Se tem uma coisa que me estressa nessa vida é ver pessoas aproveitadoras, já havia ficado bravo vendo filme da Apple, vendo filme do Facebook, e agora com McDonald's foi a mesma sensação, pois alguém cria algo, vem uma mente "empreendedora" (que pra mim é nome de pilantra que estudou apenas) e rouba essa ideia de uma maneira tão forte que acaba transformando uma marca em algo gigantesco, mas para isso mata outras pessoas deixando à minguá. Não digo em momento algum que o filme "Fome de Poder" é ruim, muito pelo contrário, é um filmaço, com uma história incrível muito bem desenvolvida e atuada com personalidade total por todos atores, mas não consigo ter outro sentimento senão raiva por tudo que Ray Kroc faz em cena, e que muitos outros aproveitadores irão fazer ainda com outras empresas, pois o que mais existe no mundo são aproveitadores e empresários bobos que caem em conto da carochinha com facilidade. Ou seja, vá conferir o filme, fique bravo com o protagonista e também se divirta com as situações aprendendo um pouco de como é possível ficar rico enganando pessoas que tiveram boas ideias, mas não as desenvolveram de forma grandiosa.
O longa conta a história real do visionário proprietário do McDonald’s. Ray Kroc é um vendedor do estado de Illinois, nos Estados Unidos, que conhece Mac e Dick McDonald e fica impressionado com a velocidade com que os irmãos operam uma hamburgueria no Sul da Califórnia nos anos 50. Kroc vê potencial para a criação de uma franquia e adquire uma participação nos negócios. Pouco a pouco ele assume a rede, transformando a marca McDonald’s em uma das mais expressivas do império alimentício.
Deixando um pouco de lado a raiva de oportunistas, vamos analisar um pouco o filme em si, e fazendo um pouco diferente do estilo que usual de suas produções, o diretor John Lee Hancock ("Um Sonho Possível", "Walt Nos Bastidores de Mary Poppins") fez um filme bem correto, aonde dando muito material para o protagonista estudar, o que vemos na tela é uma reprodução quase exata de Ray Kroc (o vídeo no final mostrando a mesma entonação de voz chega a ser impressionante!) e com isso pudemos ver uma história baseada em algo que realmente aconteceu, com a melhor precisão de detalhes visuais e que se o McDonald's não patrocinou o longa, o longa acabou sendo um marketing gratuito e tanto. A grande sacada do diretor foi trabalhar ato a ato, pois não vemos recortes de cenas perdidas e muito menos os fatos ocorrendo isoladamente, de forma que ao mesmo tempo que os criadores vão tocando sua loja, Ray vai desenvolvendo seu molde de franquias de maneira cruel e impactante, e diferente de outras biografias, não fizeram questão de amenizar o tranco, mostrando que realmente ele era um oportunista sem escrúpulos algum que se achasse uma brecha para ganhar mais dinheiro faria sem pensar, como bem fez, mas mais do que mostrar o quão cara de pau foi esse "fundador" da rede, o diretor fez questão de mostrar o estilo de produção do Mc que com muita organização é a rede mais rápida de fastfood do mundo.
Como disse antes a atuação foi algo para ser aplaudida de pé, pois Michael Keaton viu diversos vídeos do Ray original, trabalhou bem sua voz e criou um personagem tão real que chega a impressionar, e claro que não chegamos a ficar com raiva do ator, mas sim do personagem que de tão inescrupuloso acaba sendo o primeiro vilão realmente protagonista em um drama, ou seja, uma nova modalidade para ser trabalhada em filmes, a qual Keaton vai poder ministrar cursos, pois fez muito bem o personagem e conseguiu chamar todas as atenções para si. Nick Offerman fez Dick McDonald de uma forma bem singela, mostrando que junto de seu irmão criaram algo muito bem elaborado, treinado como uma equipe mesmo para que a qualidade em si fosse o ponto forte da marca, não se importando tanto com lucros, mas sim com a felicidade de quem comesse seu lanche e tomasse seu milkshake, de maneira que o ator estava sempre com um olhar apaixonado pela empresa que agradou demais de ver. Da mesma maneira, John Carroll Lynch trabalhou seu Mac McDonald com muita vida, trabalhando olhares, dinâmicas e até infartando de raiva com todas as falcatruas que seu "sócio" fez contra eles, e o ator não minimizou em momento algum o personagem trabalhando com uma vontade ímpar ao mostrar cada parte do processo industrial de lanches. Laura Dern já foi bem melhor no seu estilo de atuar, pois como Ethel Kroc fez uma mulher muito murcha de atuação, quase sem vida, que não sei se na biografia fizeram questão de minimizar ela, ou se realmente a primeira esposa de Ray era tão fraquinha, de modo que o que acabou parecendo foi falha da atriz. Já pelo contrário, a segunda esposa Joan, que foi interpretada por Linda Cardellini foi linda como seu nome, trabalhando bem olhares sedutores, de modo que logo na sua primeira cena já sabemos o rumo que vai tomar todo o restante, ficando claro suas intenções junto com o oportunista do filme. Os demais atores trabalharam bem estilos para dar âmbito a tudo o que Ray fazia, e temos de dar leves destaques para Patrick Wilson como Rollie Smith e B.J. Novak como Harry Sonneborg, pois ambos fizeram bem seus papeis, trabalhando bem o estilo corporativo, mas com o fechar da história ficamos sabendo que ambos acabaram também surrupiados por Ray, o primeiro perdendo a esposa, e o segundo nas ideias.
No conceito visual, o trabalho da equipe de arte foi bem árduo, pois recriar os McDonald's dos anos 50 foi algo que exigiu muito já que tiveram de construir as lojas, já que hoje praticamente nenhuma mais segue esses moldes, arrumar as máquinas simples, mas muito geniais da época, muitos figurinos interessantes e claro carros e cenografias bem colocadas, ou seja, um trabalho da arte primoroso para não escapar nenhum detalhe. E dentro da equipe de fotografia, fizeram o básico de trabalhar claro com muito das cores da marca como o amarelo e o vermelho, mas usando um pouco de sujeira nas lentes para dar um ar de época (a fórmula mais tradicional e cliché de fazer isso), mas que acabou soando simples e bem feita, sem que nada fosse surpreendente, mas também não falhasse.
Enfim, é um filme que pode servir tanto para uma boa sessão divertida nos cinemas, como pode servir para que empresas mostrem persistência para conseguir algo, mas claro que tem de ser trabalhado um pouco o como não fazer, pois é fato que tudo o que Ray conseguiu foi de modo inescrupuloso e isso nas mãos de um funcionário ruim pode afundar uma empresa. Portanto vai ser daqueles filmes que veremos falar em palestras motivacionais, que alguns treinadores usarão para exemplificar empreendedorismo, mas que dificilmente passará em canais de TV, pois como bem sabemos, tem todo um marketing em cima da marca McDonald que as TVs gostariam de ganhar um pouco, e certamente o grupo não irá pagar nada a mais para passar "seu" filme em canal algum. Bem é isso pessoal, recomendo o longa por ser muito bom em termos de história, produção, direção e atuação, mas que se dependesse de recomendar pela índole de Ray Kroc, falaria para todos fugirem da trama, pois dá raiva demais tudo o que faz. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto de alguma das muitas estreias que apareceram nessa semana, então abraços e até breve pessoal.
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