Filmes de julgamentos já começam com pré-conceitos a serem quebrados, pois é difícil assistir a um filme desse estilo sem acusar alguém logo de cara, ir mudando de opinião no meio, voltar para sua primeira opção e às vezes se surpreender com o fechamento. Digo isso, pois somente com o trailer de "Versões De Um Crime" já conseguimos matar diversas hipóteses logo de cara, e dificilmente durante o longa todo iremos acusar todos os entrevistados pelo que é exibido de cara. Mas a dica fica para observarem tudo, e quem sabe você sairá mais feliz da sessão por ter descoberto algo, ou triste por o filme não verter melhor esse que é um dos estilos mais gostosos de assistir quando se tem julgamentos quentes e que fazem o público ter mil reviravoltas na cabeça, e que infelizmente não acontece aqui, pois tudo é singelo, os depoimentos são fracos, a defesa é fraca, e se necessita narração demais da mente do advogado para que o filme se desenvolva, então longe de ser um filme ruim, o resultado acaba sendo apenas satisfatório, mas que dá para passar um tempo na frente da telona, isso dá, e para os amigos de Direito que gostam de longas para discutir, acaba servindo como um bom divertimento.
A sinopse nos conta que quando um adolescente é acusado de assassinar o pai rico, um advogado é encarregado de defendê-lo no tribunal e revelar a verdade por trás do crime. À medida que investiga, descobre que a mãe do garoto está ocultando diversos fatos essenciais ao caso.
O trabalho da diretora Courtney Hunt é simples e direto, ela vai brincar com sua mente ao quebrar o longa cada hora mostrando uma versão possível de seguir com os depoimentos, mas sempre de modo bem singelo, sem reviravoltas grandes, ou abstrações críticas para que julguemos cada um atacando o outro, e com uma acusação também bem light não temos as tradicionais disputas fortes que vemos em longas de julgamento, ou seja, a diretora fez as filmagens do assassinato, fez as da viagem, e fez as do tribunal tudo num linear leve e aceitável, sem muitos questionamentos que claramente poderiam estar no roteiro de Nicholas Kazan, e sendo assim, o resultado até flui bem, choca um pouco com o fechamento, mas nada que você saia da sala impressionado com o que é mostrado, de forma que poderia ter mais de tudo.
Sobre as atuações, anda meio difícil Keanu Reeves errar a escolha de um papel, e aqui seu Ramsey é bem colocado, se mostra como um advogado de elite bem determinado a seguir seu plano perfeito e consegue expressar bem seus sentimentos em cada cena, diria que poderia ter feito menos narrações em off para que o filme fluísse sozinho, mas isso já seria querer que mudassem a forma do roteiro. Gugu Mbatha-Raw fez bem seu papel como Janelle, mas fez expressões tão estranhas que ficamos na dúvida do que estava realmente sentindo nas cenas, de modo que poderia ter trabalhado melhor a interpretação de suas cenas para algo mais convincente, embora seja uma indicação meio que jogada o que fizeram com a personagem. Faltou também um pouco de atitude para a personagem de Renée Zellweger como Loretta, pois a personagem é extremamente importante e foi usada pouquíssima no longa, deixando tudo para o final, fazendo algumas caras de paisagem no miolo e faltando atitude para chamar a responsabilidade cênica para si. Agora Gabriel Basso caiu num personagem tão fraco, que seu Mike mesmo sendo o acusado, ficou mudo quase 80% do filme, fazendo alguns semblantes jogados e sem muito o que mostrar, por pouco não foi esquecido em cena como um objeto. Dos demais personagens, temos de dar leves destaques para Jim Belushi como o morto Boone, que fez cenas duras nas lembranças do caso, mostrando alguém bem violento e interessante de trabalhar a história, Jim Klock como Leblanc com suas acusações bem pontuadas, e claro Nicole Barré como a aeromoça Morley em suas duas cenas bem pontuadas e expressivas.
No contexto cênico poderiam ter trabalhado mais os objetos para termos pistas melhores, e claro irmos montando o quebra-cabeça em si, não deixando apenas para a última cena mostrar tudo, pois ficar em um juri o tempo quase que inteiro, dentro de um avião minúsculo e num quarto de casa quiseram deixar o longa econômico demais, e acabaram perdendo o tino em diversos momentos com poucos ângulos para usar, ou seja, um trabalho simples demais da equipe de arte. Na fotografia então nem se fala de simplicidade, já que usaram iluminação padrão para todas as cenas, não criando tonalidades em momento algum, o que acaba soando bem fraco para um filme que deseja algo a mais.
Enfim, é um filme interessante e bem feito, mas que poderia ser arrasador com pequenas mudanças, de modo que não ficasse tão dependente da última cena para impressionar. Portanto recomendo sim o longa para debates em cursos jurídicos, para amigos que gostam do estilo de filmes de julgamentos e até para quem gosta de um drama bem levinho, mas vá ver sem muitas pretensões, senão a chance de decepção é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.
2 comentários:
rapaz nao assiti esse filme à época, vi na nextflix essa semana e fikei decepcionado com o final, portanto vim aqui ver sua crítica. mais um ponto pra vc, pois disse q nao adiantaba ir com mta expectativa... esse foi o meu caso. Valeu Coelho!!!
Opa valeu Júlio... o mais engraçado é que minha irmã vai sempre comigo nos filmes que ela quer ver, e ela matou só com os trailers o final... então previsível demais que poderia empolgar mais!! Abraços!
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