Diria que "Passageiros" pode ser visto de duas formas completamente diferentes, e também analisado de duas maneiras. A primeira seria como um romance leve envolto em uma ficção científica que embora exista percalços envolvendo índoles e atitudes controversas, acaba fluindo de uma maneira bonita e agrada quem for disposto a conferir um filme bem levinho e interessante. A segunda já seria algo completamente diferente, pois trabalha com a possibilidade de viagens interplanetárias com motivos fortes de abandono da terra, colonização de outros planetas, e tudo o que pode acontecer de errado nessa viagem quando você é apenas um mecânico e uma escritora que acordaram de sua hibernação bem antes do previsto, e com isso, se você for esperando respostas à diversos questionamentos que um filme do estilo pode atingir, sairá da sala lamentando de ser uma produção grandiosa desperdiçada. Ou seja, um filme, dois pontos de vista, que não vou afirmar como certo nenhum dos dois, e que pode gerar diversas discussões, mas em momento algum poderemos dizer que o misto das duas ideias funciona, e que o longa irá agradar a todos, e bem longe disso, o resultado final acaba soando interessante e bonito de ver.
A sinopse fala sobre a aventura sobre dois passageiros à bordo de uma espaçonave que os transporta para uma nova vida em um novo planeta. A viagem toma uma reviravolta mortal quando suas cápsulas de hibernação os acordam misteriosamente 90 anos antes que atinjam seu destino final. Enquanto Jim e Aurora tentam desvendar o mistério por trás desse defeito, eles começam a se apaixonar um pelo outro... relação que é ameaçada pelo colapso iminente da nave e pela descoberta da verdade por trás do verdadeiro motivo pelo qual eles foram acordados.
Sempre que vou analisar um filme, principalmente em longas de ficção científica, a primeira coisa que passa pela minha cabeça é de onde vem toda a ideia do roteirista para escrever aquilo tudo, e se olharmos a fundo a filmografia de Jon Spaihts vamos ficar mais impressionados ainda pois ele vai desde um terror trash com "Hora da Escuridão", ameniza um pouco e mistura com ficção fazendo "Prometheus", daí já pira completamente com um longa de herói fazendo "Doutor Estranho", e recai sobre esse que vimos agora, e em breve aparecerá com a nova versão de "A Múmia", ou seja, um escritor completamente desorientado que não segue linha alguma de pensamento, mas que entregou uma linha de pensamento bem complexa para que o norueguês Morten Tyldum criasse vertentes bem trabalhadas com os dois atores, e mesmo com algo calmo e parado conseguisse agradar num estilo leve e gostoso de acompanhar. Ou seja, ambos seguiram linhas amplas, mas que chegam numa congruência interessante de acompanhar, seja pelo bom romance com altos e baixos, seja pela loucura de consertar uma nave em plena rota, ou simplesmente pela beleza de querer fazer algo para melhorar a vida do outro, mesmo que para isso você necessite ferrar com a vida do outro também, que assim acredito ser a grande levada da trama, muito maior do que qualquer ato científico que a grande produção tentou passar.
Se temos um filme bem calmo, durante quase 90% do tempo, o que fazer para prender a atenção do público na ideologia completa da trama? - pensaram os ricos produtores que compraram a ideia do filme no início - "Vamos colocar os dois rostos mais amados da América seminus" - disse uma segunda voz, e pronto temos salas lotadas para ver a beleza de Jennifer Lawrence, cada dia melhor no conceito visual, atuando como sempre faz, e Chris Pratt mostrando sua bunda em alta definição para lá e para cá com boas nuances interpretativas também, ou seja, dois atores do momento que fizeram o básico para agradar e continuarem sendo amados por todos. Dito isso, falar que o Jim de Chris Pratt é um misto de seus outros personagens com uma pegada mais funcional é quase que um daqueles discos furados que ficam repetindo o mesmo trecho, mas o ator soube dosar mais seus momentos expressivos e agradar pela simplicidade nas cenas que mais necessitavam de uma interpretação mais rigorosa, e assim acabou acertando bem mais do que errando. E da mesma forma a Aurora, ou a bela adormecida, do longa, coube momentos mais filosóficos aonde pode mostrar um estilo mais solto de sua interpretação jovial que ainda mantém forte chamariz de diversos filmes, porém uma falha ficou marcada em seus momentos, afinal a barba/cabelo de Chris cresceu monstruosamente em 1 ano, e as madeixas de Jennifer permaneceram intactas bem cortadas com luzes e tudo mais sem termos nenhum cabeleireiro na grande nave/cruzeiro. A serenidade e o charme que Michael Sheen deu para o androide Arthur é algo digno de um lorde inglês com tanta classe no estilo de atuar, que raramente veríamos um barman desse estilo, e que certamente gostaríamos até de ter mais cenas de seu personagem, pois ali saíram certamente os momentos mais clássicos do filme. A participação de Laurence Fishburne como Gus foi bem interessante para sabermos um pouco mais da nave, mas poderia voltar à suas origens e ter momentos mais impactantes e filosóficos como seu Morpheus de "Matrix" faria, e que ainda assim não sairia do prumo do longa. E só, pois o restante são meros enfeites de cenas bem rápidas, ou seja, pagaram apenas quatro atores para um filme de duas horas, algo que seria uma mega economia, se os dois principais não fossem caríssimos.
Quanto ao visual da trama, podemos dizer que a equipe se empenhou bastante para entregar uma produção de luxo, pois temos cenários gigantescos maravilhosos que deram toda a ideia dos cruzeiros imensos riquíssimos que vemos pelo mundo afora, mas agora num modo espacial, o que não deixará de ser uma tendência num futuro, se tudo seguir os planos dos cientistas. E sendo assim essa grandiosa produção acaba chamando muito aos olhos pela maneira que tudo foi feito, claro que com muita computação gráfica e os atores brincando bastante nas cenas de gravidade zero dentro das telas verdes, que você pode ver um pouco aqui, mas ainda assim, a equipe poderia ter explorado bem mais outros ambientes, e as cenas do maquinário que acontecem bem no final mais no início, pois assim o longa não ficaria tão monótono com poucas ambientações e agradaria mais. Por ser um filme futurista, os tons da trama se basearam bastante no branco, azul e dourado, que contrastando bastante com elementos em preto/cinza acabaram tendo boas nuances e dinâmicas, sendo bonito de ver. Porém esses tons não valorizam filmes com tecnologia 3D, e mesmo tendo boas cenas de gravidade zero aonde os personagens voam pelo espaço ou dentro de piscinas, o filme acabou tendo pouca profundidade de campo após ser convertido, e o resultado tridimensional acaba não empolgando tanto.
Enfim, é um filme interessante e bem feito, que poderia ter chegado muito longe com as propostas que tinham na mente, mas que acabou ficando leve e romantizado demais, não chegando a ser nem uma obra errada, nem algo espetacular, mas que ainda vale a pena ser conferido pela beleza das cenas, sendo uma boa recomendação para o fim de semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o último filme dessa semana, então abraços e até breve.
3 comentários:
Olá! Não tinha me interessado em ver esse filme em 3D mas, pela sua crítica resolvi assisti ontem. E na minha opinião... horrível! pior filme que já ví! história ruim, sem sentido algum e o 3D desse filme é um tapa na cara de quem curte a tecnologia. nada de profundidade, nada de imersão, absolutamente...... nada!!!
Olá Mauro... rapaizzz o filme não é tão ruim assim não rsss Mas se você não curte romance, a trama se perde bastante mesmo... Abraços!
OLÁ! curto romance sim amigão. mas esse filme é horrível. mas vale muito suas críticas que acompanho sempre. abraços"!
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Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...