Existem alguns filmes que são feitos somente como mote para trabalhar autoajuda e dar grandes lições de vida nas pessoas, e claro que quando bem trabalhados conseguem entrar na mente do público e fazer com que as pessoas desabem e passem a ver melhor os seus momentos de forma que acabam usando as mensagens e tudo mais que foi dito nos filmes. A tentativa de "Beleza Oculta" de entrar nesse nicho com tudo é bem colocada, mas talvez o longa só conseguirá atingir realmente quem estiver precisando das lições e nem tanto passá-las como algo mais aberto, pois o filme ao mesmo tempo que funciona de forma fictícia acaba soando sereno demais para algo mais real, e isso acabou atrapalhando um pouco, faltando uma conexão maior entre os personagens secundários e o protagonista.
O longa nos mostra que após uma tragédia pessoal, Howard entra em depressão e passa a escrever cartas para a Morte, o Tempo e o Amor - algo que preocupa seus amigos. Mas o que parece impossível, se torna realidade quando essas três partes do universo decidem responder. Morte, Tempo e Amor vão tentar ensinar o valor da vida para o protagonista.
É interessante vermos que o diretor David Frankel varia bem em seus filmes, mas geralmente inclui muitas lições nas tramas, fazendo com que o público se identifique com as histórias, se comova com cada momento e acabe indo em rumos diferentes em suas vidas após assisti-los, foi assim em "Marley e Eu", foi assim em "Um Divã Para Dois" e com certeza foi assim também em "O Diabo Veste Prada", então porque aqui seria diferente? Ainda mais em um longa que mexe com os maiores medos da vida de uma pessoa, e que o protagonista abre tão bem o filme explicando os motivos de serem a base de tudo: a morte, o tempo e o amor. Talvez o maior problema do filme seja vender seu mote completo no trailer, já fazendo com que o público fosse mais preparado para cada momento e até se emocionasse com algumas cenas, mas sem saber de metade das coisas talvez o baque seria maior, além claro de que quem não estiver preparado para compreender cada momento do personagem principal, entrando na mesma vibe dele é capaz de sair do filme sem entender muito o sentido da trama, e por base, da vida. Claro que muitas lições vão funcionar e pela quebra de mesa na cena da assinatura, o filme em si já se faz valer, mas poderia certamente ter ido bem mais longe com a temática que tinham em mãos.
Para falarmos das atuações, temos de tentar entender o que anda passando na cabeça de Will Smith, pois realmente o ator anda aparentando ter chego numa idade limite para parar com brincadeiras e focar em personagens mais dramáticos, pois mesmo fazendo um vilão em "Esquadrão Suicida" sua temática é dramatizada, e aqui com seu Howard ele colocou velhice em pauta se acabando em incorporações e claro emocionando muito com seus trejeitos bem colocados, pena que faltou um pouco mais para chamar atenção e conseguir cair nas graças dos prêmios. Helen Mirren é rainha mesmo sem estar com a coroa, e sua Brigitte/Morte é maravilhosa (um pouco descabelada demais, mas não vem ao caso) com boas nuances interpretativas, olhares pontuais atingindo diretamente onde desejava e claro boa dinâmica para que suas cenas fossem incríveis de ver. Edward Norton sempre trabalha bem, mas sempre aparenta arrogância em todos os personagens que faz, mesmo quando não é o ideal, e isso pode ser até uma implicância minha com ele, mas seu Whit incorporou tanto essa personalidade que ficamos incomodados com sua "traição" e até torceríamos para que não desse certo seus momentos, mas o ator fez bem cada cena e de certa forma agradou no tom. Kate Winslet fez um papel que digamos seja seguro para ela, pois sempre cai bem seu estilo de conselheira e amiga, e isso sua Claire tem de sobra, mas as lições que acabou tomando foram bem melhores e marcadas no ponto certo. Keira Knightley aparentou um pouco de insegurança para sua Amy/Amor, de tal forma que até poderíamos dizer que o amor é meio atrapalhado e desenfreado, mas a atriz aparentou mais do que isso, soando estranha em algumas cenas. Não conhecia muito da atuação do jovem Jacob Latimore, mas a boa desenvoltura que deu para seu Raffi/Tempo foram bem marcadas e interessantes, talvez um pouco duras/secas, mas ainda é bem jovem e certamente vai melhorar. Michael Peña não teve muito impacto nas cenas expressivas de seu Simon, mas trabalhou bem e deu um bom sentido para seu momento no filme, doando boa dramaticidade para o papel, poderia ter falado um pouco mais, mas foi bem no que fez. E por último, mas não menos importante, Naomi Harris nos entregou uma Madeleine bem trabalhada na mensagem, com uma interpretação graciosa e bem colocada, mas que mesmo a pessoa mais lenta irá captar logo de cara quem é ela, tanto que se fosse diferente a sala soltaria um ohhh na cena final, e todos ficaram em silêncio normal, mas isso não foi problema da atriz, e sim do roteiro, o que foi uma pena.
No conceito visual da trama, escolheram muito bem as locações para as filmagens, desde uma agência de propaganda magistral, passando pelas ruas da cidade todas enfeitadas para o Natal (que faz parte do mote da trama), e até mesmo os lugares mais simples como o teatro, a sala de ajuda e o metrô acabaram coerentes com cada momento servindo bem de alegoria para cada cena, mas mesmo que não seja algo tão funcional para o tema, a equipe certamente teve grandes trabalhos para fazer as derrubadas de dominós enormes e lindas de ver, e só isso já dá um alivio maravilhoso visual para mostrar o quanto a equipe de arte estava preocupada em ter tudo muito bem marcado. A fotografia trabalhou com meios tons, não jogando tudo para o tom dramático meloso totalmente escuro e nem abrindo perspectivas para risadas com cores coloridas, e isso de certa forma foi algo bem interessante de ver.
Embora só tenha sido utilizada no trailer e no fechamento da trama, a canção do OneRepublic, "Let's Hurt Tonight" marcou muito bem o mote da trama com sua letra e valeria ter sido colocada legendada, pois diz muito sobre tudo o que o filme quis passar, e sendo assim podemos dizer que a escolha foi perfeita da equipe que colocou mais tons ritmados do que músicas em si durante todo o filme, optando até mesmo pelo silêncio para marcar a dramaticidade da trama.
Enfim, um filme bem bonito, que poderia ser muito melhor caso quisessem envolver mais do que passar apenas boas mensagens, mas que vai agradar muito quem for de peito aberto para receber a ideia completa. Como disse um texto que vi na internet, talvez o maior erro do filme no Brasil tenha sido a data de estreia, pois na proximidade do Natal o filme derrubaria bem mais pessoas do que vai derrubar emocionalmente agora. E com essas ressalvas, acabo recomendando o filme pela beleza que traz no seu interior, mas que se forem prontos para criticar tudo, certamente irão conseguir, pois o filme infelizmente tem muitos detalhes para atacar com afinco. Bem fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o último texto dessa semana bem recheada de estreias, então abraços e até breve pessoal.
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