A adolescência é uma fase que ou você ama ela ou odeia, sendo algo bem raro alguém que fique no meio do caminho com as descobertas emocionais e o desenvolvimento do corpo, e quando falamos de filmes que envolvam essa temática, são casos raríssimos que saem da mesma proposta, uns trabalhando mais o lado emocional do primeiro amor, outros mexendo mais com o lado emocional da coisa em si, e agora ultimamente tem aparecido um pouco mais envolvendo a temática homossexual nessa época que muitos definem em bom tom de "aborrescência", e que ultimamente tenho concordado bastante com essa denominação. Não digo de forma alguma que "Heartstone" seja um filme ruim, mas ficou parecendo algo que já vimos diversas vezes, com outro estilo de acabamento e que a cada cena já vamos preparados para tudo o que vai acontecer, o que acaba sendo um grande inconveniente, mas talvez com uma pegada mais aprofundada o longa nos mostre um pouco mais da vida no campo das crianças em países com baixa população, e um clima bem diferente do que estamos acostumados.
Em meio a um pequeno vilarejo de pesca na Islândia dois adolescentes ficam amigos. Thór e Christian passam a viver turbulentas experiências no verão. Enquanto um deles tenta conquistar o coração de uma garota, o outro descobre que está desenvolvendo sentimentos pelo amigo. Quando o verão acaba e o rigoroso inverno atinge o país, eles precisam assimilar a vida adulta.
Estreando na direção de um longa, o islandês Guðmundur Arnar Guðmundsson foi categórico na seleção dos jovens e deixou seu filme com um estilo diferenciado, por termos jovens de diversas idades, mas todos dentro da faixa que compreende a adolescência, e se fazer um longa de estreia já é algo complexo, imagina colocar junto diversos jovens na fase mais maluca de suas vidas! Ou seja, certamente o diretor teve milhares de problemas com personalidades diferenciadas, com decisões do que fazer, e claro que com isso a estética do longa ficou um pouco prejudicada, pois ele precisou entregar algo mais básico. Digo isso pois com toda certeza muitos mudariam o vértice da trama na cena que eles estão no penhasco, afinal ali sim o longa tende a ir para um diferencial mais trabalhado e que renderia frutos imaginativos inimagináveis na cabeça do público, mas como o filme não é nosso, o diretor optou por desenvolver brigas familiares de pais separados e como os filhos lidam com isso, colocou as aparições dos primeiros pelos e como os jovens lidam com isso, colocou as primeiras relações, e as determinadas formas de amizade, colocou brigas de pequenos com os quase adultos, e claro que colocou o ciúmes em pauta, ou seja, tudo o que poderíamos esperar de um filme do estilo. Portanto temos quase uma "Malhação" islandesa na telona, claro que com vertentes mais artísticas e elaboradas, mas que facilmente será esquecido muito em breve, ou talvez citado quando virmos novamente outro longa desse estilo, afinal sempre tem um novo diretor querendo mostrar tudo isso novamente.
Com um elenco bem jovem e que provavelmente fez sua estreia nos cinemas, o longa possui diversos defeitos de expressões, mas que não incomodam tanto quanto a temática, e sendo assim temos de pontuar que os dois protagonistas Baldur Einarsson e Blær Hinriksson, respectivamente Thor e Cristian foram bem colocados e criaram boas dinâmicas de amizade e ao trabalhar bem os olhares principalmente mostraram que podem com certeza ter um bom futuro dentro do cinema. Não posso dizer o mesmo das garotas, pois mesmo sendo aparentemente mais maduras que os garotos, Diljá Valsdóttir e Katla Njálsdóttir pareciam bem perdidas na trama com suas personalidades jogadas sempre para fazer um certo charminho cênico. Do elenco mais velho, Sveinn Ólafur Gunnarsson como pai de Cristian, e Søren Malling como Sven são os destaques em pequenas cenas no meio dos jovens.
Coloquei uma pergunta para os amigos responderem, e volto a colocá-la aqui no site, pois acabei ficando intrigado com isso: Temos algum filme que mostre cidades agitadas, urbanas e com características mais marcantes na Islândia? Pois esse já é o quarto ou quinto filme do país que só mostram áreas rurais ou litorâneas, com uma população minúscula que vive de criações de animais e pesca, e enfrentam um frio forte que mexe com as emoções das pessoas! Ou seja, a direção de arte acabou trabalhando dentro dessa perspectiva, claro que escolhendo muito bem locações marcantes para a proposta, com destaque para o estábulo e o penhasco, mas que funcionou mais para uma simbologia maior dentro da trama, e pouco para um visual realmente expressivo, e claro que temos de pontuar também a doca, aonde começamos e terminamos com o famoso e feio peixe-pedra. Tenho de falar também da fotografia intimista que o diretor optou trabalhar, sempre com a câmera bem proximal dos protagonistas, luzes mais detalhadas que acabaram tendo até alguns deslizes com sombras, mas que dentro da proposta até que acabou funcionando razoavelmente.
Enfim, um filme que muitos vão até se apaixonar pelo tema, alguns vão se identificar ao relembrar de sua adolescência, mas que diria como filme algo totalmente dispensável, pois é mais uma obra mostrando mais do mesmo, portanto não recomendo ele, mesmo tendo bons momentos e um teor artístico interessante. E sendo assim, encerro minha participação na Itinerância da Mostra Internacional dessa semana (não conseguirei conferir os longas do Domingo), mas volto na próxima terça com mais textos dos da próxima semana, e claro que amanhã já volto com as estreias normais dessa semana, então abraços e até breve pessoal.
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