A magia da Disney sempre vai nos acompanhar, seja quando você tem seus poucos anos e é apresentado ao primeiro desenho, depois vê um clássico, se apaixona, vê um filme mágico que permeia sua infância, e vai aparecendo pontinha aqui, pontinha ali, até chegar aos patamares mágicos que temos hoje, aonde uma produção que já era belíssima no começo dos anos 90 conseguiu manter a mesma essência musical deliciosa e envolver os adultos novamente com a magia de um longa animado clássico transformado em live-action com novas cenas, sim, mas o necessário do original mantido para que os sonhos flutuassem da mesma forma. E é com essas palavras que inicio meu texto do novo "A Bela e A Fera", que não apenas veio para os cinemas, mas mais que qualquer outro longa da nova fase live-action da Disney ganhará forças para diversas novas adaptações, pois irá arrebatar um público trabalhando bem a magia tradicional de suas produções, irá colocar novas vertentes que irão criar polêmicas, mas principalmente com uma produção bem criativa e mágica, e claro boas canções que sempre fizeram parte do mundo clássico Disney, o resultado acabará chamando muita atenção e irá encantar adultos que viram no passado e se apaixonaram pelo que foi mostrado, e consequentemente levará os pequeninos para conhecer esse mundo e desejar um dia ir ainda para o parque que Walt criou lá trás, mas que a cada ano que passa incrementa mais magia com suas produções criadas. Ou seja, um filme lindo, que possui defeitos sim, e irei mensurar melhor eles nas próximas linhas, mas que passa por cima de qualquer preconceito de musicais, de produções sem dinâmica e cria algo que esperávamos ver com todo o capricho necessário.
A sinopse do longa nos mostra que uma moradora de uma pequena aldeia francesa, Bela tem o pai capturado pela Fera e decide entregar sua vida ao estranho ser em troca da liberdade dele. No castelo, ela conhece objetos mágicos e descobre que a Fera é, na verdade, um príncipe que precisa de amor para voltar à forma humana.
Tudo bem que me empolguei no início do texto, mas é fato falarmos que essa nova produção que vem 26 anos após o original de 1991 muda o conceito das demais adaptações live, pois ou copiavam fielmente a história original, ou inventavam coisas absurdas de um nível que sequer imaginávamos ter visto nos clássicos de nossa infância, e aqui os roteiristas Stephen Chbosky ("As Vantagens de Ser Invisível") e Evan Spiliotopoulos("O Caçador e A Rainha de Gelo") se basearam fielmente no livro de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont e no clássico desenho da Disney para colocar tudo o que vimos lá nos anos 90, e acrescentar novos momentos, diversas pontas que eram largadas sem muitas explicações e junto disso criar vertentes incríveis que junto das ótimas e conhecidas boas canções se tornassem mágica nas mãos de um diretor experiente em fantasias e musicais como é o caso de Bill Condon ("Dreamgirls: Em Busca do Sonho", "A Saga Crepúsculo: Amanhecer"). Ou seja, montaram uma base incrível que o diretor só teve o trabalho de orquestrar magicamente com um orçamento monstruoso e fazer de sua produção um novo clássico Disney. É fato que ao adicionar novos elementos para a produção, algumas ousadias ficaram complexas, como por exemplo a polêmica da vez de incrementar a moda de temáticas homossexuais, com isso o filme tem passado um aperto em algumas cidades mais duras com a ideia, e LeFou está bem gay, não temos beijo nem nada, mas é claríssimo sua forma purpurinada e sua paixão por Gaston, mas não teremos nenhuma criança virando gay por ver um filme, ou seja, menos pessoal. Outra grande polêmica foi a mudança da classificação original de livre para 10 anos, e sim, tem muita base, pois é um filme com um teor um pouco mais pesado do que o original, pois temos violência verbal que é trabalhada, e alguns momentos mais duros, mas nada que uma criança não veja diariamente na tela da TV ou na rua atualmente, então vamos ser menos polêmicos e voltar para a magia que tanto insisto em falar que o longa possui, pois é aí sim que desejavam atingir e conseguiram.
Para nós brasileiros, algumas mudanças na legendagem vão dar tilte na cabeça enquanto ouvimos falar um nome e vemos outro escrito, portanto aqui no texto vou colocar os dois nomes dos personagens. Dito isso, é fato que tivemos muita captura de movimentos para os personagens animados, inclusive para a Fera, e isso deixa o longa sem uma característica humana mais forte, mas longe de ser um problema, o resultado acabou soando tão belo, que podemos dizer que todos acabaram se saindo muito bem na interpretação, agradando demais tanto na entonação da voz, quanto nos movimentos dos personagens. Mas claro que antes de falar dos objetos, temos de pontuar a beleza e o encanto de Emma Watson como Bela, que acabou cantando muito bem, deu uma vida real para a personagem e trabalhou olhares expressivos clássicos misturando com ares de deslumbre verdadeiro para cada momento, se surpreendendo com os objetos falantes, se emocionando ao ver a maravilhosa biblioteca e transmitindo carinho/amor aos poucos para com a Fera, ou seja, um show que há tempos não víamos ela fazer. Dan Stevens trabalhou com muita técnica a sua Fera, fazendo movimentos precisos com sapatos bem altos para ficar mais alto que Emma, trabalhou sua voz para ficar impactante e se desenvolveu com muita atitude para que cada momento pudesse chamar atenção mesmo não mostrando seu rosto realmente, e assim o resultado ficou forte e bem colocado. Luke Evans fez um Gaston bem mais rude que o da animação, e acabou virando realmente um vilão dentro da trama, fazendo olhares clássicos de egomaníacos e nas cenas de luta incorporando olhares tão fortes que chegaram a dar medo realmente, ou seja, agradou aonde deveria, e até foi bem sutil nos seus momentos junto de LeFou. E falando em LeFou, Josh Gad caiu como uma luva para o estilo que desejavam, de realmente um personagem alegre e que é apaixonado pelo seu amigo, fazendo muitas nuances gays, mas longe de ser um incômodo, a graça recaiu tão gostosa para seus momentos que acabamos nos afeiçoando à ele, e até torcendo para que arrume um companheiro melhor que o vilão, o que acaba não acontecendo, mas poderia. Kevin Kline foi bem light com seu Maurice, trabalhando todas suas cenas com olhares meio amalucados, clássico dos inventores/artistas, mas sempre bem colocado nos seus atos, talvez um pouco menos de exagero na cena com os lobos agradaria mais, porém nada que atrapalhe. A última atriz de carne e osso que vale a pena falar, fez apenas três cenas, e falou quase nada, mas com um olhar penetrante, Haydn Gwynne conseguiu chamar atenção com sua Agata/feiticeira. Agora falando dos objetos, já pontuei que todos foram muito bem nas entonações, mas temos de falar um pouco de cada um, e Ewan McGregor fez de seu Lumiere, aquele mestre de cerimônias que diverte, encanta e chama a responsabilidade para si, de modo que seu musical acaba virando um deslumbre único, Ian McKellen fez do sério Cogsworth (ou Horloge no Brasil) aquele personagem que é sempre certinho no que faz, mas que sempre acha uma pontinha para desandar não tendo como errar, Emma Thompson entrega a doce Mrs. Potts (ou Madame Samovar) com muita classe e desenvoltura, Nathan Mack faz o divertido Chip (ou Zip) com muita graça e diverte sem esforço, Stanley Tucci coloca o seu maestro Cadenza nos melhores pontos musicais e ainda consegue divertir na cena de luta, Audra McDonald bota um luxo máximo na sua Madame Garderobe fazendo roupas e mais roupas voarem para todo lado, e não menos importante, mas funcionando menos na produção, Gugu Mbatha-Raw entrega uma Plumette bem colocada nos movimentos, e que mostra dinâmica no relacionamento com Lumiere. Ou seja, todos funcionaram, agradaram nas cenas sérias, e se divertiram muito cantando nas cenas musicais, pois aí é que entra a grande magia Disney.
US$ 160 milhões!!! Esse é o valor estimado gasto na produção do longa, ou seja, a equipe de arte fez o que desejava e criou tudo o que víamos de mágico na animação, de forma real e possível de se encantar, pois mesmo os objetos foram animados usando técnicas bem próximas da realidade, e claro gastando muito de computação gráfica em cima, ou seja, se deslumbre com cenografias e locações incríveis, muito design gráfico ambientando cada cena, muitos elementos trabalhados e claro muitos efeitos visuais, colocando a mistura de luxo nas cenas do castelo, com a simplicidade da vila, mas tudo recheado de elementos cenográficos para incorporar cada momento, e funcionar dentro da proposta do longa. Detalhe que tenho de falar da cena do baile, que além de linda visualmente com muitos cristais cênicos, o vestido da protagonista ainda teve colado mais de 2000 cristais, que deram um luxo imenso à produção, criando algo que vinha simples, mas que acabou virando para um outro lado bem lindo que a equipe de figurino não deixou passar em branco. Aliado à isso, a equipe de fotografia trabalhou tantas cores para termos referências de sentimentos e ações, que vemos realmente a animação criando vida na nossa frente, e cada cena foi colocada sem margens de erros, o que é incrível, pois algumas cores não costumam funcionar em longas que usam técnicas tridimensionais, e/ou objetos computacionais demais, e aqui tudo encaixa, flutua, e funciona como deveria. Falando em efeitos computacionais e juntando com a técnica 3D que o diretor empregou, temos de falar de fato que a edição de pós-produção do longa trabalhou muito para que tudo ficasse o mais real possível, com muitas cenas com neve caindo na nossa frente, diversos momentos com objetos voando para fora da tela (a bola de neve vai te acertar na cara!) e até diversas cenas aonde a profundidade de campo funciona para que o longa não soe falso com tantos objetos animados, ou seja, um trabalho árduo para os técnicos, mas que acabou dando um resultado incrível mesmo que convertido, afinal muito pouco se filmou com câmeras 3D, já que são poucos personagens de carne e osso na maioria das cenas. E sendo assim, se possível veja nas salas 3D, pois irá compensar muitas cenas com bons efeitos.
Claro que sendo um longa quase 100% musical, a trama contou com as clássicas canções do longa original e incrementou diversas outras, ficando muito lindo de se escutar, aumentando ainda mais toda a magia da trama. E claro que deixo aqui o link com as músicas da trilha composta por Alan Menken (que compôs as músicas do original e de diversos outras animações da Disney desde 86) junto com Tim Rice, que aqui foram interpretada por Celine Dion, Ariana Grande, John Legend, Josh Groban, além dos atores principais que soltaram o gogó e fizeram muito bem em cena, afinal o diretor exigiu deles desde o teste de elenco que cantassem muito, e o resultado acabou ficando lindo de se ouvir.
Enfim, é um filme que tem falhas, mas que se vocês leram o texto todo viram que falei muito pouco delas, pois todo o restante acaba suprindo esses pequenos deslizes. Claro que não vai substituir o clássico de 91, mas merece ser colocado lado a lado, pois o trabalho completo de toda a equipe é algo que vai fazer todos saírem das sessões encantados com o que verão, e sendo assim, não só tenho que recomendar ver o filme, como talvez rever mais do que uma vez, pois assim como as crianças fazem de ficar repetindo vendo as melhores cenas, aqui é possível e vai agradar demais cada vez que for vista. Bem, assisti legendado como sempre faço, e as canções e tudo mais me agradou demais, mas pretendo se possível voltar para ver dublado e lembrar da forma vista na infância, então quem já tiver visto dublado e claro legendado também, os comentários estão abertos para conversarmos mais sobre a produção, pois é um filme que repito, vai agradar desde o pequenino que irá conhecer esse novo clássico, como os adultos que vão voltar à infância vendo um dos maiores clássicos da Disney. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a outra estreia da semana, então abraços e até breve pessoal.
11 comentários:
Soh corrigindo o LeFou encontra sim um amor e é correspondido.
Muito bom o texto, Fernando! Eu fui assistir logo na pré-estreia! O desenho de 1991 é um dos meus filmes preferidos da Disney. Achei sensacional o cuidado da produção em recriar a mesma atmosfera do desenho. Realmente, como você bem descreveu,a animação parece ganhar vida diante dos olhos.
Fiquei meio aborrecido ao ler algumas críticas por aí, dizendo que o filme pecou em "não ser original" e "copiar demais o desenho". Poxa vida, mas era EXATAMENTE isso que eu esperava!! Você, por outro lado, não me decepcionou na sua crítica hahaha.
Como já comentei com você pessoalmente algumas vezes, sempre dou uma olhada no seu site antes de assistir algum filme que eu esteja em dúvida, ou mesmo depois de assistir pra confrontar minha opinião.
Parabéns pelo trabalho!
Obrigado Juliana... não lembrava muito dessa última cena, estava curtindo a melhor música! Reverei dublado depois e confirmo!
Obrigado Guilherme!!! Todo mundo ama "A Bela e A Fera" original de 91... o meu favorito vem aí logo mais, "O Rei Leão", e estou com muito medo mesmo do que irão fazer!!! Quanto a galera crítica por aí, já me acostumei, eles tem de falar mal de tudo que é bom, e bem do que é ruim, senão não dá polêmica!! Obrigado por curtir meu trabalho, abraços!!
PARABENS PELO SITE MUITO BONS SEUS COMENTARIOS
Valeu Bruno!!! Estou aqui pra ajudar!!
Dica pra quem não viu "A Bela e A Fera" novo... a não ser que você goste de uma boa novela mexicana, não vá conferir dublado, pois o lipsink é muito estranho, com personagens mexendo a boca 10x pra falar 1 palavra... mas ao menos as músicas remeteram ao desenho que vimos no passado (afinal víamos dublado quando crianças)!... outra dica, a censura colocou 10 anos não é a toa, pois crianças menores que isso acabam cansando com a história sem muitas cores, fazendo com que comecem a reclamar pedindo pra ir embora, chorar e etc...
Mas para quem ainda for ver dublado, segue o nome dos dubladores: texto fica completo:
dubladores 1991
Bela: Ju Cassou
Fera: Garcia Júnior
Gaston: Garcia Júnior (diálogos), Maurício Luz (canções)
Lumière: Ivon Curi
Horloge: Isaac Schneider
Madame Samovar: Miriam Peracchi
Maurice: Pietro Mário
Lefou: Marco Ribeiro (diálogos), Pedro de Saint Germain (canções)
Guarda-Roupa: Maria Helena Pader (diálogos), Geisa Vidal (canção Humano Outra Vez)
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dubladores 2017
Bela: Giulia Nadruz
Fera: Fábio Azevedo
Gaston: Nando Pradho
Lumière: Ivan Parente
Horloge: Rodrigo Miallaret
Madame Samovar: Cidalia Castro
Maurice: Rodrigo Miallaret
LeFou: Alirio Netto
Guarda-Roupa: Simone Luiz
E também a trilha sonora em português: https://open.spotify.com/album/4PZ28Mp1USJ35G42uzZ0RP
Olá gostaria lembra também da obra La Belle et la Bête (A Bela e a Fera), bem legal também!Filme bom, com boa maquiagem e figurino. Bem completo pois conta a história do motivo da maldição do Castelo e da Bela.
A Bela e A Fera (Beauty And The Beast) gostei mas não assistir em IMAX assistir apenas em uma sala 3D muito profundidade parecia estar em um teatro belíssimo musical empolgante de mais!
Olá Tem de Tudo... curti muito o francês também... a crítica dele está aqui: http://www.coelhonocinema.com.br/2014/09/a-bela-e-fera.html E quanto da profundidade, espetacular realmente!!! Abraços!
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