Sabe aqueles filmes que ficam o limite do aceitável para não ficar ruim, mas que se fosse melhorado em pequenas pontas seria um filme para ficar na história do gênero? Com toda certeza "O Quarto dos Esquecidos" se enquadra perfeitamente como um bom exemplo desse grupo de filmes, pois se analisarmos a fundo o horror de uma mãe que perdeu o filho pequeno, e para se curar do trauma acaba descobrindo outras histórias parecidas, o lado psicológico pode até aflorar e desenvolver diversas possibilidades com as ideias de doenças possíveis de se enquadrar na mente de uma pessoa assim, porém o filme desejou ficar preso somente em sustos (ruins) e não deixou que aflorasse o teor psíquico que a trama poderia alcançar, e nessa fuga de estilo, acabou deixando tantas pontas soltas quanto clichês inimagináveis espalhados a cada virada de câmera do longa. Ou seja, um filme razoável que até poderia empolgar, mas que assim como quase ocorreu com minha sessão hoje, o filme muito em breve será como seu nome, esquecido.
O longa nos mostra que Dana e David formam um casal marcado por um trauma recente. Eles decidem sair da cidade grande e mudar-se para uma área rural junto do filho Lucas. Dana pretende usar seus conhecimentos como arquiteta para reformar a nova casa e superar as dores passadas, até que ela percebe a existência de um quarto escondido, que não constava na planta. Perguntando para moradores locais, descobre que muitas casas da região tinham um cômodo destinado a ocultar segredos de família.
Chega a ser divertido a oscilação de temas que o diretor D.J. Caruso trabalha, pois faz um longa de ação, depois pula para um drama, daí vai para uma ficção científica, e agora até tentar as vezes no terror anda atirando. Não digo que isso seja ruim, mas acaba soando estranho e até difícil de ver o acerto acontecer, tanto que os erros mais pertinentes da trama soaram pelo estilo clássico de não inovar em nada e abusar de cenas clichês, filmadas prontamente para dar sustos, ou seja, o diretor pegou um roteiro básico de Wentworth Miller, deu uma ajustada para filmar e fez o básico na tela também, pois as cenas até soam de certa forma tensas pela tentativa de um espírito ficar preso em uma casa, mas a ideia é muito frouxa para ser crível e interessante de assistir. Ou seja, um filme cru perto da possibilidade aonde a ideia original poderia atingir.
Acostumei tanto a ver Kate Beckinsale como vampira (aliás semana que vem ela volta a seu papel mais icônico), que vê-la de forma comum, claro que mentalmente perturbada com sua Dana é algo meio incomum de assimilar, mas a atriz sabe criar trejeitos, segurar a dramaticidade da personagem e até mesmo parecer aflita com a ideia completa, mas faltou incorporar mais momentos iguais teve dentro do quarto na sua primeira entrada e juntar com o momento da mesa com os amigos nas demais cenas, pois aí sim ela teria dado um show de interpretação. Mel Raido entregou um David mais fraco que já vi na vida, pois um pai de família que apenas brinca com os filhos sem trabalhar chega até ser chocante para a mulher do mercadinho e também mostra um certo teor de tentativa de mostrar algo diferente do usual, mas ele é tão enfeite de cena no filme inteiro que por bem pouco não esquecemos dele. O jovem Duncan Joiner caiu bem na personalidade de Lucas, mas o garoto é tão mal aproveitado que chega a dar dó de suas cenas espalhadas. Ainda estou me perguntando o motivo das cenas de Lucas Till como Ben, pois aparece para ajudar na construção, faz alguns serviços e soa tão fraco que ficamos nos perguntando apenas se na cena que a protagonista some, se foi sair com ele, pois é a única explicação plausível para colocarem o ator no longa. Dos fantasmas, vale apenas pontuar realmente a interpretação séria de Gerald McRaney como Judge Blacker, pois seus semblantes foram bem interessantes, mas faltou um pouco mais de dinâmica para agradar nas suas cenas.
A ideia visual assim como o conteúdo é básica, pois arrumaram uma casa abandonada no meio do nada (ainda fico me perguntando que ser iria após um trauma morar mais isolado do mundo possível numa casa assim), cômodos de madeira rangente, espelhos, quadros estranhos, roupas de época e claro muitos objetos anormais espalhados por todo o lado, parecendo que a pessoa se mudou e continuou sem arrumar a casa. Ou seja, o trivial de um terror, porém o quartinho foi bem interessante de ver a concepção, que por mais simples que seja, funcionou bem para mostrar a situação sofrida das pessoas/crianças indesejadas numa época atrás, e isso sim foi feita uma pesquisa interessante, que mostrada através de documentos e livros, deu um certo charme para a trama. Embora seja clichê, achei falta de um tom mais escuro já que o filme se tratava de um terror, pois o longa foi trabalhado com bastante claridade, diversas cenas durante o dia e até trabalhando num tom bem tênue para acalmar os ânimos, e assim sendo, diria que o diretor de fotografia acabou se perdendo com o que desejava fazer, ou lhe passaram coordenadas bem erradas.
Enfim, um filme que não é ruim, mas está anos luz de ser bom, porém a ideia original é interessante, e como disse bem horrível de se pensar, portanto um diretor melhor, de terror realmente, teria feito esse filme algo para sair da sala arrepiado com o que seria mostrado. Portanto diria que não recomendo a trama, mas que certamente quem ver e analisar os pontos positivos irá dar a mesma nota que a minha. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até mais.
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