Como sempre digo, existem várias formas de ver os longas de super-heróis, e sem dúvida alguma a melhor de todas é ir sem expectativa alguma, sem pesquisar praticamente nada e acabar conhecendo o personagem junto da exibição de seu longa, pois a chance de se empolgar com o que é mostrado, ou até mesmo com a empolgação do público na sala é muito maior. E com "Doutor Estranho" essa foi sem dúvida a melhor das sensações, rindo nos momentos cômicos, ficando com tontura nas cenas no melhor estilo de "A Origem" e se empolgando com as boas lutas. Claro que não é um filme que você coloque dentro dos melhores filmes já vistos por ser primeiramente uma grande apresentação do personagem e sua formação, que com certeza será bem mais desenvolvida nos próximos longas da Marvel, porém ainda assim agrada demais e o resultado final é interessante por misturar diversos elementos fantasiosos misturando concentração de lutas com um lado mágico bem psicodélico. Ou seja, um filme ágil, divertido e que por não ser alongado agrada do começo ao fim, e que quem tiver qualquer problema de tontura deve passar bem longe das sessões 3D, senão a chance de sair bem zonzo da sala é altíssima pelos ótimos efeitos visuais.
A sinopse do filme nos mostra que Stephen Strange leva uma vida bem sucedida como neurocirurgião. Sua vida muda completamente quando sofre um acidente de carro e fica com as mãos debilitadas. Devido a falhas da medicina tradicional, ele parte para um lugar inesperado em busca de cura e esperança, um misterioso enclave chamado Kamar-Taj, localizado em Katmandu. Lá descobre que o local não é apenas um centro medicinal, mas também a linha de frente contra forças malignas místicas que desejam destruir nossa realidade. Ele passa a treinar e adquire poderes mágicos, mas precisa decidir se vai voltar para sua vida comum ou defender o mundo.
É estranho ver um diretor de filmes de terror ir para o mundo fantasioso dos heróis, mas depois que James Wan provou o gostinho do gênero de ação se dando muito bem, e que já está indo para um de herói também, não tenho dúvidas que outros grandes nomes também se arrisquem no estilo. E sendo assim Scott Derrickson trabalhou bem com um estilo próprio de ação, mas claro sem fugir do estilo Marvel de filmes, colocando piadas em quase todas as cenas, trabalhando a inserção de seus personagens num Universo completo de heróis e até mesmo criando perspectivas claras para que o filme fluísse numa velocidade boa para não destoar nem deixar nada jogado de lado. Um dos pontos mais fortes do diretor foi usar e abusar dos efeitos visuais que usando da tecnologia 3D deixará muita gente com tontura nas salas maiores, e o ponto negativo mais impactante com toda certeza o feitio do acidente que fez o médico ficar com suas mãos debilitadas, pois foi algo rápido e jogado demais, que até passa uma mensagem interessante para propaganda de acidentes de carro, mas foi tudo exagerado e sem muito propósito feito numa dinâmica quase que "vamos resolver rápido que tem coisas melhores para mostrar", e isso num filme inicial do personagem acabou meio estranho demais. De certo modo o diretor acertou mais do que errou, e sendo assim pode ser que continue num próximo filme do Universo Marvel. Um detalhe que muitos vão reclamar é claro, é o fato de que muito da base do personagem dos quadrinhos foi mudado para o filme, mas volto a frisar que quadrinho é quadrinho, livro é livro, e cinema sempre vai ser algo adaptado para que funcione melhor no estilo, mesmo que para isso seja feita diversas modificações. Como não sou um conhecedor a fundo da ideologia dos quadrinhos, vou preferir não ficar citando detalhes alterados, mas que mudaram muita coisa, com certeza mudaram.
Sobre os atores é fato claro que Benedict Cumberbatch não erra, transformando qualquer papel que pegue, mesmo que seja de alguém que aparentemente não iríamos com a cara, fazer com que virássemos muito fã, e seu Strange, assim como outro herói da Marvel, é muito arrogante e se acha demais no começo da trama, de tal maneira que fica quase impossível torcer para que ele se dê bem, mas com o passar das cenas vamos nos apegando, principalmente pela boa atuação, que entre boas piadas e boas cenas de luta, ao final já nos vemos bem amigos dele torcendo para o que venha fazer mais para frente, e claro vamos torcer para que o ator trabalhe mais os trejeitos sérios, que deram um charme a mais para o personagem. Rachel McAdams caiu muito bem para o papel da Dra. Palmer, primeiro pela beleza que agrada demais, e depois pelos ótimos sustos que tomou com as visões fantasmagóricas, de tal maneira que ficou algo muito real não parecendo que assustou atuando, mas sim pega desprevenida pelo ato em si, o que demonstrou uma ótima dinâmica da atriz. Chiwetel Ejiofor é daqueles atores que vamos acostumando com o estilo e sem dúvida alguma tem crescido demais no mercado hollywoodiano, fazendo interpretações fortes e interessantes de serem observadas, e com certeza não seria um mero ajudante com seu Mordo, claro que falar mais sobre isso seria muito spoiler, mas como sei que muitos irão pesquisar sobre o personagem do Doutor Estranho, lá fala quem é o personagem, portanto fiquem nas poltronas até o último crédito, pois são duas cenas pós-créditos (uma logo após o término do filme) e outra após subir todas as letrinhas. Benedict Wong fez um personagem com seu nome mesmo, e mesmo aparecendo pouco, seu Wong ganha no carisma e na personalidade gostosa que foi trabalhada, ou seja, vamos torcer para que ele volte no próximo filme também. Tilda Swinton é uma atriz bem eclética, que não entre um filme bem autoral e um mais popular consegue agradar sempre e chamar a responsabilidade quando lhe entregam um papel de renome, e claro que com sua Anciã não seria diferente, pois a atriz colocou personalidade e alma na atuação, criando momentos incríveis para que a personagem lutasse bem e também quebrasse paradigmas com o estilo de oratória. Agora falar de vilões é algo sempre bem complexo, pois se o ator não for impactante com suas maldades, dificilmente vamos torcer para ele (ou socar o protagonista quando gostamos muito dele, ou para apanhar até cansar quando odiamos), e sendo assim, Mads Mikkelsen fez um Kaecilius meio estranho, com maquiagem demais e interpretação de menos, tendo até bons momentos de luta, mas nada que empolgasse, além claro de sua história acontecer rápida demais para que conhecêssemos melhor ele.
Agora sem dúvida alguma o ponto mais forte do longa ficou a cargo da equipe de arte computacional, pois é fato que pelo menos 50% do longa foi gravado nas telas verdes e depois todo o trabalho se deu para com a equipe de computação para criar os maravilhosos cenários invertidos, espelhados e afins, claro que os atores tiveram de ficar pulando para todo lado nas lutas, mas o resultado completo só viram após o longa ser editado, e sendo assim, o resultado foi algo brilhante de ver na telona, com prédios se retorcendo, paredes caindo e invertendo, janelas para todos os lados, de tal maneira que perdemos completamente as referências de quebras de eixo, e se o diretor fez isso passou certamente despercebido, já que na segunda virada já nem sabemos qual lado mais é real. Além disso, a trama também prezou por boas locações reais, como Hong Kong, Londres e Nepal, aonde escolheram locais clássicos para as filmagens de maneira que tudo fosse reconhecido rapidamente e tivesse o mesmo tom da trama. E ainda foram bem perspicazes na concepção de diversos elementos cênicos clássicos das HQs do personagem para reforçar o elo entre os quadrinhos e o cinema, principalmente no que condiz aos armamentos dos protagonistas. Por ser um filme bem computacional, a equipe de fotografia foi bem esperta para não utilizar tons que costumam falhar muito em filmes desse estilo, como o verde e o azul, então temos muitos tons marrons, vermelhos e roxos para que a dinâmica funcionasse e ainda criasse diversos panoramas, e assim sendo o clima de tontura com as inversões ficou ainda mais forte. Entrando nesse detalhe, é fato que mesmo sendo um longa que foi convertido para 3D após as filmagens, o longa teve um grande feito de profundidade e que claro funcionou muito bem na telona Imax, pois como temos a imagem saindo do chão até o teto, as diversas cenas com tudo se retorcendo acabou ficando com diversas camadas, e que fará muita gente sair tonta ou com dor de cabeça da sala, e claro que sendo assim o resultado de pagar mais caro para ver o filme com a tecnologia vale a pena.
Enfim, é um filme bem bacana, que empolga bastante, mas que como disse acima teve alguns defeitos que deixaram ele longe de ter uma nota maior, principalmente pelo vilão fraco e pelo acidente falso e rápido demais, mas tirando esses detalhes é um filmaço que merece ser visto na melhor sala possível para empolgar e se divertir com tudo o que é mostrado. Volto a frisar que a trama possui duas cenas pós-créditos que darão a ligação do personagem possivelmente no próximo longa da Marvel, e também mostrando um próximo vilão do Dr., ou seja, fiquem sentadinhos e confira tudo, pois vale a pena. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia dessa semana aqui no interior (sniff), então abraços e até mais pessoal.
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