Pela primeira vez quero dar uma recomendação antes de irem ao cinema, pois se puderem rever o filme de 2014 "Ouija - O Jogo dos Espíritos", certamente a ideia que "Ouija - Origem do Mal" vai passar será algo completamente diferente, pois se você lembrar quem é quem no longa original, a trama fica tão interessante de ver, que como o subtítulo em inglês, e felizmente em português também, diz aqui apenas nos é contada a história de como a garotinha virou aquela assombração do primeiro filme e o que ocorreu para que sua mãe e irmã chegassem também aos pontos que acabam não sendo explicados do primeiro filme. Portanto, assim como disse de "Sobrenatural 2" que acabou sendo fraco, mas funcionando perfeitamente como um complemento para o primeiro filme, aqui temos o mesmo exemplo de ideia, pois não temos um filme assustador, que vai fazer você ficar sem dormir e tudo mais, possui claro algumas cenas tensas que até dão um arrepio de leve por nos pegar desprevenido, mas no geral a ideia toda é mais interessante e propenso para ser explicativo num contexto maior (que caso desejem ainda dá para voltar mais ainda no tempo e ver como eram as cenas que ocorriam na casa - o que seria um filme completamente diferente da proposta do jogo). Ou seja, veja o filme, reveja o anterior e claro junte os dois que o resultado vai ser bem melhor do que apenas ir ver esse solto, pois quem está fazendo isso só verá clichês jogados e acabará odiando o longa. Detalhe, quem quiser esperar até o final dos créditos possui uma das cenas icônicas do primeiro filme, aonde a protagonista se passa por sobrinha para visitar uma senhora idosa num hospital (isso não é um spoiler, apenas ajudará a entender mais os fatos).
O longa nos situa nos anos 60, e nos mostra que Doris é uma garotinha solitária e pouco popular na escola. Sua mãe é especialista em aplicar golpes em clientes, fingindo se comunicar com espíritos. Mas quando Doris usa um tabuleiro de Ouija para se comunicar com o falecido pai, acaba liberando uma série de seres malignos que se apoderam de seu corpo e ameaçam todos ao redor.
Assim como fez no primeiro filme, o produtor Michael Bay gastou bem pouco para fazer um filme interessante (talvez nesse tenha gasto um pouco mais para dar um tom de época mais coerente) e vai ganhar muito dinheiro em cima do produto final. Digo isso, pois o diretor Mike Flanagan ("O Espelho", "O Sono da Morte") não é daqueles que trabalha bem com o conteúdo completo, pois gosta de dosar cenas duras com outras leves e até trabalhar bem cada momento, e em longas desse gênero, quando se faz esse estilo de jogada acaba recaindo diversas vezes para clichês clássicos e até mesmo não levando para lugar algum. Porém volto a frisar que o filme não funciona sozinho, e que quem for ver ele sem ao menos lembrar um pouco do anterior irá se decepcionar por demais, e assim sendo, posso dizer que o roteirista Jeff Howard ("O Espelho", "O Sono da Morte") junto do próprio Flanagan foi a pessoa mais esperta do mundo, para poder trabalhar cada momento e juntar bem as duas partes, pois certamente ocorreria diversos erros desconexos e que além de não ser um longa aterrorizador, acabaria sendo falho em conteúdo. Portanto a junção de um produtor experiente e que não costuma perder dinheiro, com um diretor que sabe trabalhar bem, mas que não é ainda genial, com um roteirista bem dinâmico e que conhece bem o tema, não tem como dar errado, e sendo assim o filme acaba agradando quem gostou do primeiro filme, e vale a pena ser assistido.
Sobre as interpretações, assim como no primeiro filme, as atrizes fizeram poucas expressões que chamassem atenção, claro que tirando os efeitos em cima da garotinha com aberturas imensas de boca e entortamentos corporais que nenhuma pessoa normal faria, mas tirando esses detalhes todos soaram bem superficiais para com "o mal" e não vemos sequer alguém correndo dos espíritos malignos para termos uma expressão mais realista de medo. Sendo assim Lulu Wilson deu para sua Doris uma personalidade bem característica das crianças que fazem filmes de terror, ou seja, um semblante limpo, calmo e disposto para ser manipulado digitalmente, e isso é algo ruim, pois poderiam ter deixado a jovem mostrar uma dinâmica maior que agradaria bem, mas acabou ainda assim saindo melhor que as demais. Elizabeth Reaser não mostrou expressividade nem quando sua Alice fica sabendo a verdade que está acontecendo com sua filha, fazendo caras de "ué, o que está acontecendo?", e mesmo nos momentos de desespero ficou apática demais, claro que por estar fazendo uma "vidente" poderia achar tudo muito natural, mas falhou demais nesse conceito. Annalise Basso foi a que mais caiu dentro de uma coerência com sua Lina, pois trabalhou no estilo certo das cenas que mostram a juventude cheia de hormônios, se desesperou nos momentos tensos e foi corajosa para encarar os momentos mais precisos, e claro que por isso o resultado final dela é o mais perfeito de ver. Assim como no primeiro filme, os personagens masculinos são meros enfeites, e aparecem apenas para morrer com mais classe, de tal maneira que Parker Mack tentou ser charmoso com seu Mikey, e Henry Thomas até teve algumas cenas mais dialogadas com seu Padre, mas nada que chegasse a impressionar.
No contexto visual, a casa poderia ter sido mais usada para funcionar dentro da trama, pois quando realmente é revelado tudo o que ocorreu lá no passado, temos uma cena tensa e já acabamos com o filme, e sendo assim passar tudo apenas num quarto, numa sala de escola, e numa mesa ficou fraco demais para chamar a atenção que a trama merecia, ou quem sabe amarram tudo para ter mais um filme, o que não é de se duvidar. Porém embora seja tudo bem simples, o contexto de época, juntamente com bons figurinos acabaram funcionando e até sendo simbólicos com os poucos elementos cênicos. A fotografia trabalhou bem com as cenas mais escuras, para claro pegar o pessoal desprevenido com aparições e sons altos, mas além disso também soube usar velas e outros elementos bem encaixados para não precisar usar de iluminação falsa que atrapalhasse o visual em si, ou seja, um resultado bem feito dentro do contexto técnico.
Enfim, um filme que volto a repetir, funciona como complemento do outro longa, não trazendo nada de muito original, mas que agrada dentro dessa proposta. Poderia ser algo muito mais assustador e trabalhado, porém foram céticos em acreditar que poderiam ir além, e assim sendo optaram por trabalhar as resoluções mal-resolvidas do primeiro filme. Portanto se você viu o longa em 2014 e achou que faltava detalhes, aqui vai saber muito mais sobre as assombrações, e vai até gostar do que verá, mas se você não acredita em nada disso, e não viu o anterior, passe longe da sala, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a crítica da outra estreia da semana que veio para o interior, então abraços e até mais.
PS; Até poderia dar uma nota menor, mas como funciona como complemento e até é bem interessante de ser assistido, irei dar a mesma nota do primeiro filme.
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