Elis

11/25/2016 12:42:00 AM |

Se tem um gênero que fica interessante de qualquer forma no cinema é o tal do biográfico musical, pois funciona bem tanto para quem nunca soube da história do cantor, quanto para quem quer apenas curtir mais as músicas do astro de uma maneira diferenciada para lembrar da sua juventude ou algo que lhe remetem as canções. Digo isso principalmente aqui em "Elis", por não abusarem da nossa ideia colocando a atriz para cantar com o vozeirão que a cantora tinha, deixando apenas que dublasse nos momentos cantados e que interpretasse com a melhor entonação possível para que parecesse nas demais cenas, o que é um ponto muito positivo. E o filme ao trabalhar bem o período do despontamento da cantora até sua morte é bem interessante, e até bem feito, porém abusaram demais das épocas certinhas bem divididas até com leves fades de mudança (o que provavelmente vai facilitar os cortes quando o longa for exibido como série) e isso acaba incomodando um pouco, mas nada que chegue a ser inconveniente. Ou seja, vale bem pela boa incorporação que a atriz dá para a personagem, para ouvir boas músicas e para conhecer mais sobre a vida tumultuada que teve.

O longa nos mostra que cantora desde a infância, Elis Regina Carvalho Costa entra na vida adulta deixando o Rio Grande do Sul para espalhar seu talento pelo Brasil a partir do Rio de Janeiro. Em rápida ascensão, ela logo conquista uma legião de fãs, entre eles o famoso compositor e produtor Ronaldo Bôscoli, com quem acaba se casando. Estrela de TV, polêmica, intensa e briguenta, a "Pimentinha" não tarda a ser reconhecida como a maior voz do Brasil, em carreira marcada por altos e baixos.

Estreando na direção de longas, Hugo Prata que já dirigiu dois DVDs da filha de Elis, Maria Rita, soube trabalhar bem os momentos mais icônicos da vida da cantora, mostrando com dinâmica sua chegada ao Rio de Janeiro, suas brigas iniciais com o produtor Ronaldo Bôscoli, seus momentos na TV, a apresentação de grandes shows, alguns relacionamentos e claro também seus momentos de baixa como na ditadura tendo de cantar para os militares e sendo crucificada por outros artistas, seus momentos com bebidas e drogas e por aí vai, ou seja, um material bem pesquisado e que aprovado pelos filhos o resultado que o roteirista Nelson Motta entregou ficou fácil e interessante de ver, que com boa caracterização cênica souberam entregar um filme simples e bem feito. Como disse acima o maior defeito do longa foi o dele já ter sido feito pensado como série, pois é fácil notar as divisões na trama para mostrar as várias fases da cantora, e isso em filme seria bem diferente de acompanhar, mas não acredito como sendo um erro, pois o resultado funciona bem, e mostra que o diretor teve um carinho correto com a produção para que cada momento fosse encaixado corretamente, principalmente nas dublagens para que não soasse falso.

Nunca tinha colocado reparo em Andreia Horta, mas seu trabalho aqui como Elis foi tão bem trabalhado, cheio de trejeitos clássicos que vimos já em documentários e vídeos antigos da TV que por vários momentos sentimos a presença da cantora na tela, e sem forçar muito para dar vida à personagem, a atriz conseguiu ter diversos momentos envolventes e que fizeram (ao menos para mim) parecer alguém que merece muitos bons papeis na carreira, pois tem carisma e boa interpretação. Muitos vão falar das boas nuances de Gustavo Machado como Ronaldo Bôscoli, que até caiu bem dentro da personalidade malandra do produtor, outros vão comentar o jeito dócil e interessante que Caco Ciocler entregou para Cesar Camargo Mariano, que somente no final acabou exagerando nos trejeitos forçados de explosão, mas sem dúvida alguma temos de dar um parabéns monstruoso para a caracterização que fizeram com Lúcio Mauro Filho para que ele sendo um ótimo ator com uma interpretação incrível fizesse de seu Mièle algo que pensássemos numa possível reencarnação do produtor musical, e sem dúvida alguma o jovem ator mostrou uma personalidade tão boa que em um possível filme ou documentário sobre a vida dele certamente será convocado novamente. Vale também pontuar a boa caracterização e a ótima interpretação de Julio Andrade com seu Lennie Dale, que praticamente ensinou a cantora como ser mais expressiva, e o ator deu um show de trejeitos e movimentações,

Sobre o visual da trama é fato falarmos que escolheram muito bem as locações, primeiro para conseguir representar os velhos ambientes dos anos 60/70/80, e depois já que mostram programas de TV e shows que muitos viram, tiveram de ser críveis na exemplificação dos momentos para que nada saísse do detalhamento. Não sei se as casas que Elis morou realmente foram utilizadas para representar a produção, mas arrumaram bem a decoração para que o ambiente representasse bem as duas épocas de sua vida. Além da representação cênica, outro grande acerto da trama ficou a cargo do desenvolvimento artístico para caracterizar os personagens, pois todos atores ficaram muito parecidos com os personagens originais, e isso é algo bem legal de ver o trabalho de uma equipe brasileira encarregada disso. Outro grande ponto positivo ficou a cargo da equipe de fotografia, pois trabalharam muito com luzes em contraplanos para criar ambientes intimistas tanto nas cenas de diálogos, quanto nos shows, o que deu um visual incrível de observar.

Enfim, um filme que vale a pena ser visto, mas que infelizmente por contrato, é capaz de nem ficar muito tempo em cartaz já indo para a TV como minissérie, ou seja, quem quiser ver a forma original deve correr. Recomendo ele mais para conhecer a cantora do que como um grande filme do cinema nacional, pelos pequenos defeitos na formatação que poderia ser mais envolvente. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até logo mais.

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