Há filmes que mesmo sendo bem simples nos fazem refletir na vida, para pararmos e pensarmos qual é o nosso propósito nesse mundão imenso, e com "Quatro Vidas De Um Cachorro" esse tema fica batendo frequentemente, adicionando ainda a temática de reencarnação para que voltemos melhores do que fomos na vida passada, ao menos essa é a base que o cachorro vai aprender em suas quatro vidas, e claro no caso ele busca sua paixão primária que foi seu dono Ethan. A trama é simples, bonita de acompanhar e que diverte bastante, e claro cheio de boas mensagens nas diversas vidas do cão que podem ser levadas para nossa realidade, ou seja, um filme inspirador. Claro que possui defeitos, de cortes de cenas rápidos demais entre outros furos de roteiro, mas principalmente a maioria se deve por utilizarem cachorros reais, que certamente deram muito trabalho para filmar tudo, mas ainda assim o resultado acaba agradando bastante, pois os peludos são fofos demais e acabam soando gostoso ver eles atuando.
A sinopse nos conta que Bailey vem ao mundo várias vezes, sempre como cachorro. Em cada encarnação, ele tenta buscar qual o seu real propósito. A cada vida, o cão aprende uma lição para que na próxima vinda à Terra siga evoluindo. Mas no fundo, o que o bichinho mais quer é reencontrar o seu primeiro dono.
A trama que é baseada no livro "4 Vidas de Um Cachorro - O Olhar de Um Cachorro Ensinando Que No Fundo o Melhor Amigo do Homem É a Vida" de W. Bruce Cameron e dirigida por Lasse Hallström foi trabalhada para envolver o público, pois certamente o filme poderia ser um longa triste e forte com os enfrentamentos que acabam acontecendo em algumas cenas mais duras, mas o diretor optou por manter mais a essência de autoajuda que o livro pode transparecer e assim como o nome em inglês diz "A Dog's Purpose", ele acabou colocando mais dessa ideologia de proposta de vida, e claro passar a sabedoria canina para as telonas. É fato que trabalhar com animais é algo dificílimo, pois não temos como explicar para eles como queremos determinada cena, e nem sempre a cena vai sair do jeito melhor planejado, tanto que antes da estreia o longa sofreu uma derrubada monstruosa em sua campanha de divulgação com um vídeo mostrando maus tratos a um dos cachorros em determinada cena, e quando vemos a cena no filme, é mostrada a sua importância e beleza, mas não teria como ensinar durante o período de filmagens como o cão deveria agir ali, e esperar acontecer, tanto que tudo ocorreu numa piscina aquecida e com várias pessoas cuidando da cena (e quem estava filmando ao invés de reclamar apenas poderia ter agido, ao invés de guardar um ano a filmagem para tentar queimar o filme na sua estreia), ao invés de acontecer realmente numa ponte alta com uma correnteza imensa que aí sim daria para ficar com dó do cão. Mas deixando a polêmica de maus tratos ou de como os cães foram treinados para as cenas, o fato é que o diretor soube dosar a alegria dos animais para que cada cena junto de seus humanos ficassem bem encaixadas e interessantes, e assim o filme fluiu gostoso de acompanhar, mesmo com os diversos errinhos de cortes, os quais quem não for bem ligado, nem verá esses detalhes, e passará tranquilamente por tudo, chorando nas partes mais emotivas, e claro rindo bastante nas demais trapalhadas dos cães.
Dentro das atuações cada ator teve o seu melhor momento, mas é fato que Josh Gad foi o que mais falou sem aparecer em cena, pois deu voz para Bailey, Ellie, Tino e Buddy, transparecendo demais sentimento em cada nova entonação e agradando bastante no estilo interpretativo que deu para cada momento, sendo dirigido com precisão para que usassem depois em cima dos cachorros (antes que me perguntem, não, os cachorros não ficam mexendo a boca, é apenas pensamento deles a voz do ator). Bryce Gheisar fez Ethan criança, e com muita doçura trabalhou bem suas cenas junto de Bailey com muita sincronia e diversão, e o jovem soube dosar suas emoções junto do cachorro, já adolescente a bola de Ethan foi repassada para K.J. Apa que deu uma vivência diferenciada junto do cachorro, e foi aonde mais foi trabalhado a questão interpretativa do ator, que mostrou boa desenvoltura nas cenas junto do pai, e claro no momento mais impactante da quebra do eixo base do filme que era o amor/paixão até aquele ponto, e o ator mostrou em seu primeiro trabalho na telona que sabe dosar bem os olhares assertivos e sair-se bem num contexto mais amplo, e para finalizar temos Ethan já velho que interpretado por um ranzinza e cinza Dennis Quaid que por ser o mais experiente da equipe acabou dosando bem suas poucas cenas e chamando a responsabilidade para que o filme nos seus momentos voltasse para a proposta inicial de amor/paixão, seja pela mulher ou pelo melhor amigo canino. John Ortiz como Carlos foi bem trabalhado, mas sério demais como um policial solitário, e mesmo que a ideia era essa mesma de passar essa solidão interna, o ator poderia ter feito melhor as cenas na ponte, pois como bem sabemos foi aonde mais usaram computação gráfica, e ele acabou soando bem falso ali. Kirby Howell-Baptiste fez as cenas mais divertidas com o cão interpretando Maya, pois ali encaixou diversos momentos interessantes que as pessoas passam, desde a solidão junto com seu bichinho, até arrumar um par perfeito e trazer vários amiguinhos para perturbar a vida do cão, e a atriz trabalhou bem cada momento, sendo singela e transmitindo bons pensamentos junto com seu cachorro. Britt Robertson está cada dia maior, e atuando melhor, mas sua Hannah foi singela demais e com poucas cenas dialogadas, a maior parte dando lambidas no seu par como diria o cachorro, acabou demonstrando pouca interpretação e muita dinâmica apenas. E para finalizar, Luke Kirby foi impactante como Jim, ou melhor pai de Ethan, que ao trabalhar a bebida como ponto forte do fracasso, acabou interagindo bem e mostrando semblantes duros que vemos diariamente por aí, sendo bem expressivo do começo ao fim.
No conceito visual, fica claro que a vida de cachorro sempre é melhor com muito espaço para que ele possa interagir com o ambiente se divertindo e aprendendo com tudo, e assim sendo o filme mostra grandes fazendas, casas e até mesmo apartamentos (para os cães pequenos) e que com muita desenvoltura da equipe souberam trabalhar com conceitos interessantes de objetos e locações. Detalhe para as noticias de época que foram trabalhadas no começo com jornais, e pela ótima concepção com carros de época e brinquedos de parque antigos para remeter a boa colocação do filme, e conforme foram passando pelas outras vidas do cachorro e também diferentes épocas fomos vendo mudanças cênicas, tanto no figurino dos personagens quanto no estilo das locações, o que mostra um trabalho bem encorpado de pesquisa. A fotografia usou cores bem vivas para dar alegria na trama, e sempre nos momentos de passagem, baixava um pouco o tom, colocando cenas mais escuras, e a tradicional luz de passagem voltando o cão para seu estado de filhote, após sofrer um pouco como velhote.
Enfim, é um filme muito gostoso de acompanhar que até imaginava que seria mais triste, mas como disse o diretor optou em mostrar melhor uma proposta de vida positiva sem trabalhar tanto as dificuldades. Portanto esqueça a polêmica que fizeram em cima de uma única cena, que certamente tem algum interesse bem longe dos direitos dos cães por trás, e vá conferir essa trama gostosa e que vai fazer seu dia mais feliz. Claro que não posso deixar de lado os erros de cena, como cortes e tudo mais, por isso a nota será um pouco menor, mas garanto que é um filme que vai fazer todos saírem bem contentes com o que verão em cena. Bem é isso pessoal, encerro meu texto nessa madrugada, mas nesse domingo ainda tenho mais dois filmes para conferir, então abraços e até breve com mais textos.
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