A Disney tem trabalhado de uma maneira seus personagens para que sempre possa conseguir vender outros tipos de produtos, e dessa maneira seus filmes andam ficando mornos demais para conseguir envolver e cativar as pessoas somente com uma trama. E isso não é algo legal de se ver no cinema pois acaba criando mais expectativas do que realmente o filme tem o objetivo de atingir. Dessa forma, "Meu Amigo, O Dragão" acaba sendo até um filme bem gostoso de ver, mas que acaba falhando no conceito de causar uma emoção mais real nas pessoas, deixando o filme um pouco frouxo demais para que seja lembrado futuramente, mesmo que o final possa sugerir uma continuação mais forte e impactante. Claro que vai vender muitas pelúcias do fofo dragão que já parece uma pelúcia gigante verde, mas poderiam ter feito o público se emocionar mais com a história, pois o filme certamente tinha perspectivas e mote para isso.
O longa nos mostra que menino Pete foi encontrado numa floresta, onde viveu por seis anos. Ele revela que sobreviveu com a ajuda de um amigo muito especial, um dragão, Elliot. Agora, a criatura é vista como um perigo e a amizade entre eles é ameaçada.
Quando se mistura animações junto de pessoas reais costumam falhar principalmente na elaboração de um contexto que se encaixe todos sem atrapalhar o andamento, e principalmente que os atores saibam bem para onde olhar para que o filme não fique falso demais, afinal não teria como arrumar um dragão para as filmagens, e sendo assim o diretor David Lowery conseguiu manter bem os pés no chão nas cenas que tiveram um maior envolvimento e postura, porém ao trabalhar uma história infantil que possui uma essência comovente, e que poderia ser determinante para comover tanto adultos quanto crianças, ele foi singelo e até infantil demais, fazendo com que seu longa ficasse numa tonalidade bem próxima de um livro que pais leem para as crianças, e bem longe de outro longa que certamente poderia chegar bem próximo que é "História Sem Fim". Não digo que teríamos uma história tão cheia de nuances, personagens impactantes, nem que se tornaria um clássico, mas certamente a trama ficaria mais condizente com o que realmente desejavam mostrar, ainda que fosse uma releitura do original de 1977.
Um dos maiores defeitos da trama se deve à falta de carisma dos personagens durante o decorrer da trama, pois logo na primeira cena de encontro do dragão com Pete já pensei: "esse filme vai me fazer lavar o cinema", porém nos demais momentos tudo acaba ficando singelo demais para empolgar e apenas flui com atores digamos fracos para seus devidos papeis. O jovem garotinho Oakes Fegley acabou tendo uma responsabilidade grande para si, pois ser protagonista em um filme de aventura já é algo complexo, ainda tendo de se expressar praticamente sem nada então, e dessa forma seu Pete até soa bonitinho e bem interessante, mas funciona somente nas cenas junto do dragão, pois quando entra em contato com a civilização acaba sendo simplório demais e não agrada como deveria. Bryce Dallas Howard já mostrou em outros filmes que possui uma personalidade forte e que gosta de chamar atenção logo de cara quando aparece nos filmes, mas ao cair num personagem mais meigo como é a sua Claire, ela acabou floreando demais sua bondade e soou apática demais para agradar, o que não condiz com o que o filme pedia, claro que teve bons momentos, mas passou longe de mostrar um serviço mais eficiente. Robert Redford praticamente fez uma participação especial de três cenas com seu Meacham, e tirando a cena do caminhão que mostrou uma dinâmica mais favorável, no restante foi mero enfeite cênico. Mas teve ainda alguém que ganhou o prêmio abajur de cena e foi menos usado ainda no longa que Redford, ficando a cargo de um ator de alto escalão que é Wes Bentley, e aqui com seu Jack quase apareceu duas vezes e disse talvez 10 palavras no máximo, e que sequer vamos lembrar dele no filme daqui algumas horas, o que é uma pena imensa, pois certamente ele poderia agradar mais. O "vilão" Gavin interpretado por Karl Urban até teve algumas cenas mais impactantes e bem trabalhadas, porém faltou castigar mais os protagonistas para que ficássemos realmente com raiva dele, de tal maneira que na cena do maior conflito quase acabamos ficando amigos dele novamente. Para finalizar é claro que tenho de dar um pequeno destaque para Oona Laurence que conseguiu trabalhar sua Natalie para ser um bom elo entre a família e o garotinho, e com uma doçura bem colocada acabou chamando atenção até demais, quase deixando o protagonista de lado.
No conceito visual temos antes de mais nada dizer o quão bem feita foi feita a computação gráfica do dragão, pois como disse pareceu uma pelúcia gigante, e era exatamente o que o diretor desejava quando deu sua entrevista, mas mais do que isso, as texturas utilizadas foram tão bem feitas que quase sentimos os pêlos passando pelas nossas mãos quando o personagem está em cena, e isso é algo que fazia muito tempo que a Disney vinha tentando acertar a mão e não conseguia, ou seja, a perfeição computacional em quesito de texturas está bem perto de ser atingida para que não precisem mais de animais em cena. Dito isso, todo o trabalho da equipe foi bem encaixado dentro de uma floresta bem fechada, aonde puderam trabalhar sombras e perspectivas, e além disso acertar bem nas cenas feitas na casa bem simples dos protagonistas com elementos cênicos clássicos para dar um tom mais retrô e ainda conseguir deixar o filme bem feitinho. Usando quase que 100% de iluminação natural aproveitando o sombreamento que as árvores lhe deram, a equipe de fotografia pode ousar mais nos tons que mais escuros, para que a equipe computacional encaixasse bem o personagem do dragão, e sendo assim não temos nada de muito inovador, nem para dar um ritmo mais forte, nem para comover como tanto desejava, mas felizmente não largaram borrões em cena, como muitos filmes com computação costumam deixar. Sobre o 3D, novamente temos mais um longa lançado que usa a tecnologia como enfeite, pois tendo grandes cenas de voo, imersão em árvores, e cenas bem dinâmicas, o filme certamente poderia criar diversas perspectivas com a tecnologia, porém a conversão só foi usada para vender ingressos mais caros, pois não temos sequer uma cena que possamos falar que o óculos serviu para algo, ou seja, vá para as salas 2D e economize.
Enfim, um bom filme que certamente poderia ser ótimo e agradar bem mais do que o que foi feito, e dessa vez acredito que possamos culpar o diretor por não ousar mais, afinal a Disney certamente apoiaria um longa mais envolvente, e não apenas um filme feito para vender poucos bonecos. Ou seja, é uma produção que pode ser assistida em casa num Domingo que não tiver nada mais para se fazer, que soará bonitinho e vai servir para passar algumas horas, mas que quem não estiver muito afim de ver pode pular tranquilamente. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, pois ainda faltam três filmes para conferir, então abraços e até mais.
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