Não lembro quando foi a última vez que vi um longa sul-coreano, mas certamente foi algo completamente diferente de um ataque zumbi num trem em movimento! Digo isso, pois o que vemos em "Invasão Zumbi", embora possa parecer semelhante à qualquer outra produção do estilo, seja pelo trailer, pelo pôster, ou até mesmo pela temática, acabamos vendo um filme que consegue misturar um bom tom de terror com suas cenas sangrentas e zumbis famintos, uma certa dramaticidade bem encaixada com os pensamentos filosóficos de isolamento comuns em países asiáticos, pontuar boas lutas espaçadas, e ainda ter uma boa dose de comicidade com personagens correndo a milhão para pegar o trem, zumbis bobos que se perdem no escuro, entre muitas outras coisas divertidas. Ou seja, um filme que conseguiu juntar um pouco de tudo no último dia de cinema do ano, divertindo, fazendo pensar, deixando um pouco tenso, e claro saindo satisfeito de ver um bom feitio num ambiente tão pequeno e cheio de possibilidades que conseguiram passar, valendo conferir mesmo que seja apenas para dar algumas risadas da dublagem, afinal não quiseram nos dar a graça de assistir falado em coreano.
O longa mostra que um surto viral misterioso acaba deixando a Coréia em estado de emergência. Como um vírus não identificado se alastra pelo país, o governo Coreano declara lei marcial. Todos que estão no trem expresso para Busan, uma cidade que defendeu com sucesso o surto viral, deverão lutar por sua própria sobrevivência!
Chega a ser interessante finalizar o ano com um filme desse estilo, pois o longa está sendo vendido como um terror assustador, e com isso as sessões tendem a ficar menos lotadas, mas a melhor forma de classificação é como um longa de ação bem violento, pois a ideia de sobrevivência é tão grande quanto qualquer outro filme, e o diretor/roteirista soube deixar o tom tenso para ter um ar macabro, colocou bons momentos de muito sangue, mas nada que vá fazer você sair chocado da sala de cinema. Claro que como disse no começo temos doses bem separadas de todos os estilos, e chega a ser interessante incorporar cada um por um instante, mas nos vemos em instantes conversando com os personagens, torcendo pra personagem morrer logo, e por aí vai, ou seja, ficamos conectados com a produção (imensa por sinal pela grande quantidade de atores) e o resultado acaba sendo melhor do que o esperado, embora exista exageros demais que poderiam ser amenizados, principalmente nas cenas de corrida e luta.
Diferente do que costumo fazer, não vou ficar falando de ator por ator, pois primeiro escrever os nomes de cada ator coreano mais o nome do personagem acabaria ficando uma linha pra cada um, e esse não é o objetivo, e segundo por nenhum ator ter feito nuances fortes de expressão que realmente valesse falar individualmente, e principalmente, por o longa ter vindo apenas dublado para a maioria das cidades brasileiras, acaba ficando difícil distinguir se o erro da entonação versus expressão corporal é do ator ou do dublador. Portanto vamos analisar assim, temos o pai da criança, no caso o protagonista-mor da trama que poderia ser bem menos arrogante, pois chega a ser irritante a forma que vê a vida e as nuances que acaba fazendo, mas seu ponto de virada acaba funcionando e agrada (mesmo que de modo bem falso) num contexto geral. A criança embora seja curiosa como toda criança, acaba sendo boba e fora de um eixo de pensamento crível, pois nas cenas mais tensas está lá toda observante no meio dela, logo em seguida numa cena de apenas discussão fica com medo, ou seja, ficou perdida demais. A grávida é a versão ninja melhorada de Tom Cruise, pois consegue correr em altíssima velocidade, pular escadas, andar no maleiro e tudo mais com uma barriga imensa, ou seja, só faltou lutar para poder ser contratada para o próximo "Missão Impossível". O marido da grávida é daqueles brucutus que não levam desaforo para casa, saem na mão sem motivo, e claro tendo um motivo correr enrolar as mãos e sair na pancada, pois está pronto para isso. As velhinhas foram bem bonitinhas para ter um tom amistoso e bonito dentro de um semblante dócil, mas funcionaram melhor nas cenas finais por tudo o que fizeram. Os adolescentes jogadores de beisebol foram românticos e interessantes de ver, mas faltou uma pegada mais clássica para funcionar melhor, porém mesmo assim a cena do vagão cheio de zumbis amigos do time ficou bem interessante de ver, pela grande dúvida do que fazer. E claro para fechar com chave de ouro, temos de ter o senhor antipático que quer salvar sua vida ferrando com a vida dos demais, e sem dúvida alguma suas frases foram bem mais duras na versão legendada, pois a forma de expressão do ator foi algo de cortar o coração nos diversos momentos.
Mesmo com vagões idênticos é interessante ver o nível da produção colocando diversos figurantes virando zumbis assassinos bem diferenciados que mesmo soando até de forma tosca pelo jeito de andar e atacar, acabando funcionando bem como contexto cenográfico, fazendo com que cada vagão ficasse diferenciado pela quantidade e/ou qualidade de cada zumbi ali, e além disso, a equipe trabalhou bem os espaços para que o filme não soasse falso, afinal com toda certeza não gravaram tudo dentro de um trem, mas souberam dosar bem os ambientes para que tudo ficasse bem interessante de ver, com uma quantidade bem bacana de elementos cênicos em cada momento. Além disso, nas cenas externas fizeram um bom desastre, criando cenas de terror e luta como poucos filmes hollywoodianos costumam fazer. As boas sacadas de escuro/claro usando de túneis e luzes piscando ficaram interessantes tanto pelo contexto dos zumbis não enxergarem no escuro, quanto pela tonalidade de tensão que o longa acabou tomando, ou seja, um trabalho simples, mas muito bem executado.
Enfim, é um filme bem feito, interessante, mas que poderia ter menos absurdos para empolgar mais, e claro, a distribuidora prezar pelo público que sabe ler, e que gosta de ver as verdadeiras entonações nas vozes, e mandar para mais lugares pelo menos uma cópia legendada, afinal tivemos uma dublagem razoável, mas que soou engraçada em diversos momentos que com toda certeza eram mais sérios. De certo modo posso recomendar o filme para diversos estilos de público, pois como disse no começo temos um pouco de tudo no longa, então vá ao cinema, se divirta, fique tenso, brigue com os personagens e depois conte aqui o que achou, pois a chance de boas discussões sobre algumas cenas é fato. Bem é isso pessoal, encerro aqui meu ano cinematográfico, afinal só volto amanhã com o texto da retrospectiva para fechar de vez os textos, e volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços, um bom final de ano para quem não vier ler a retrospectiva e até breve.
2 comentários:
Muito bom. O detalhe da grávida ninja também me me chamou atenção
Olá eubw! Não podemos esperar muito de longas de zumbis, mas esse teve vários méritos e agradou bastante, pena os exageros(o da grávida ninja é o melhor)! Obrigado pelo comment! Abraços
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