O que acontece quando misturam o estilo novelesco adolescente de "Malhação" com filmes como "American Pie" (não a franquia original, mas sim aqueles toscos do Stifler fora dos clássicos)? Um bom exemplo de resposta é o longa "O Último Virgem" lançado na última quinta-feira e que baseado em uma peça de teatro, acabou ficando tão tosco e apelativo que acaba conseguindo divertir (claro que não como uma boa comédia divertiria, mas não chega a ser um tempo 100% perdido). De forma alguma posso dizer que é um filme perfeito, pois apela demais e exagera em todo tipo de clichês possíveis de se imaginar, mas acaba soando funcional dentro da proposta que deseja atingir, e sendo assim quem acabar indo ao cinema conferir ele, indo preparado para ver algo tosco, irá sair satisfeito.
Dudu é um garoto tímido que, no último ano do Ensino Médio, ainda é virgem. Esta situação faz com que ele seja alvo constante de piadas vindas de seus amigos inseparáveis: Escova, Borges e Gonzo. Um dia, ao término do ano letivo, ele é convidado pela professora Débora a ter aulas extras na casa dela. A situação logo faz com que Dudu e seus amigos acreditem que ela esteja dando em cima do garoto, que se preocupa mais do que nunca com sua inexperiência sexual.
Chega a ser interessante a forma de composição do roteiro de Lipy Adler, que originalmente escreveu em 2005 a trama para ser uma peça de teatro, que acabou fazendo sucesso, e claro que como todas as peças que vão bem em nosso país, foi lhe dado a ideia para transformar a trama em um longa-metragem e cá que agora muitos anos após a primeira versão de seu texto, temos um filme que digamos ser bem exagerado no apelo sexual, mas que de uma forma bem divertida consegue ser razoável e interessante de acompanhar. Claro que a pegada que os dois diretores estreantes em longa, Rilson Baco e Felipe Bretas, deram para a trama foi algo bem dinâmico para que o longa não cansasse, mas certamente poderiam ter trabalhado um pouco mais na organização para que o filme não ficasse tão novelesco e desajeitado, pois aí sim teríamos uma obra mais vendável e menos jogada na trama. Ou seja, o resultado geral do trabalho deles é sentido e conseguimos ver bem o estilo que trabalharam, que já até citei acima nos longas paralelos da franquia "American Pie", mas ainda falta aquele detalhe característico de cinema que é a trama se desenvolver sozinha sem precisar de elementos externos, e quem sabe num próximo filme acertem mais o tom.
Sobre as atuações, temos de ser bem sinceros e dizer que todos falharam demais, pois pareciam jogados nas cenas, fazendo caras e bocas e sem saber para qual rumo dirigir o foco, nenhum conseguiu destaque, e o protagonista parecia perdido na sua afobação de querer fazer tudo ao mesmo tempo, claro que isso é um detalhe clássico da inexperiência dos diretores, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais centrados para agradar em cena e não ficar correndo a esmo. Guilherme Prates não é tão novo como o personagem passa em cena, e acredito que a boa dose de inexperiência jogada para seu Dudu foi proposital, mas acabou exagerando em determinados momentos e pontuando mais como perdido, do que como alguém que não soubesse o que estava fazendo, e esse pequeno detalhe foi a maior falha que faltou para que seu personagem nos conectasse com seus sentimentos e arrebatasse melhor a protagonização que talvez mostraria mais serviço seu. Bia Arantes fez bem os momentos de sua Julia, e mostrou sentimento nas cenas que precisou ser sentimental, mas forçou demais o choro e ficou com uma cara estranha em alguns momentos, mas ainda assim foi a melhor personagem da trama. O roteirista Lipy Adler também atuou com seu Escova, e sem dúvida alguma copiou o estilo "fodão" que tanto vimos em Stifler nos "American Pie", e até se divertiu bastante com o que se propôs a fazer, mas longe de ser um ator marcante (que agora está se arriscando também na música), o que fez no personagem foi mais interação do que expressão e isso é algo que faltou para realmente lembrarmos dele mais para frente. Fiorella Mattheis conseguiu demonstrar sensualidade nas cenas da professora Débora, mas foram tão poucas que ficamos realmente pensando se a personagem não foi cortada demais ou se para o longa não mudar de classificação resolveram limar, pois a atriz ficou quase como um enfeite maior dentro da produção e isso não é legal de ver.
No conceito visual a trama foi bem agitada com diversas locações bem joviais, passando claro pelos inferninhos do Rio e caindo com tudo numa festa cheia de luzes, mas o grande feito foi o longa ser trabalhado meio como um road-movie passando por diversos lugares para que o jovem perdesse sua virgindade, mas volto a frisar que mesmo com boas escolhas o filme ainda soou como uma novela, e esqueceu de trabalhar os elementos de cada ato para que representassem realmente o momento, ou seja, vimos um filme bem colocado que tinha potencial visual, mas que se prendeu a pequenos momentos para ser maior, e talvez até mais cenas na praia economizasse orçamento e agradaria mais do que diversos passeios.
Enfim, um longa bem mediano, que talvez agradasse até mais os jovens do que os adultos, mas que ao exagerar no tom acabou saindo de vértice e divertindo somente quem for disposto a embarcar no tema e rir até mesmo dos absurdos toscos que acabaram colocando. Portanto só recomendo o filme para quem ri desse estilo, pois do contrário é ir ao cinema e sair mais incomodado com o que verá do que feliz de ter se divertido com algo. Bem é isso pessoal, fico por aqui com a última estreia comercial da semana, mas ainda tenho diversos filmes na Itinerância da Mostra Internacional para conferir e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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