Chega a ser contraditório ler no título tanto em português quanto em inglês, "O Capítulo Final", pois como bem sabemos a franquia "Resident Evil" foi a base do grande enriquecimento de Paul W. S. Anderson e sua esposa Mila Jovovich, mas segundo consta esse é o capítulo final tanto do jogo (que agora parte para outros rumos completamente fora do mote da franquia original) quanto da saga cinematográfica (embora no final possa parecer que teremos algum tipo de continuação, não mais contra os vilões iniciais, mas talvez algo diferenciado). E sendo assim a trama funciona bem dentro da proposta de fechamento, e já digo de antemão, você não irá precisar ver os cinco filmes anteriores, e nem lembrar de como tudo começou, pois já que tivemos um delay grande de 5 anos entre o último filme e agora pela gravidez da protagonista, o longa inicia contando um pouco de tudo para situarmos aonde estamos (embora não tenham dado grandes explicações do sumiço de muitos personagens que não morreram nos longas anteriores). Ou seja, um filme que diverte dentro do que se propõe, um jogão de videogame contra zumbis, e contra uma organização, aonde toda a ação é desenvolvida para com diversos ângulos empolgar os aficionados pelo estilo, não sendo um longa com uma história complexa ou com algo que vá fazer você pensar muito (embora a lógica de terem feito o vírus, mostrada em determinada cena nos faça refletir como o mundo está hoje), servindo bem como uma boa curtição dentro do gênero cinema de ação com muita pipoca. Então vá, se divirta, leve uns bons sustos (afinal isso já acontecia no jogo quando algum bichão surgia do nada) e curta esse que "talvez" seja o último episódio de uma saga que começou há 15 anos e já havíamos julgado ter sido encerrada há muito tempo também.
A sinopse nos mostra que após sobreviver ao massacre zumbi, Alice retorna para onde o pesadelo começou, Raccoon City, onde a Umbrella Corporation reúne suas forças para um ataque final contra os remanescentes do apocalipse. Para vencer a dura batalha final e salvar a raça humana, a heroína recruta velhos e novos amigos.
De uma coisa não podemos reclamar nesses 15 anos e seis filmes, "O Hospede Maldito"(2002), "Apocalipse"(2004), "A Extinção"(2007), "Recomeço"(2010), "Retribuição"(2012), "O Capítulo Final"(2017), que o diretor e roteirista Paul W.S. Anderson não entregou boas cenas de ação no melhor estilo que o videogame não nos entregava, pois é fato total que sempre procurou pesquisar novas lentes, novos estilos de captura, ângulos completamente improváveis e claro muitos elementos cênicos incríveis de ver e imaginar como sendo algo mais real do que apenas a computação gráfica do jogo (que sempre foi primorosa) nos entregava. Ou seja, mesmo demorando um pouco mais para ficar pronto do que imaginariam, o resultado final conseguiu ser fiel, e interessante dentro de uma proposta principalmente "barata", afinal se compararmos com muitos outros longas de ação 90 milhões é quase nada pela alta técnica utilizada aqui, e sendo assim, o diretor acabou criando boas perspectivas e dando lutas mais reais com cenários mais enxutos, claro sem perder a qualidade técnica.
Sobre as atuações, chega a ser difícil nos separarmos de Alice, pois Milla Jovovich deu vida a personagem há tanto tempo que nos vemos conectados com sua luta e até assustamos quando lembramos dos filmes mais antigos que fazia antes da personagem (sim ela foi a garota do "De Volta a Lagoa Azul"!!!), e aqui interagiu bastante, fez boas interpretações e colocou diálogos bem marcados pela fúria, além de dar vida para mais do que um personagem, fazendo também Alicia Marcus velha que caiu muito bem para mostrar um tom mais maduro da atriz, só foi uma pena sua dublê quase morrer nas gravações (mas se vermos a cena da moto é compreensível a loucura que acabou fazendo), veremos em breve o que vai aprontar com outros personagens, afinal ela é atriz (muito boa por sinal) e não irá parar de atuar, muito menos com o marido diretor colocando ela em suas produções. Ali Larter retoma sua personagem Claire que não apareceu no último filme, mas que teve uma boa dinâmica com a protagonista, e aqui essa dinâmica toda é bem retomada com a atriz trabalhando bem olhares e lutas corporais, poderia ter sido mais impactante em algumas cenas, mas nada que atrapalhasse o contexto da obra. Iain Glen veio com a corda toda como Dr. Isaacs, que aqui voltou a ter uma grandiosa importância no longa trabalhou muito bem com tons de voz, e mostrou estar bem dinâmico para as cenas de luta final, agradando tanto no estilo, quanto na forma de viver que deu para o personagem. Já Shaw Roberts podemos dizer que recebeu seu caché sem trabalhar muito, pois ficou o tempo inteiro dentro de uma sala praticamente com uma mesa, e se mexer mais do que 10 passos foi muito, claro que foi suntuoso nos diálogos, mas poderia ter feito muito mais com seu Wesker. A nova equipe de Alice para combater a Umbrella foi bem interessante e com atores dispostos a mostrar serviço, alguns que já despontando em outros filmes de ação como Ruby Rose como Abigail, outros provenientes de séries de ação que são mais baratos e acabaram caindo bem na trama também como Eoin Macken fazendo Doc, William Levy como Christian e Fraser James como Razor, mas nenhum chegou a chamar a responsabilidade para si e ficaram bem em cima da base com suas atuações. Outra que merece destaque pela boa entonação, mesmo que robotizada, foi a garotinha Ever Anderson que fez a rainha vermelha de uma maneira bem intrigante, respeitando bem as demais atrizes que já fizeram esse papel, e ainda caindo nas graças pelo estilo próprio.
O visual da trama é aquilo que sempre vimos, muitos monstros estranhos, diversos zumbis comedores e corredores (aqui nada de zumbi bobão), muita roupa de couro, cidades devastadas com objetos jogados para todo lado, prontos para a protagonista pegar e usar de arma (falando nesse detalhe, a cena de Claire saindo do cubo de vidro podemos dizer que é a nova McGyver), e claro muitas armas monstruosas prontas para aniquilação de quem vier pela frente, além de alguns carrões blindados que as policias deveriam copiar rapidamente de tão poderosos. E o fato maior ficou a cargo da equipe de efeitos que trabalhou bem para que tudo ficasse o mais real possível, mesmo que feito por computação gráfica, mas sempre mantendo o tom clássico de videogames para que a trama não saísse da ideia original e ainda assim agradasse novos públicos além dos fãs. E falando em tom, a fotografia do longa exagerou demais no azul, criando bem uma perspectiva sombria para a maioria de cenas noturnas, mas quem for ver o longa em 3D, pela predominância desse tom pode sair com um pouco de dor de cabeça. E claro falando mais do 3D, temos algumas cenas bem interessantes de imersão, que fazem com que o público se sinta no meio do jogo, mas poderiam ter abusado mais dos efeitos, colocando mais tiros, explosões e tudo mais que fosse possível, pois a ideia de 3D em longas de ação é fazer o público vibrar a cada coisa arremessada para fora da tela, e não tanto adentrar à tela.
Enfim, é um filme que vale pela diversão, e claro foi um bom desfecho da trama original que vimos ao longo de 15 anos, principalmente mantendo sempre o foco no público alvo, que são os fãs que jogaram os jogos da Capcom lá no comecinho, e foram acompanhando o crescimento da protagonista. Claro que sempre exigimos mais e queríamos ver mais na telona, então alguns detalhes acabaram ficando estranhos e poderiam ter sido melhor explicados, mas ainda assim é um bom filme que vale a pena ver no cinema, na maior tela possível para que tudo possa ser maior ainda, e que vamos esperar uma nova franquia do estilo surgir, pois o potencial gamer é algo que sempre estará pronto para ver filmes nos cinemas. Recomendo o longa mais para esse estilo de público, pois quem quiser um filme mais cabeça irá sair reclamando de tudo com certeza, aliás o público que gosta de filmes mais cabeça nem passam perto de franquias de ação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas daqui a pouco irei conferir outro longa, então deixo meus abraços e volto amanhã pela manhã com mais um texto aqui no site.
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