Filmes de ação policial geralmente possuem um molde bem definido que você acaba até se divertindo por saber exatamente em que ponto da trama irá acontecer cada coisa. Não digo que isso seja algo completamente ruim, mas como gostamos de um pouco mais de originalidade, pedimos ao menos que os diretores coloquem algum detalhe diferenciado em algum momento, ou que nos surpreenda em algo para podermos falar bem daquilo, ou até mesmo que não fique tanto em cima do muro com as situações, mas pedir tudo isso é quase um sonho, então "Jack Reacher - Sem Retorno" não só não mostra novidade alguma, como abusa de todos os trejeitos possíveis do gênero, e pra ajudar ainda fica bem morninho dentro da dinâmica toda que poderia alcançar. Não digo que é um filme que dê sono, muito menos que não seja bacana de assistir, afinal diria que é até um pouco melhor que o primeiro filme "O Último Tiro", mas ainda assim como falei ao fechar o texto dele, vai ser daqueles filmes que vão passar uma tonelada de vezes na última sessão do domingo na TV, e deitado no sofá você irá decidir se vai continuar curtindo ou irá dormir, o que no cinema não é algo interessante de se fazer.
Jack Reacher retorna à base militar onde serviu na Virgínia, onde pretende levar uma major local, Susan Turner, para jantar. Só que, logo ao chegar, descobre que ela está presa, acusada de ter vazado informações confidenciais do exército. Estranhando a situação, Reacher resolve iniciar uma investigação por conta própria e logo descobre que o caso é bem mais pessoal do que imaginava.
O fato do longa ser bem calmo é fácil de observar pelos demais longas que o diretor Edward Zwick dirigiu, como "Lendas da Paixão", "Amor e Outras Drogas", e até mesmo em "O Último Samurai" e "Um Ato de Liberdade" são menos agitados do que se esperam de longas de guerra/ação, mas aqui ele trabalhou com uma síntese bem própria ao pegar o roteiro de Richard Wenk ("O Protetor") e dar uma nova roupagem quase que com a mesma história, apenas invertendo o pano de fundo, e isso é interessante de observar, pois geralmente o primeiro tratamento de um roteiro costuma sofrer muitas mudanças quando caem em outras mãos, e aqui vemos quase a mesma história que Wenk entregou alguns anos atrás. Volto a frisar que não é ruim se amparar em outros longas, desde que a criatividade de um diretor/roteirista consiga mostrar serviço e adequar para que seu filme flua e agrade (de preferência mais que o longa baseado) a todos. Mas relevando esse ponto da cópia exagerada que foi entregue, o que podemos ver em suma é que o diretor foi direto ao ponto, trabalhando bem com a dinâmica protagonista aparece, secundários ficam bem para trás, pois é raro não estar em cena Tom Cruise, e mesmo nas cenas mais tranquilas que não precisaria aparecer sua figura, algum elemento dele acaba aparecendo, ou seja, se a história literária é baseada no personagem, não vamos precisar apresentar mais ninguém e muito menos que esse alguém desponte, e assim sendo, o resultado para Cruise (que é também o produtor do longa) é satisfatório por marcar sua imagem e voltar para quem sabe um papel icônico quase de um super-herói da vida real (se é que ele é real pelo tanto que apanha e continua bem!)
Sobre as atuações, como já disse acima o filme focou completamente no personagem título, e com isso Tom Cruise com seus 54 anos mostrou disposição para lutar, correr e claro ser bem pensativo nas cenas mais cadenciadas de seu Jack Reacher, claro que o ator começa a mostrar que não tem mais o grande pique de sua juventude, mas ainda trabalha bem na expressividade e agrada pelo seu jeito canastrão menos forçado que outros atores da sua época. Cobie Smulders é uma atriz interessante que colocaram compostura demais na personalidade de sua Major Turner, de tal maneira que (dando um leve spoiler) você vai aguardar o longa inteiro por um romance mais afetuoso e irá embora decepcionado por não ver nada muito a fundo entre os dois protagonistas, o que mostra um acerto por parte do diretor de querer que a atriz ficasse bem mais próxima de um elo militar do que um romance cheio de doçuras. Danika Yarosh fez bem sua Sam e deu um ar mais fraternal na trama, colocando em xeque sempre a pergunta "é ou não filha do protagonista?", e claro que dentro do clichê máximo do estilo, sempre estava apta para fazer cagadas nas cenas mais calmas para que os vilões voltassem a seguir eles, ou seja, fez bem o dever de casa para manter a trama sempre ocupada. Patrick Heusinger fez um caçador daqueles que chegam a ser inconvenientes de tanto perseguir os protagonistas, e claro que vamos torcer pro mocinho socar ele ao máximo no fim, pois esse estilo de personagem só serve para duas coisas: incomodar o público com sacadas forçadas e apanhar do protagonista, mesmo que possa dar um tiro fácil é claro que vai partir pra porrada. Dos demais personagens todos aparecem bem pouco e acabam tendo ligações leves dentro da trama, mas poderiam ter dado mais importância tanto para o papel de Aldis Hodge com seu Espin que caiu bem nos momentos certos, como para Robert Knepper como general Harkness, pois ao final ele é o mais importante da trama e acaba sendo quase um enfeite durante o longa quase inteiro.
Um fato claro que diferencia esse longa do anterior é a economia artística, pois se no primeiro desenvolveram a ação em mais lugares e trabalharam as locações com maior dinâmica, aqui focaram poucos momentos, em lugares menores (vou preferir dizer que o Carnaval/Halloween de Nova Orleans é algo tradicional que nem conto como um cenário) e com perspectivas mais fechadas para desenvolver um clima mais cadenciado do que uma aventura forte característica de outros filmes de Cruise, mas ainda assim tivemos boas cenas, e isso é o que faz de uma direção de arte um trabalho efetivo. Detalhe que as paredes poderiam ser mais rígidas, pois ficou claro o efeito isopor quebrando na cena de pancadaria. No conceito fotográfico a trama trabalhou bem com locações escuras para criar um clima mais tenso em algumas cenas, mas nada que seja um deslumbre visual de tons, o que acabou faltando para termos cenas mais quentes e impactantes como uma boa ação pediria.
Enfim, é um filme razoável que vai agradar quem gosta de ver Tom Cruise e claro curte um longa bem levinho de ação policial. Claro que não posso dizer que vou recomendar ele para todos, pois certamente os amantes de um longa dinâmico, cheio de pegadas e explosões vai sair da sessão rindo ou bravo por ter cansado com tudo o que é mostrado, mas vale um tempinho assistindo em casa, ou até mesmo no cinema se não tiver outra boa opção passando, para rir dos clichês tradicionais, e principalmente quem gostou do primeiro filme vai achar esse bem melhor. Bem é isso pessoal, esse foi apenas o primeiro filme da semana, que vi antes graças ao pessoal da Difusora FM 91,3MHz que trouxe para nós essa sessão antecipada, então valeu galera, estamos juntos sempre pra divulgar e curtir o som rock'n roll, e volto em breve com as demais estreias da semana, então abraços e até mais galera.
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