Chega a ser difícil falar algo de "O Amor de Catarina", pois chamar de cinema amador um projeto desse estilo chega a ser uma ofensa tanto para a palavra cinema (pois temos quiçá uma tentativa frustrada de ter uma paródia de novela mexicana), quanto para os profissionais que buscam com criatividade e pouco orçamento fazer algo que faça jus ao cinema independente e que com boas propostas até conseguem agradar em alguns momentos. Digo isso com um grande pesar, pois ultimamente tenho somente falado bem de boas produções nacionais que vinham numa grande crescente, mas hoje ao estar sozinho na sessão do longa (ainda bem que mais ninguém gastou dinheiro vendo isso, somente eu) me vi reclamando em alto e bom som a cada nova cena desnecessária, a cada câmera chacoalhante sem nenhuma linguagem proposital, a cada expressão exagerada numa tentativa de fazer os carões das novelas mexicanas, a cada tentativa de reviravolta sem conseguir atingir ao menos a sequência correta, ou seja, falei o filme inteiro, e se tivesse mais alguém na sessão faria ao menos um debate, pois esse é daqueles filmes que se a pessoa assistir quieta demais, ela dorme de marasmo ou por não conseguir assistir até o fim com tanta coisa ruim, acaba indo embora da sessão.
A sinopse nos mostra que Rose é uma dona de casa que sempre idealizou sua vida com uma família perfeita. A realidade, no entanto, é muito diferente. Seu casamento está em completo descompasso e sua filha lhe nega qualquer tipo de atenção. Em meio a essa situação nada ideal, Rose encontra alento em lembranças que cultiva em uma caixa de sapatos e na companhia de sua vizinha e melhor amiga, Dolores. Ambas acompanham assiduamente a telenovela “O Amor de Catarina”, sucesso nacional, que retrata a história de Catarina, que vive um turbulento relacionamento com um marido possessivo e que a cada episódio assume mais o controle de sua vida graças a sua personalidade forte e independente.
Fiquei pensando um motivo de o longa ser tão bagunçado, e ao ver que foi escrito por 5 pessoas, chego à conclusão que o diretor Gil Baroni pegou todas as ideias, jogou num liquidificador, fez os diversos storyboards e saiu para filmar, pois a ideia se levarmos em conta toda a perspectiva, o baixo orçamento e tudo o que poderia ter virado num resultado final mais satisfatório, até poderia ter um rumo mais coeso, mas a cada 5 a 10 minutos, um novo relance era revirado sem muito nexo e jogado literalmente na tela, sem se preocupar com nada, nem atingindo lugar algum. Ou seja, a velha história de lapidar um roteiro até chegar realmente numa proposta condizente geralmente é relevada por alguns diretores, e muitos apenas pegam os textos que lhe são entregues e filmam, o que acaba sendo um grande fracasso, e este aqui é um dos maiores exemplos de como é fácil errar, mesmo trabalhando bem no restante da produção.
Falar das atuações é algo que aqui temos de pontuar bem, pois faltou tanto uma atitude maior do diretor para controlar os momentos, quanto também temos de pontuar que todos sem exceção falharam por exagerarem em trejeitos. Para começar, Greice Barros ficou parecendo que foi escolhida aleatoriamente entre a primeira mulher que apareceu num shopping com cara de mulher triste para interpretar Rose que tinha esse perfil, pois posso estar criticando alguém que mais para frente irá deslanchar, porém aqui chegou a ficar num nível abaixo de ruim para ser a protagonista da trama. Ciliane Vendruscolo fez uma Dolores bem colocada dentro da proposta, mas parecia desesperada pelos seus momentos. Muitos ironizaram por ser mais um filme de Kéfera Buchmann, mas sua Catarina é o menor problema do longa, pois fazendo uma atriz de novela bem estilo das tradicionais forçadas mexicanas, ela soou bem e nos poucos momentos encaixou dentro do que poderia, e fez o certo, mas nada que seja ainda impressionante de esperar dela. Do grupo masculino Maicon Santini fez seu Gonzales da forma mais caricata possível, e embora isso possa parecer ruim, foi até engraçado de ver, enquanto |Rodrigo Ferrarini fez um Julio meio desorientado e estranho de ver, mas sem dúvida alguma Luiz Bertazzo foi o que mais se perdeu dentro da ideia do longa que o diretor desejava, e fez um Pedro completamente jogado e forçado.
Com certeza boa parte dos 180 mil reais gastos ficaram por conta da cenografia do longa, principalmente por montar todo um cenário grande de novela, outro lotado de elementos para as cenas do teatro, e mais diversos elementos para as duas casas e salão, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho até bem desenvolvido, mas acabou se perdendo em excessos, o que nunca é bom para nenhum filme, pois talvez detalhes simples chamassem bem mais a atenção e acabaria resultando em algo menos enfeitado. Agora um dos pontos mais falhos do longa ficou a cargo do diretor de fotografia e claro do câmera, pois faltou iluminação na maioria das cenas, deixando o longa exageradamente escuro, e com tons errados para cada momento (tirando claro as cenas da novela que foram filmadas a parte), e o câmera certamente tinha Parkinson e não deveriam ter optado por tantas cenas com câmera na mão, pois não fluiu nenhum tipo de linguagem e destruiu os momentos razoáveis do longa com o tanto balançar que teve.
Enfim, um filme que não recomendo de forma alguma nem pro meu pior inimigo gastar dinheiro, pois o excesso de falhas é fora dos padrões aceitáveis em uma produção. Já disse que não gosto de falar mal de diretores/produtores brasileiros, pois posso certamente trabalhar com algum deles num futuro, mas espero sinceramente que em outras produções dos envolvidos técnicos desse longa eles melhorem muito, senão a chance de sumir do mapa é alta. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha semana cinematográfica, pois mudaram o horário de uma das estreias não sendo exibido mais nessa semana, então volto na próxima Quinta com mais textos, então abraços e até breve.
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