Já disse algumas vezes que o risco de biografias é mostrar personagens que conhecemos interpretados por algum ator que não remeta a nada o personagem principal, e aqui em "Papa Francisco - Conquistando Corações", tivemos dois grandes problemas com essa situação, a primeira na caracterização de Darío Grandinetti para que sequer ficasse um pouco semelhante com o protagonista, e a segunda com a distribuidora que só colocou cópias dubladas e ainda colocou um dublador que não transmite a serenidade gostosa que é ouvir as mensagens humildes de Francisco, ou seja, temos um filme que mostra que desde jovem Jorge Bergoglio era um doce de pessoa, bem colocado, sempre pronto para humanizar as coisas, mas que falha em não ser tão fiel visualmente e sonoramente. Portanto está longe de ser algo ruim, mas está mais longe ainda de ser aquele filme que transmita toda a paz que poderia mostrar. Detalhe, a cena do conclave com fumaça branca fará mais uma vez com que os católicos se emocionem!
O longa nos mostra que quando criança, o jovem Jorge nunca imaginaria quem viria a se tornar no futuro. Com o passar dos anos, o argentino Jorge Mario Bergoglio começou sua preparação para, finalmente, ser sacramentado como o Sumo Pontíficie da Igreja Católica, o Papa Francisco. Esta é a história de sua vida.
O trabalho do roteirista e diretor Beda Docampo Feijóo é algo que possamos dizer bem feito, pois trabalhou diversas vertentes em cima do livro de Elisabetta Pique, mostrando um pouco da ditadura argentina, a quebra de paradigmas da igreja em suas duas fases ostentação vs pobreza e até mesmo diversas imposições que muitos faziam em cima do padre Jorge como sempre gostou de ser chamado. Não digo que a ideia de colocar uma história secundária como a de Ana, para ir trabalhando a amizade de uma jornalista com o padre, foi algo genial e bem feito, mas ao menos serviu de base e acabou dando uma boa conexão. Porém vou ser categórico ao frisar que ao fazer qualquer biografia, a história pode ser divergente, podem inventar coisas que não aconteceram exatamente daquela forma, mas a base máxima é arrumar um ator muito semelhante, ou uma equipe de maquiagem precisa para caracterizar ao máximo o protagonista, pois vemos as mensagens de paz, vemos as situações bonitas acontecendo, mas não conseguimos ver Francisco em cena, e mesmo que não tenhamos conhecido ele jovem fazendo tudo, ninguém muda tanto quando fica velho, de criança para adulto é aceitável, mas de adulto para senhor ficamos no máximo com rugas e perdemos cabelo. Dito isso, o filme sim vai comover católicos, vai funcionar como uma boa biografia, mas vai faltar muito para dizermos que é algo que valha realmente ver.
Já falei um pouco sobre a caracterização de Darío Grandinetti como Jorge Bergoglio, ou mais conhecido atualmente como Papa Francisco, mas sem dúvida alguma temos de falar da boa interpretação que o ator fez, com gestual bem trabalhado e harmonia interessante de movimentos, como disse não vou opinar sobre sua forma de falar, afinal a distribuidora mandou apenas cópias dubladas (e com isso a voz ficou estranha na dublagem), mas num contexto maior a mensagem foi bem passada. Agora embora seja uma história bem jogada e fraquinha demais de acompanhar, Silvia Abascal caiu muito bem como Ana, trabalhando olhares tão fortes e bem colocados em todas as cenas que por bem pouco não podemos dizer que é uma história dela com vertentes do Papa, e acredito que na versão original (não dublada) a atriz tenha roubado bem a cena. Dos demais atores temos pouquíssimos momentos para chamar atenção, e como tudo gira bem em cima dos dois protagonistas, a ideia completa funciona ali, restando aos demais apenas figurações de luxo.
O visual da trama se empenhou em mostrar a simplicidade de vida que o padre sempre prezou, usando de locações bem pontuais, aonde pudesse colocar o lado dos pobres, mostrasse bem o momento ditadura, usou figurinos de época colocados na medida certa, e trabalhou cada ato com serenidade de elementos cênicos para que tudo fosse mostrado sem correr nem falsear demais, ou seja, um trabalho singelo, mas bem feito, que até poderia alçar voos maiores, mas optaram pelo menos é mais. No conceito da fotografia tivemos muitas cenas claras demais, e sabemos que interiores de igrejas geralmente são escuras, portanto poderiam ter amenizado um pouco a quantidade de iluminação para o tom ficar mais sereno ainda.
Enfim, é um filme simples que poderia ser melhor, mas que vai funcionar para o público-alvo que são católicos que desejam conhecer um pouco mais da história do Papa antes de ser Papa, e assim sendo agrada dentro do aceitável. Friso que poderia ser algo de um nível muito melhor, mas também friso que nada é absurdo de sair reclamando totalmente da sessão. Então deixo assim minha recomendação que quem for conferir (se achar uma cópia legendada será melhor ainda) vá e tente não se preocupar tanto com a história paralela, mas sim com o que vai importar, que o resultado será bem melhor. Bem é isso pessoal, esse foi apenas o primeiro dessa semana que será bem agitada, então abraços e até breve.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...