Uma coisa que temos de falar e ficar muito feliz é que o Brasil cada dia tem tentado entrar em diversas frentes no cinema, ousando em rumos que nem sequer imaginávamos que veríamos representados nas telonas, e claro que com isso iniciando, outros grupos tem trabalhado para se empenhar e vão sair sempre novos produtos interessantes (alguns nem tanto, mas vale pela tentativa), e assim sendo, no ano passado já tivemos um representante nacional dentre os indicados ao Oscar de melhor animação. Pois bem, dito isso, temos de pontuar que algumas tentativas nem sempre saem bem como o esperado, e "BugiGangue No Espaço" é uma animação bem feitinha, com texturas bem colocadas dentro de uma funcionalidade 2D bem encaixada e que funciona dentro de uma ideia maluca, mas bem colocada, porém o público alvo da trama é até no máximo uns 7-8 anos de idade, pois qualquer um acima disso irá se cansar das piadinhas bobas e desejará mais ação para que a história fluísse. Ou seja, um filme que fez o que se propôs, juntar diversos alienígenas que já ouvimos falar com uma galerinha meio desconectada, e resultar em um bom passatempo para os canais de desenho animado, mas que poderia ir muito além caso quisessem atingir novos rumos.
O longa nos mostra que Gustavinho, Fefa e os demais integrantes do clube BugiGangue estão preocupados com os trabalhos da escola, mas nem imaginam que em um ponto distante da galáxia o vilão Gana Golber tomou o poder da Confederação dos Planetas, ameaçando a paz do universo. Expulsos da confederação, sete Invas, alienígenas atrapalhados e ingênuos, conseguem escapar ao cerco de Gana, mas na fuga sua nave é danificada e cai na Terra. Logo os Invas fazem amizade com as crianças do clube, consertam a nave e embarcam juntos numa aventura intergaláctica para restaurar a paz do universo.
Continuando a partir de um curta-metragem seu, "BugiGangue Controle Terremoto", o diretor Alê McHaddo hesitou em apresentar seus personagens, apenas deixando acontecer e que o público pegasse cada característica do personagem por conta própria, e embora isso seja perigoso, o resultado até que funciona por não termos nenhum personagem muito complexo, porém essa falta de complexidade nos personagens junto da falta de complexidade no roteiro, acabou deixando o filme solto demais, quase sem uma estrutura normal que desse vida e dinâmica para o longa. Não digo que isso seja algo 100% ruim, mas ficou um filme muito simples para os cinemas, o que com certeza para passar na TV depois vá funcionar com pausas de intervalos e até trabalhando em pequenos episódios, pois meio como uma "Turma da Mônica" ou outro grupinho, o resultado criativo em pequenas esquetes deve agradar os pequeninos. Outro detalhe forte foi a demora para conseguir ser lançado, de seis anos, algo que é comum em longas nacionais, então chega a ser até estranho ver alguns personagens que estavam na moda e agora nem tanto mais, como Chupacabra, Et de Varginha, entre outros.
Quanto da dublagem e dos personagens protagonistas em si, Danilo Gentili ficou bem com seu Gustavinho, principalmente por trabalhar bem a voz de forma que não ficasse tão claro ser ele, apenas deixando o seu humor característico bem colocado nas piadas e forma de agir do personagem, não que seja um personagem tão empolgante de ver, mas de forma geral agrada. A demora foi tanta para que o longa fosse lançado que Maísa Silva cresceu demais e hoje já adolescente fica até estranho ouvir sua voz na boca da garotinha Fefa, que foi seu primeiro trabalho de dublagem, e felizmente assim como ocorreu com Gentili, não identificamos a atriz tão facilmente, e a personagem soou bem fofa e interessante de ver. Outro que foi bem nos seus momentos trabalhando bem a voz foi Rogério Morgado com seu Bola, trabalhando bem como secundário, mas funcionando dentro da proposta. Agora como bem sabemos, um dublador profissional é de outro nível, e Guilherme Briggs veio não com um personagem, mas com sete Invas completamente diferentes de entonação e que bem trabalhados interagem de forma tão gostosa que acabamos nos afeiçoando mais aos etzinhos do que com todo o restante. O vilão Gana Golber, dublado por Luiz Carlos Persy até fez umas maldades bem colocadas e trabalhou bem uma entonação forte, mas nada que assustasse o público alvo que era os pequeninos.
Dentro do conceito visual da trama, como volto a frisar o foco sendo os pequeninos, o longa é bem colorido, e trabalhou bem texturas e curiosidades para encaixar bem as piadas, e com isso vemos planetas bem diferentes, naves tecnológicas e armas bem pontuais. O maior problema aqui foi o exagero em não precisar erros de lógica, como crianças indo para outros planetas sem capacete, usando apenas um aparelho tradutor universal que do resto tudo correria bem, mas como em animações não ligam muito para isso, sem tantos problemas. Uma falta notada é que a trama poderia ter trabalhado alguns efeitos tridimensionais, mas como volto a frisar, no Brasil ainda não temos tanta tecnologia para isso, mas que o filme poderia ter, certamente poderia.
Embora tenha diversas pequenas músicas durante o filme, a canção composta para o filme, a música "Martelinho de Ouro do Espaço Sideral" é tão bem colocada com diversas expressões que falamos como "suave na nave", "amassaram meu carango", que diverte demais e agrada bastante.
Enfim, é um filme que está longe de ser perfeito, mas que agrada pela concepção inteira. Como disse, poderiam ter trabalhado melhor alguns elementos para não ficar tão infantil, que aí sim teríamos um longa para ser lembrado e indicado, mas como não foi bem assim, ele serve apenas para que você leve algum afilhado ou parente dentro da idade que o longa se propõe. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia, então abraços e até lá.
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