Ahh o Texas, aquela vasta imensidão rural dos EUA que ou você sobrevive cuidando dos pastos, ou é um petroleiro, ou é um policial valentão que sai caçando as pessoas, ou claro é assaltante de banco, afinal com a segurança mostra em "A Qualquer Custo" certamente muitos já estão pensando em ir pra lá arriscar uns tiros. Piadas a parte, o longa é daqueles filmões do melhor estilo texano/western de se ver, trabalhando bem vertentes comuns, mas com um cerne mais atual dentro da proposta/motivo para estar roubando bancos, e com isso mesmo que seja errado, acabamos até torcendo pros ladrões do filme. É interessante vermos que a direção não forçou a barra em momento algum é utilizou diversos clichês tradicionais do estilo para que seu filme ficasse bem colocado, e isso de certo modo é o que tanto agrada na trama, ou seja, é algo que muitos reclamariam se fosse mal-feito, mas como não é o caso, cada cena é vivenciada, diverte e queremos que tenha mais uma logo na sequência.
Interior do Texas, Estados Unidos. Toby e Tanner são irmãos que, pressionados pela proximidade da hipoteca da fazenda da família, resolvem assaltar bancos para obter a quantia necessária ao pagamento. Com um detalhe: eles apenas roubam agências do próprio banco que está cobrando a hipoteca. Só que, no caminho, eles precisam lidar com um delegado veterano, que está prestes a se aposentar.
A pegada que o diretor David Mackenzie dá para o roteiro lembra muito a vertente que o roteirista Taylor Sheridan havia desenvolvido em seu projeto anterior ("Sicario"), mas não nas loucuras policiais, e sim no desenvolvimento de um longa em meio árido com nuances westerns bem colocadas e pontuando bem a saga mocinho versus bandido que tanto gostamos de ver em longas desse estilo, claro que sem muito bangue-bangue nem nada de estilo antigo, mas trabalhando ares novos, sallons novos e claro bancos novos, colocando pra jogo a nova forma do Texas que mantém ainda a essência western impregnada nas suas grandes planícies, mas que mudou de índios, cowboys bons e cowboys ruins para policiais, endividados e policiais. Embora não seja um filme que vemos tanto o trabalho da direção, mas sim as boas nuances que os atores embasam de seu estilo, o trabalho de Mackenzie é visto pelas boas sequências de perseguição abertas, a aridez impregnada no contexto dos personagens, e claro as boas críticas em cima do petróleo e dos bancos que tem cada vez mais tomado as casas das famílias texanas, da mesma forma que o personagem Alberto fala que os generais tiraram as terras dos índios no passado, ou seja, foi forte nessa insinuação bem colocada.
Sobre as atuações, o que posso falar de cara é que o ar caipira de sotaque forte nunca mais sairá de Jeff Bridges, que já em seu sabe-lá-qual-número de personagens desse estilo, fica claro seu gosto por personagens durões e bem caracterizados do interior dos EUA, e a cada cena preconceituosa sua em cima de seu parceiro, ao mesmo tempo que víamos uma boa conexão entre eles, também acabávamos ficando bravos, mas vendo tudo como uma boa piada de parceiros/amigos/colegas de trabalho, e que no final vemos bem isso mesmo, talvez pudesse ser menos caricato, mas aí não seria o Bridges nem o ranger Marcus. Chris Pine combinou bem com seu Toby de modo que em alguns momentos sentimos pena dele, em outros ficamos torcendo para conseguir o que quer, mas faltou um pouco mais de dinâmica real para ele, como acaba acontecendo nas cenas finais, pois se o ator se colocasse como fez ali no longa inteiro, teríamos um personagem digno de muito respeito. Da mesma forma Ben Foster se colocou bem como um cafajeste da melhor estirpe, que certamente aprontou muitas antes de chegar até ali com seu Tanner, mas que mostrou seu melhor lado também nas últimas cenas, não que tivesse sido ruim no início, só demorou um pouco para engrenar com tudo. Gil Birmingham caiu muito bem dentro da proposta de Alberto, um mestiço índio/mexicano/americano que com cenas bem trabalhadas, e claro muito preconceito na cabeça acaba desenvolvendo algo bem colocado na produção. Dentre os demais, todos fizeram o básico, não atrapalhando o desenvolvimento dos protagonistas e agradando dentro do possível, mas talvez pudessem ter dado um pouco mais de personalidade para as mulheres não serem tão jogadas no longa.
No quesito visual, é fato que o ar árido com os belos campos desérticos do Texas sempre vai envolver em cenas de perseguição e até mesmo em desenvolturas com uma câmera bem parada, e o diretor que souber fazer bom uso dessa fotografia, trabalhando somente elementos chave para que tudo se encaixe não tem como errar. Aqui a equipe de arte junto com a de fotografia encaixou bons momentos em cenas bem abertas, junto de muitas armas interessantes, bancos sem segurança alguma, prontos para serem roubados, e boas colocações críticas em cada cena, ou seja, um trabalho simples, bem seguro do que desejavam, e que no decorrer ainda pode mostrar bem carros tradicionais de fuga.
Enfim, um filme muito bom que poderia ainda ser mais perfeito caso quisessem, e trabalhassem melhor os atores/personagens para que desde o começo fizessem muita ação e dinâmica, mas que mesmo com leves defeitos ainda agrada demais quem gostar do estilo drama/crime/western, e recomendo ele bem mais para esse público do que para a galera que prefere filmes mais lights, pois a chance de reclamar de excessos aqui é alta, afinal o estilo western é um estilo bem enfeitado, porém a diversão é tanta com as partes mais cômicas, que até mesmo quem estiver nos seus piores dias é capaz de rir bastante com tudo o que é mostrado. Bem é isso pessoal, termino aqui essa semana cinematográfica bem recheada de estreias, mas já volto amanhã com a primeira crítica da próxima semana que será bem curtinha, então abraços e até breve.
2 comentários:
Quantos coelhinhos? Aqui nao aparece pra mim.
Agora sim apareceu. 8 coelhinhos.
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