"Uma história maluca de uma grandiosa batalha entre exércitos com bichões estranhos, envolvida numa produção gigantesca que cheia de ótimos efeitos consegue empolgar sem precisar ser levada a sério", essa pode ser a melhor definição para o longa "A Grande Muralha" que com a bagatela de 150 milhões de dólares (os quais só a bilheteria chinesa de 170 milhões já pagou os custos, o resto do mundo está sendo lucro) acabou colocando ainda mais pilha na classificação de Zhang Yimou como um visionário maluco que gosta sim de gastar, mas que sabe aonde colocar boas pontuações para que seus filmes sejam bem vistos, e claro empolgue mais pela beleza da produção do que por uma história factível em si. Com isso não estou falando que é algo ruim, muito pelo contrário, como todos que bem me conhecem, sou produtor e sempre vou prevalecer gostando mais de filmes bem produzidos do que longas com grandes histórias, e sendo assim, o que vi hoje na telona me empolgou do começo ao fim, mesmo sabendo que nem em sonho conseguiria imaginar uma lenda possivelmente existente na China que falasse de monstros estranhos que comiam humanos e queriam transpassar a muralha para comer o mundo todo e dominar o planeta, mas que foram barrados por um exército monstruoso ajudado por um americano galã que fora buscar a pólvora para se enriquecer. Sim, se você leu essa mini-sinopse que fiz e achou uma loucura, você não viu nem 10% do que o longa acaba mostrando, pois tudo é muita piração, porém funcionando como entretenimento puro que agrada com grandiosos efeitos tridimensionais. Ou seja, compre uma pipoca grande e se divirta assistindo partes de bichos, flechas, e tudo mais voar em sua direção.
A sinopse do longa nos conta que William e Tovar são dois mercenários em busca de “pó negro” (pólvora). Depois de escaparem do ataque de uma criatura misteriosa, eles se encontram, acidentalmente, aos pés da Grande Muralha. Lá, eles acabam aprisionados pelos guerreiros chineses, que estão na iminência de sofrerem um ataque. Reza a lenda que, a cada 60 anos, uma horda de monstros tenta transpassar a barreira, para se alimentar dos humanos que vivem do outro lado.
Sim, a ideia da trama é bizarra demais para ser crível, e com uma abertura toda em letras simples, falando da construção da muralha, das histórias e lendas que ela traz consigo e tudo mais, até pensamos que poderia ter uma base centrada para o que veríamos a seguir, afinal a maioria dos trailers não mostrava contra o que os guerreiros estavam lutando, contudo as seis mãos que escreveram o roteiro simplesmente viajaram completamente, e entregaram algo para Yimou trabalhar da forma que gosta: com muito dinheiro e loucuras para fazer. Portanto, não é um filme épico de qualquer batalha chinesa, não é um filme que vai fazer você ficar pensando (mesmo com a protagonista tentando trabalhar conceitos morais de confiança e falando que os bichões vinham para devorar a ganância humana, "a vá que os bichos pensavam nisso, eles queriam apenas comida para sua rainha!!"), e muito menos é um filme que o diretor quis mostrar alguma novidade no seu estilo de dirigir, muito pelo contrário, sua essência está impregnada do começo ao fim, e a cada nova ideia imensa, seja nas balas de canhões voando, ou nas guerreiras em bungee jumps rústicos, ou até mesmo nas lâminas cortantes como tesouras, vemos que quanto maior e mais maluco fosse cada item, mais empolgação a trama conseguiria passar. E mesmo não tendo sido filmado com qualquer tecnologia 3D, ele foi esperto o suficiente para pensar na tridimensionalidade da trama, para que na conversão, os ângulos escolhidos caíssem muito bem nos efeitos, ou seja, a realidade de estar no meio da batalha foi bem levada em conta.
Antes de falar sobre as atuações, temos de pontuar que muitos foram contrários a escolha de Matt Damon como protagonista da trama, pois alguns chineses defendiam a ideia de algum oriental mesmo dominar a produção, outros alegavam que não caberia seu estilo de atuação mais cômica, mas certamente o que falou mais alto foi o bolso, afinal assim como no Brasil o povo ama Nicolas Cage, na China, Matt é campeão de audiência, então como estamos falando de um filme que visa 100% bilheteria, é claro que os produtores não pensaram duas vezes e convidaram Matt para fazer William, e não digo que foi sua melhor interpretação, mas o ator soube dosar bem as expressões, mesmo com um visual rústico e estranho, mostrou faces de estranhamento não entendendo nada que os chineses falavam sem ser em inglês (felizmente na trama chineses não falam inglês fluentemente, salvo alguns protagonistas), e com uma boa dinâmica coreografada ele acabou agradando bem mais do que qualquer outro poderia fazer, ou seja, a escolha foi bem usada. Agora que moça bonita e simpática é essa tal de Tian Ling, que veremos ainda mais vezes em longas nos próximos meses, pois a jovem acabou mesmo nas cenas mais tensas sempre se expressando de maneira formosa e interessante, fazendo com que quiséssemos saber mais sobre sua comandante Lin, e que se quiserem até podem fazer um prequel contando sua história de treinamento, que não iria desapontar de forma alguma, com a atriz dominando bem as cenas e agradando tanto quanto fez aqui. Pedro Pascal foi colocado como alívio cômico desde o começo com seu Tovar, e usando sempre de cenas que puxassem o riso, acabou saindo bem com o que fez em cena, talvez um pouco mais de carisma em algumas cenas que vemos a piada saindo bem, mas ele com uma expressão mais frouxa agradaria mais. Embora tenha feito cenas marcantes com o imã na mão de seu Wang, Andy Lau ficou muito em segundo plano, e assim como disse que um filme anterior funcionaria bem para Lin, na mesma história caberia melhor algo sobre como chegou nessa posição de estrategista, pois nada foi fluído no que fez para tais feitios. Os demais foram bem colocados e conseguiram chamar atenção nos seus momentos chaves, mas nada que fizesse merecer destaque para citarmos, afinal não foram colocados nem como coadjuvantes com as poucas cenas que fizeram, tendo uma mínima pontinha a mais para Hanyu Zhang como general Shao.
Agora volto a frisar que é um longa de produtor, aonde a equipe de arte faz a festa com o orçamento que lhe é liberado, podendo criar muitas armas, colocar figurinos em diversas pessoas (para que depois fossem duplicados no computador, mesmo que na China gostem de muitos figurantes, o tanto que aparece na trama é irreal para ser realmente pessoas fantasiadas), e claro que junto de uma boa equipe de computação gráfica puderam trabalhar bem os monstros e adequar as cenas de batalhas na medida precisa para que tudo ficasse grandioso, mas se posso pontuar um defeito que o corte deveria ter sido monstruoso, fica a cargo das cenas no deserto/montanhas, pois soou artificial demais os caminhos e são cenas que não impactaram tanto no restante da trama. Sobre a fotografia, muitas cores para que cada tipo do exército tivesse uma função clara na luta, muito tom cinza para representar bem batalhas, e claro, como estamos falando de um longa chinês (embora produzido por americanos) muito fogo para dar tons alaranjados bem encaixados, ou seja, uma fotografia bem dinâmica que todo bom longa de ação pede, e que ajudou muito para que a equipe computacional da pós-produção colocassem bons efeitos 3D, que realmente fazem por valer pagar um ingresso mais caro, afinal temos diversos elementos sendo arremessados para fora da tela, uma profundidade cênica com quilômetros ao longe para ser vista, e que acabaram resultando em algo bem trabalhado, claro que poderia ser melhor se fosse filmado realmente com uma câmera Imax 3D, mas o resultado agrada.
Enfim, é um longa que passa bem longe de ser algo perfeito, mas que agrada bastante pela alta produção, pelos efeitos interessantes de ver (embora alguns bem toscos), e que consegue divertir e empolgar pela grande quantidade de ação trabalhada, ou seja, um filme de entretenimento puro, que quem gosta do estilo vai adorar, mas que quem for esperando algo mais sério irá sair da sessão só reclamando do que viu. Como sou do time que ama uma grande produção, esse é dos que posso dizer que valem demais a conferida, então veja se você também se encaixa nesse perfil, e vá conferir o longa nos cinemas, pois garanto que em casa o efeito de uma produção bem recheada não vai empolgar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje apenas começando essa semana cinematográfica que vai ser bem longa com muitos posts, e desde já deixo meu agradecimento ao pessoal da Difusora FM 91,3Mhz pela ótima pré-estreia no UCI Cinemas Ribeirão Preto. Então deixo meus abraços e até amanhã.
2 comentários:
Excelente filme! assisti em 3D e possui ótimos efeitos. valeu pela ótima crítica.
Olá Mauro, se você gostou do 3D desse irá adorar o do "Rei Arthur - A Lenda da Espada", confira e depois comente como sempre... abraços!
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