Já frisei algumas vezes aqui que o gênero suspense consegue causar muito mais temor na mente das pessoas do que o próprio terror em si, e claro que tenho muitos amigos que discordam dessa minha ideologia, mas deixando um pouco de lado esse conceito do que é melhor de ver e ficar com aquele medinho na espinha, pensando nas possibilidades demoníacas ou como aqui o protagonista prefere falar entidades parasitas, que soa bem melhor sem entrar em termos religiosos, o que posso falar é que "Dominação" não é um filme comum do cinema de sustos, mas também não foge muito do estilo de assombrações que se incorporam em corpos e temos de ter algum especialista para remover o ente de lá. Aliás a ideia por trás da trama lembra muito "Sobrenatural" que possui inclusive o mesmo produtor, James Blum, pois temos um especialista diferenciado em conversar com os entes e não um padre ou algo comum de ver, só que aqui o estilo investigativo funciona bem dentro da proposta, faltando apenas talvez um pouco mais de dinâmica para com o garoto e menos apresentação do protagonista, mas com toda certeza num próximo filme (afinal, deixaram elo para uma continuação) vão corrigir esse detalhe, e aí sim teremos algo digno de mais aplausos, pois nesse ao entrar a canção "Sail" no final a empolgação foi incrível.
O longa nos mostra que quando uma mãe solteira testemunha terríveis sintomas de possessão demoníaca em seu filho de 11 anos, um representante do Vaticano contata um cientista cadeirante, Dr. Seth Ember, que tem a capacidade de entrar no subconsciente de pessoas possuídas. Caberá ao Dr. Seth livrar a criança deste espírito maligno, que possui poderes nunca visto antes.
É meio incomum vermos um diretor colocar estilos mais técnicos e científicos em longas de terror/suspense, pois costumam deixar tudo de lado e incorporar a religião como ponto cego de fé e força e invadir todo esse meio não tão explicativo para deixar as pessoas incrédulas do que estão vendo, e aqui o diretor Brad Peyton soube segurar bem o texto de Ronnie Christensen, colocando um ar mais investigativo na produção, deixando seu longa bem dinâmico com muitas cenas de ação e vivência para que o espectador entrasse nas mentes junto com o protagonista. E falando nesse "entrar" no mundo da enganação/sonhos, é exatamente a maior falha do filme, não por ter algo errado, mas sim por ter poucas cenas assim, pois assim como uma sessão de psicanálise, de volta temporal, o estilo ali de criação acaba sendo tão incrível para mostrar para o dominado que ali tudo é falso que agrada demais, e mais cenas acabariam ficando incríveis. Porém como esse é o primeiro filme da história (sim, eu acredito que haverá continuação) tiveram de mostrar um pouco mais da vida do protagonista e como acabou entrando nesse mundo, o que não é errado, mas que ficou meio fraco de envolver, pois faltou mostrar um pouco mais de sua cientificidade para ter um pouco mais de credibilidade também.
Sempre digo que em filmes de terror/suspense, os atores precisam mostrar o sentimento de ficar assustado/aterrorizado com o que está acontecendo, e aqui o resultado ficou um pouco incrédulo de tudo, mas nada que atrapalhasse muito, pois como disse não temos um filme de sustos, e sim algo mais próximo de algo investigativo. Aaron Eckhart é um ator complexo, disso ninguém duvida, e ao trabalhar bem o estilo de um cientista mesmo que é seu Dr. Ember, ele incorporou um ar meio maluco, colocou a cadeira como parte do seu corpo e demonstrou força para mostrar aos dominados a farsa que estavam metidos, e com olhares duros e bem colocados acabou convencendo bem na maior parte dos momentos, mas o grande destaque ficou para suas últimas cenas, que além de ficarem bem fortes, conseguiram deixar o público em dúvida do que era verdade ou mentira. David Mazouz já tem mostrado uma belíssima interpretação com seu Bruce Wayne no seriado "Gothan", e aqui as nuances que deu para seu Cameron dominado pela entidade foi algo realmente assustador pelo bom impacto, e mesmo sentado o tempo inteiro chega a arrepiar alguns momentos e olhares que fez, mostrando um grande futuro em qualquer gênero que pegue para fazer. Talvez se tivéssemos mais cenas do protagonista junto de Tomas Arana com seu Felix a ideia seria outra, pois a tensão que criaram em seus dois momentos foi algo único, aliás talvez acredito que ao invés de termos uma continuação, poderiam fazer um prequel mostrando a doutrinação/brigas que o protagonista teve com esse padre estranho, pois aí sim teríamos coisas bem amedrontadoras de ver. Dos demais personagens, todos tiveram bons momentos para se mostrar e fizeram acertados pontos para mostrar o estilo que desejavam seguir, claro que se formos ter uma continuação, praticamente poderemos ver mais de todos, tirando a mãe do garotinho, afinal a moça do Vaticano e a equipe de Dr. Ember. Agora sem dúvida a diversão mesmo ficou pelas cenas com Matt Nable fazendo Dan tanto no mundo real quanto dentro do sonho, pois o ator apanhou em todos os lados, e fez bem as caras e bocas de medo e força.
Quanto do visual da trama, tivemos boas locações tanto no mundo real quanto no mundo dos sonhos, e um grande acerto por parte da equipe foi não tentar mostrar como seria o rosto do parasita nas cenas finais, colocando apenas um ser estranho ali do lado segurando o garoto, e isso ficou bacana, pois acho difícil que alguém num filme que envolva ciência pudesse mostrar faces de coisas que sequer conhecemos. E já que falamos em ciência, a casa do padre foi um lugar bem interessante para mostrar pesquisas e tudo de interessante que a produção quisesse trabalhar, sendo um trabalho bem feito de estudos e criatividades por parte da equipe de arte. Como é de praxe, todo filme de suspense/terror mantém tons escuros na maioria do tempo, e com nuances impactantes bem colocadas, a equipe soube dosar sombras para não ficar muito denso, e nem precisar do escuro para surgir coisas e assustar, o que costuma ser chato demais.
Enfim, é um filme que vale a conferida, que certamente muitos irão odiar, e outros vão gostar bastante, como foi o caso desse Coelho que vos digita sempre, afinal é raro vermos um filme de terror envolvendo tanta ciência, e ainda com músicas bacanas bem encaixadas. Portanto vá conferir, e se divirta na sessão, pensando como a ciência pode trabalhar para enfrentar os tais "demônios" parasitas dos corpos. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana, mas quinta estou de volta com mais textos, então abraços e até mais pessoal.
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