A premissa de "Monster Trucks" é algo interessante de se pensar, pois as corridas de caminhonetes turbinadas que passam por cima de tudo por si só já é algo bacana de ver na telona, mas claro que não seria algo palpável de acompanhar sem uma história mais colocada, então porque não colocar um monstro realmente na trama e assim termos algo mais fofo e bonitinho de acompanhar, transformando algo que seria pesado em algo mais infantil e que agradasse as crianças? Pois bem, usando da expertise que o diretor tem com animações, o resultado até foi bem trabalhado, mas faltou um pouco mais de dinâmica para que o longa decolasse, e não dependesse somente da fofura do bichão dentro do carro, pois no miolo do longa que é explicado um pouco mais da história, quase desliga tudo o que está acontecendo e o foco que era nas crianças, as mesmas acabam se dispersando e só voltam a se ligar quando os carros voltam a correr, ou seja, por bem pouco a trama não se perde por completo ao tentar colocar algo focado em ecossistemas e conceitos morais.
Procurando um jeito de sair de sua cidade e se dar bem fazendo o que gosta, Tripp (Lucas Till) controi um Monster Truck, uma caminhonete gigante feita com peças de carros sucateados. Certa noite, depois de um acidente provocado por uma empresa que perfura o solo em busca de petróleo, uma estranha criatura busca no caminhão um esconderijo e encontra surpreendentemente, no rapaz, um amigo.
Após muitas animações, o diretor Chris Wedge resolveu arriscar com um misto de animação com atores, o famoso live-action, e como sua habilidade é trabalhar bem a estrutura, o resultado é bem bacana de ver, não tendo tantos erros técnicos de interação dos atores com a criatura, e muito menos os carrões ficando falsos no meio da cenografia, porém faltou trabalhar um pouco mais a história e os diálogos para que não ficasse um longa exclusivo para crianças, com um mote exageradamente infantil. Não digo também que seja algo tão perdido de ver, e que quem for ao cinema esperando ver uma história bacana saia da sala decepcionado com o que verá, pois a ideia em si é boa, só ficou faltando dosar os momentos de cada estilo no momento certo, não tudo calmo de uma vez, história na outra, apresentação dos bichos em outra e assim sucessivamente, podendo tudo cair misturado que empolgaria mais e deixaria a ação na medida exata. Outro erro, mas que infelizmente pequenas produções acabam cometendo, é o de termos diversas cenas com enquadramentos mais fechados, pois se tudo fosse aberto apareceriam os erros da mistura de computação gráfica com realidade, mas se vai fechar praticamente tudo, temos de ter diálogos precisos para que tudo funcione bem ali dentro da cena, o que não aconteceu aqui.
Sobre as atuações, é fato observarmos que todos pareceram um pouco perdidos com o que fazer em cena, e embora não apareça defeitos técnicos nas atuações, é notável que o diretor se desejar continuar a trabalhar com atores, vai precisar melhorar muito o estilo de direção. Embora Lucas Till não tenha uma super bagagem de longas, ele vem se destacando de leve com bons papeis, e isso já começou a subir para a cabeça ficando com um estilo de galã que ele não tem, e claro que seu Tripp possui um jeitão adolescente descolado e tudo mais, mas conforme o papel foi se desenrolando a personalidade mudou tanto que parece que o longa foi filmado em duas épocas completamente distintas, o que não é legal de ver, não digo que seja errado, e até poderia mostrar esse "amadurecimento" com o texto, o que não acontece, e assim sendo o ator poderia ser menos forçado um pouco. O mesmo podemos dizer de Jane Levy com sua Meredith, pois na primeira cena, a garota aparenta ser uma nerd chata que irá pegar no pé do protagonista, e logo na próxima cena, ela já está de cabelinho solto, toda apaixonadinha pelo protagonista, na sequência já vai incorporando ação na personagem, e já nem sabemos mais se é a mesma atriz, ou seja, faltou coerência nas atuações. Outro grandioso erro foi colocar os atores que são os vilões da trama, muito parecidos, pois sabemos que o empresário não vai sair correndo atrás do monstro, mas no meio da dinâmica a bagunça é tanta que ficamos na dúvida realmente de quem é quem, e claro que nenhum dos dois ajudam com boas interpretações, ou seja Holt McCallany e Rob Lowe pecaram demais com seus Burke e Reece. Sinto uma pena que poderiam ter aproveitado mais Danny Glover com seu Weathers, pois como bem sabemos o ator é bem trabalhado nas nuances e aqui como um guinchador cadeirante poderia ter bons momentos para trabalhar ao invés de aparecer rapidamente em três cenas.
No quesito artístico a equipe de arte arrumou locações bem colocadas, carros bem estilosos para a produção e criou junto com a equipe computacional bichões bem interessantes cheios de dentes, mas com um carisma lá em cima, além de outros elementos cênicos que foram usados na medida certa para cada momento (por exemplo, o jogo Genius colocado com muita graça na trama). Na fotografia ficou interessante, e claro bem infantil também o bom uso das cores para determinar, papai, mamãe e filhinho nos monstros, carros para meninos, meninas e bobões, cena de tensão mais escura, cena de alegria tudo colorido, ou seja, manual completo do diretor de fotografia estreante, que funciona, mas não deixa sua marca na trama. Quanto do 3D do longa, temos algumas cenas com coisas saindo da tela sim, mas nada que impressione como poderia, afinal como sabemos bem, nas competições aonde temos essas grandes máquinas, tudo voa para todo lado, e aqui somente nas cenas iniciais se preocuparam com explosões, e alguns giros, e depois desligaram tudo de tal forma que quase dá para tirar os óculos da cara.
Enfim, faltou um pouco de tudo para que a trama empolgasse bastante, mas vale como diversão para levar a garotada que gosta de carros e monstros, afinal vão rir e se divertir com o que é mostrado, agora se você procura um bom filme com história para ver, a sala é outra. Fica assim sendo minha recomendação, e volto amanhã com mais um texto, então abraços e até lá pessoal.
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