabaram editando o filme de uma forma simples e esquisita, aonde nenhuma surpresa ou gag mais impactante acabou acontecendo, deixando para que o público ria ou apenas se conforme com as situações, o que não é muito legal de ver. Ou seja, sendo bem crítico com toda a situação, acredito que até "Zorra Total" já fez com que eu e diversos outros espectadores rissem mais do que com o que o longa nos proporciona, claro que no filme temos mais técnica que no programa de TV, mas apenas como uma boa referência.
E felizmente se podemos dizer que alguém tentou salvar a pátria foram os atores, pois todos mesmo que tendo personalidades estranhíssimas para compor as ideologias dos seus personagens, acabaram até saindo-se bem e divertindo na medida do possível com o texto que lhes foram entregues, ou seja, a nota do filme só não foi pior devido todos terem dado o seu máximo. Zach Galifianakis como sempre é um ator divertido, mas seu Dave ficou uma aberração completa no quesito visual (ao final quando mostrado o verdadeiro personagem, imaginei diversos atores para o papel, menos ele) e isso afetou até um pouco seu estilo, pois suas comédias são mais diretas, sem muita reflexão, o que aqui o texto aparentemente pedia, e sem darem para ele a possibilidade de abusar mais com o personagem, acabou travado, e por alguns momentos, até chato demais. Owen Wilson certamente ainda está procurando notas fiscais para declarar o que fez pela trama, pois seu Steve foi quase um enfeite cheio de caras e bocas do começo ao fim, tendo somente três cenas mais impactantes para mostrar que sabe ser incisivo na forma de dialogar, e isso é um furo imenso dentro de tudo o que fez no filme. Kristen Wiig inicialmente deu uma personalidade bizarra, porém sensual para sua Kelly, e depois caiu em depressão completa fazendo caras tão tristes que praticamente transformou sua comicidade em animadora de enterros, ou seja, se esforçou para agradar, mas nem com muita força conseguiria isso. Jason Sudeikis mesmo impondo um certo ar de terrorista para seu Mike foi o grande nome da trama, divertindo com seu estilo de assassino, mas principalmente pelo uso certeiro do chamariz de nomes que certamente foi um plágio em forma de piada para o famoso "Marta" de "Batman vs Superman", e com isso ele foi quem mais divertiu em todas suas cenas. Leslie Jones fez uma detetive imponente e até soou engraçada nos seus poucos momentos mais fortes, porém são rápidos e diretos demais para criar alguma conexão maior dentro do longa. Agora o grande destaque negativo ficou a cargo de algo completamente assustador e que vai fazer muita gente ter pesadelos com a interpretação que Mary Elizabeth Ellis fez de sua Michelle, pois chegou a ser impactante não pela qualidade, mas pela expressão dura de quase 100 quilos de Botox com mais algum produto muito ruim de tão encerada que a personagem ficou.
O conceito visual da trama não é algo que também podemos jogar tantas pedras, pois os anos 90 foram bem retratados, e principalmente a ideologia da equipe de mostrar um cara simples e abobalhado virar um ladrão ficou bem coerente, porém não necessitava ter tantas cenas com escatologias para tentar divertir, sendo a da piscina a pior de todas, dentre várias que ocorreram, e sendo assim o filme apela demais em elementos cênicos desnecessários que sendo simplistas já envolveriam e chamariam toda a atenção. Destaque positivo claro para o carro com porta de madeira, e os videocassetes gravando imagens. A equipe de fotografia quis dar um tom amarelado para deixar o filme com um semblante mais antigo e até acertou bem no estilo, porém muito amarelo não causa felicidade e isso ajudou o longa a não ter tanta comicidade como poderia.
Enfim, é um filme que tinha uma boa proposta, mas que errou em tantas coisas que fica bem difícil recomendar ele para alguém, e mesmo pontuando tudo de bom que o filme tem, acredito que no trailer 90% já foi mostrado, ou seja, tem outros bons filmes passando no cinema, e esse pode ser facilmente deixado de lado. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto de alguma das estreias que faltam conferir, então abraços e até breve pessoal.
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