Em uma guerra sabemos que não podemos confiar em ninguém, nem mesmo na própria sombra, mas e se você se apaixonasse por alguém no meio de uma guerra? Continuaria confiando quando lhe falassem que a pessoa é um possível inimigo? Bem esse é o mote dos minutos finais de "Aliados", e friso minutos finais com muita raiva, pois se o filme focasse mais nisso teríamos um longa incrível cheio de perspectiva, imaginações, indagações e que fariam dele algo dinâmico, o que infelizmente não acontece, pois temos um longa arrastado para tentar mostrar os momentos de conexão dos personagens, como se conheceram, como a vida deles seguiu, blá, blá, blá... e assim quando lhe é confidenciado o problema todo, é que o filme fica bom, e já é hora de encerrar a trama. Ou seja, de um filme de 124 minutos, quem aguentar chegar aos 80 minutos irá ver um filmaço, mas a chance de dormir nesses primeiros minutos é altíssima.
O longa nos mostra que em uma missão para eliminar um embaixador nazista em Casablanca, no Marrocos, os espiões Max Vatan e Marianne Beausejour se apaixonam perdidamente e decidem se casar. Os problemas começam anos depois, com suspeitas sobre uma conexão entre Marianne e os alemães. Intrigado, Max decide investigar o passado da companheira e os dias de felicidade do casal vão por água abaixo.
Além do filme ser extremamente lento, na maior parte do tempo, mesmo quando a velocidade da ação melhora nos minutos finais, o diretor Robert Zemeckis (que costuma fazer bons filmes como "A Travessia", "Náufrago", "De Volta Para o Futuro") acabou se perdendo na trama escrita por Steven Knight e colocando tantas gafes quanto fosse possível para que a ideia final fechasse, de tal maneira que nem o mais promissor conseguisse imaginar um fechamento tão bizarro com as situações que ocorrem desde a cena do piano até a cena final mesmo, ou seja, viram que o tempo de tela já estava no limite e saíram cometendo absurdo em cima de absurdo não criando grandes perspectivas para a trama, nem dizendo muito aonde pretendiam chegar. E dessa forma um longa que poderia sim ser um drama de guerra com a pitada icônica de "Sr. e Sra. Smith" (que muitos irão conferir o longa achando ser idêntico pela sinopse, e vão cair do cavalo com gosto!) acabou ficando um marasmo tão perdido que muitos saem da sessão reclamando do que viram nas telonas. Não digo de forma alguma que o filme é perdido, pois até tem alguns momentos interessantes, uma produção simples de guerra bem feita, e uma ideologia bem pautada, faltou apenas adequar o ritmo para não ser tão parado no começo, e ao final quererem resolver tudo de maneira jogada.
No conceito das atuações, basicamente o que chega a ser assustador é como os atores estão joviais, nem aparentando tanto suas idades reais, pois Brad Pitt já está com seus 52 anos e Marion Cotillard está com 42, de tal maneira que não parecem estar nem perto do final dos 30 e se pararmos para analisar mais a fundo todo o visual que foram inseridos em suas personalidades, acabaremos dando menos idade ainda para eles. Dito isso, é fato que Brad Pitt é um excelente ator, e tem se mostrado melhor ainda como produtor sabendo escolher bem aonde põe seu dinheiro (não é o caso aqui, mas de um modo geral tem se saído muito bem na profissão) e ao dar vida para seu Max Vatan, o ator demonstrou uma falta de carisma exagerada para com o personagem, deixando ele como um tenente forçado demais e que de certa foi colocado ali mais como um executor de diálogos do que como um ator mesmo desenvolvido para o misto romance/drama/ação, e assim sendo ficou completamente fora do eixo aceitável de uma produção do estilo. Já a francesa Marion Cotillard inicialmente trabalhando com sua língua mãe acabou sendo graciosa e interessante, mostrando um ar interessado no que desejava fazer com sua Marianne, mas com o andar da trama, acabou se desconectando demais da personalidade impositiva do começo e ficando fraca demais de expressões, o que não agradou tanto como deveria. Os demais atores fizeram mais aparições rápidas sem muito significado para a trama, quase nem tendo um destaque maior para podermos pontuar, salvo algumas exceções como August Diehl fazendo muito bem seu Hobar (quase uma repetição de outro bom personagem seu em "Bastardos Inglórios") e Jared Harris com uma imposição bem trabalhada com seu Frank, mas nada de surpreendente demais.
Para falarmos do visual da trama temos de pontuar dois detalhes tristes, o primeiro que mesmo tendo um figurino bem colocado de época, o longa não ousou muito em elementos cênicos de guerra mesmo, deixando tudo em segundo plano para que quem quisesse ver, visse, mas sem muita preocupação em ser um filme de guerra propriamente dito, pois aí entra o segundo detalhe que temos de dizer, que é sobre a computação gráfica muito mal-feita, com duplicações de aviões e telhados tão falsos que nem que quisessem parecer reais conseguiriam, e isso causa uma certa estranheza para um diretor que gosta tanto de inovações tecnológicas e acabou empregando técnicas ruins de filmagem, que resultaram em algo ruim de se ver também. Agora não podemos dizer que foi culpa do diretor de fotografia, pois este procurou os ângulos mais fechados para não mostrar tantas falhas, iluminou com um tom bem árido nas cenas do Marrocos (parecendo até estar embaçado a filmagem) e ousando até um pouco em algumas cenas noturnas para que os efeitos de tiros não ficassem tão ruins de ver (pois são tão fracos que nem parecem estar realmente numa guerra)
Enfim, é um filme que tinha um potencial grande de figurar entre os grandes nomes do ano, mas que falhou tanto que soou de mediano para baixo, sem conseguir agradar nenhum estilo de público, e inclusive deixando muitos revoltados com o timing que acabou mostrando na telona. Ou seja, só recomendo o filme para quem gostar realmente do estilo mais lento de exibição e for esperando realmente ver um filme que não vai chegar a lugar algum, pois qualquer outra expectativa acabará sendo frustrada com o que é passado na tela do cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até mais.
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