É estranho ver um senhor com mais de 60 anos lutando pelo mundo afora, mas isso é comum nos países orientais, e é claro que Jackie Chan que há muito tempo vem fazendo isso da melhor forma nas telonas não deixaria que a idade lhe atrapalhasse de estar à frente de um novo filme batendo e coreografando suas lutas para que tudo fosse o mais real possível, mesmo que soasse até bizarro demais o estilo das lutas para o público que for conferir "Fora do Rumo". Usando do próprio título em português, podemos dizer que o longa acabou saindo um pouco fora do rumo usual que uma trama pudesse funcionar com ação, lutas e ainda ter uma história completa que envolva o público e agrade pelo contexto que deseja mostrar. Ou seja, o filme tem de tudo um pouco, mas ao mesmo tempo que não tem nada, e assim nem o trailer chama a atenção e muito menos a sinopse acaba levando o público para as salas de cinema, de tal maneira que o longa só ficou em cartaz por uma semana (ao menos no interior).
O longa nos mostra que Bennie Chan é um detetive de Honk Kong que, inconformado com a morte de seu parceiro, faz de tudo para encontrar o homem responsável por sua morte. As coisas se complicam e a jovem que criou, filha de seu amigo, acaba sequestrada pelos criminosos. Para recuperá-la e desmascarar o criminoso que ameaça seu emprego, sua vida e a da jovem que é sua única família, Chan aceita se juntar com um atrapalhado e inescrupuloso apostador norte-americano, Connor Watts.
Chega a ser até difícil falar sobre o filme, pois o diretor Renny Harlin acabou misturando tantas coisas em um único filme sem atingir nenhum grande ápice que ao final não sabemos se ele desejava uma comédia ou algum tipo de ação policial, pois podemos assistir ele pensando das duas formas e ao mesmo tempo em nenhuma, e nessa bagunça completa acabamos nem empolgando com a ação da trama e nem rindo de piadas e situações que foram mais jogadas do que expostas. O conteúdo da história poderia vir a ser uma série interessante, pois como a dupla passa por diferentes locais durante o tempo de tela, poderiam explorar mais cada país e cada cultura dali, não sendo apenas uma apresentação rápida momentânea, e muito menos deixar apenas a bagunça tradicional que Knoxville costuma fazer, ou seja, o filme possuía um conteúdo tão gigante para ser trabalhado, que os roteiristas mais brincaram com tudo, num misto inicial de HQ, depois deixando um âmbito policial, indo para rumos cômicos com luta e finalizando até com uma leve pitada dramática, ou seja, algo tão confuso que fica difícil analisar o que realmente queriam nos mostrar.
Sobre as atuações, temos muitos atores tentando aparecer e fazendo algumas caras até que interessantes, porém com certeza o foco total ficou em cima das lutas coreografadas de Jackie Chan, que até chegam a brincar em determinado momento com sua falta de expressão facial, pois sempre está com a mesma cara, e aqui seu Bennie não é diferente, trabalhando bem pouco com a dinâmica interpretativa dos textos e deixando que os movimentos falassem bem mais do que ele, e assim como qualquer outro filme seu, no começo é divertido de ver, mas como já está um pouco velho para ter agilidade, muitos momentos acabaram soando falsos demais. Johnny Knoxville é daqueles atores que até tentam fazer coisas diferentes, mas acabou se marcando demais em "Jackass" e quando no filme faz diversas bizarrices de sair rolando em um barril, ter partes do corpo apertadas por máquinas e tudo mais, só ficamos nos remetendo a seus vídeos malucos, e com isso quando tenta fazer algo mais expressivo com seu Connor, acabamos olhando e vendo quase que alguém se esforçando para parecer normal, o que não acontece, e sendo assim não agrada. Bingbing Fan fez de sua Samatha quase que uma personagem que surge, some, e surge novamente, pois no começo faz uma aparição até que marcante, e depois esquecemos dela, para no final voltar, o que é algo muito estranho de ver em um filme, pois acaba parecendo que a atriz falhou, e nos seus momentos ela não demonstrou tantas falhas para isso. A lutadora de WWE, Eve Torres acabou agradando bem nos momentos de luta com sua Dasha, mas de certa maneira tudo acaba soando artificial demais para empolgar, e quando precisou falar então, era melhor terem colocado um personagem mudo para ela.
Quanto do conceito visual, a trama passa por lugares interessantes e que até agradam de serem vistos, por exemplo nas cenas no deserto, na Mongólia e até mesmo nas corredeiras deram um show visual, mas nos momentos dentro da fábrica, ou até mesmo nas finais nos navios, tudo soou tão artificial que por um certo momento pensei se tratar de computação gráfica, mas após mostrar os erros de filmagem nos créditos, podemos ver que foram realmente filmados ali, ou seja, a equipe de arte acabou exagerando um pouco na quantidade de elementos cênicos e forçando um pouco para mostrar uma certa realidade, e poderiam ter sido mais sutis como fizeram nos locais que fiz questão de destacar. Por termos muitas cenas de luta, a fotografia usou iluminação dura sem muitas sombras, afinal qualquer deslize nas coreografias poderia atrapalhar tudo, então temos um filme com um tom bem único que não empolga, e esse é um dos defeitos mais fortes na falta de uma dinâmica mais coesa para ser seguida.
Enfim, um filme fraco que poderia ser completamente diferente e agradar bem mais, porém sem muita inspiração o resultado acabou frouxo e não pegando o público como deveria. Ou seja, quem for do interior e quiser mesmo assim arriscar a ver tem de correr, pois ficará em cartaz bem pouco, mas não é nada que se deva desesperar, pois não compensa o crime, pois com certeza não recomendo perder tempo vendo ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica, mas já começo nessa Quarta mesmo com as estreias da próxima semana, então abraços e até breve.
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