Manter a boa essência e adicionar sentimentos, esse é o segredo de grandes continuações do cinema mundial, e que sempre vai funcionar se souberem fazer bem feito usando o molde. Digo isso, pois "Guardiões da Galáxia Vol.2" não reinventa a roda, apenas põe ela pra rodar de uma maneira gostosa e bem colocada que acaba agradando bastante ao trabalhar mais cada personagem que já conhecemos bem, e inserindo rapidamente diversos outros de forma a criar um contexto maior dentro do universo dos personagens. Claro que como o primeiro filme foi uma grandiosa surpresa, empolgando todos de maneiras inimagináveis, esperávamos muito mais desse novo longa, e assim sendo o filme acaba sendo apenas muito bom (sim, queríamos algo que saíssemos pulando da sala!) e isso já é algo satisfatório para que você vá conferir o longa sem pensar em nada, mas para quem gosta mais do que apenas ação, e quiser saber mais de cada personagem do universo, sem ler os quadrinhos, é preciso assistir mais que uma vez o longa, e ainda assim é capaz de não entender todas as mensagens e situações que ocorrem na trama, e como costumo dizer, um filme tem de ser capaz de passar todas as suas mensagens sem depender de acessórios, o que não é 100% o caso aqui. Ou seja, é um filme praticamente feito para quem gosta de boas cenas de ação, com uma história bem desenvolvida, sem necessariamente precisar de grandiosas batalhas, que diverte e emociona bastante, mas que falha em querer funcionar para todos, sendo mais voltado realmente para quem for fã das HQs e filmes do estilo. Não que você que não se enquadre nesse grupo não consiga se divertir com o que é mostrado, mas vai faltar um pouco de conexão com tudo.
A sinopse em si é simples, e nos conta que apesar das desavenças, Peter Quill, Gamora, Rocket Racoon, Baby Groot e Drax formam uma equipe e tanto, já sendo conhecidos como os Guardiões da Galáxia, viajando ao longo do cosmos lutando para manter sua nova família unida. Enquanto isso, Peter descobre segredos sobre a identidade de seu pai e na busca por ele, inimigos acabam se tornando aliados.
É interessante pararmos para pensar que antes de assumir o comando do universo dos Guardiões, James Gunn era praticamente não mencionado no mundo, mas fez um trabalho tão memorável com o primeiro filme que mostrou não ser apenas um conhecedor desse meio, como também soube dosar um estilo mais abstrato dentro do tão comum universo de super-heróis, e ao manter o estilo cômico que o longa pede incorporando com uma boa levada que tanto agradou em 2014, ele apenas trabalhou mais o conceito "família" (usando de todos os vértices possíveis para a expressão), incorporando mais emoção e sentimentalismos para que seu novo trabalho ficasse ainda mais carismático (claro que Baby Groot deu uma baita de uma ajuda para isso) e singelo de ver, de forma que o diretor e roteirista apenas precisou trabalhar o mesmo elemento para cada personagem, e com isso fazer com que seu filme tivesse vida, o que é bacana de ver. Não digo que ele tenha feito algo insano que vamos sair aplaudindo sem parar (digo isso como alguém que não conhece bem o universo da trama, pois os fãs andam ficando enlouquecidos com tudo o que é mostrado), mas temos que reconhecer que o filme passa tão rápido e de uma forma tão gostosa de ver que não tem como não sair feliz com tudo.
Quanto das interpretações, é fato que Chris Pratt é um ator que vem se desenvolvendo cada vez mais, e que sempre trabalha bem tanto nas expressões quanto no carisma que acaba passando para seus personagens, de modo que seu Peter é bem descolado, e vai incorporando bem os momentos da trama, que acabarão tendo mais sentido nos longas futuros, pois aqui por bem pouco não esquecemos dele para ficar olhando somente o Baby Groot, afinal o ator foi correto em todos os momentos, mas poderia ter ido muito além. Já que falei de Groot, vamos ao que temos de pontuar, se Vin Diesel apenas dublou: "I am Groot", ele precisa devolver um pouco do cachê, mas como também deu desenvoltura na captura dos movimentos, podemos dizer que o ator sabe dançar muito bem e adequou demais as expressões carismáticas dessa plantinha que tanto adoramos, e que se lançarem um filme só dele vai quebrar as bilheterias. Outro que deu um tom de voz muito bem colocado foi Bradley Cooper para seu Rocket, incorporando bem o estilo que o ator sabe fazer muito bem, e que caiu como uma luva para tudo o que o "guaxinim" tanto trabalha na trama, agradando com estilo. Zoe Saldana também melhorou muito sua Gamora, mas ainda ficou deslocada na maior parte da trama, parecendo que nem a atriz desejava se desenvolver mais, e nem o diretor queria isso, o que acabou deixando a trama um pouco estranha nessa conexão de protagonistas. Dave Bautista foi o que mais melhorou seu personagem Drax, tendo mais desenvoltura, mais comicidade e encaixando melhor suas cenas de forma que passa a chamar bastante atenção, e certamente, se deixarem, seu personagem pode até sobrepor o protagonista. Kurt Russell até tentou fazer de seu Ego um personagem maior e mais bem desenvolvido, mas as explicações coerentes de quem é ele, e o que tanto chama atenção acabou minimizada demais (certamente foram gravadas bem mais cenas suas, mas cortadas no material final), pois como disse antes ou você conhece um pouco sua história, ou acaba ficando como um vilão meio que jogado de ideologias, e não que o ator não tenha dominado a personalidade, mas faltou um pouco para empolgar como um daqueles vilões que chega a dar raiva. Michael Rooker também soube agradar em suas cenas como Yondu e a cada assobio fazia a alegria na tela com sua flecha na projeção 3D. Dos demais, a maioria se saiu bem, mas são tantos personagens com tempo de tela suficiente, que se formos falar de todos aqui o texto vira só de personagens, então vale destacar apenas as rápidas cenas de Sylverster Stallone como Stakar (que pouco faz no filme, mas que sendo um personagem importante para a trama no futuro acabou caindo bem), Elizabeth Debick como a super dourada Ayesha (que com muita beleza e raiva acaba chamando atenção), e claro Karen Gillan com sua Nebula sempre nervosa e que acaba desenvolvida melhor na trama. E também apenas para citar, temos de falar o quão agradável e divertido ficou os vários tripulantes da nave de Yondu.
No quesito cênico o longa é daqueles que fazem valer a diversão de só para olhar detalhes para todos os lados, procurando personagens do próprio universo deles e/ou da Marvel em si, mas sem atermos para esse detalhe, e falando só do filme sozinho, temos tantos belos planetas, decorados com minúcias computacionais que ficamos abismados com a equipe de arte computacional, e claro com os de objetos também, afinal os personagens carregam muitas armas, figurinos incríveis e não andaram só por telas verdes, então temos de pontuar que aqui é o estilo de que cada detalhe conta e muito. Vale também falar bem de Ego como um todo, pois sendo um planeta-vivo trabalharam tanto nos elementos cênicos, colocando tudo em movimento, com muita vida e ambientações incríveis que ficaríamos facilmente olhando e pontuando cada detalhe sem repetir nada durante um bom tempo. A fotografia do longa também acabou bem encaixada, pois ao trabalhar uma gama imensa de cores, com cada personagem de uma cor, um cenário de outra, armas e tiros de outra e assim replicando mais e mais, para conseguir os efeitos 3D, a equipe certamente teve um trabalho de iluminação daqueles de arrepiar só de pensar, pois nada é mal-iluminado, nada tem sombras de menos ou de mais, e tudo funciona muito bonito de ver, ou seja, se atentaram a detalhes mínimos para que o longa ficasse com o máximo de boas impressões visuais. Claro que para funcionar bem tanto a fotografia como a arte, a equipe trabalhou muito nos efeitos especiais e acabou criando elementos tão bem dosados que parecem funcionar sozinhos, dando um ar notável para a produção tanto nos personagens, como em tudo o que eles utilizam para atirar, pegar, etc. Agora se em outros filmes de heróis o 3D anda sendo usado apenas de enfeite para ganhar dinheiro mais rápido com o ingresso mais caro, aqui podemos falar com toda certeza que cada detalhe convertido em 3D foi bem pensado e funciona demais, seja em profundidade de campo com a flecha de Yondu passeando por todos os ambientes, ou na vastidão cênica de cada planeta e das cenas em primeiro plano de Grooth, como nos pequenos elementos que saem da tela flutuando, brilhando e incorporando com um detalhismo incrível para que todos pudessem brincar e se divertir com o que é colocado, ou seja, vá conferir com a máxima tecnologia, numa telona bem grande (recomendo sempre a sala Imax aonde tiver) que vai valer a pena.
No conceito musical, o longa voltou ainda mais para trás nas escolhas, e agradou bastante no estilo de dar ritmo para a trama e também fazer com que o público fique batendo os pés no chão acompanhando tudo o que é tocado, ou seja, funcionando como um elemento a mais na trama, pelos personagens estarem sempre colocando seu mix musical para tocar, ou seja, a música acaba fazendo parte dos Guardiões e agrada demais a ótima escolha. E como não poderia ser diferente, deixo aqui o link das músicas para que todos possam escutar e se divertir bastante após a sessão (afinal não será em todos os países que lançarão o Doritos com a trilha para guardar, além de já ter esgotado).
Enfim, é um filmaço, que até poderia ser melhor (particularmente prefiro longas com menos personagens para se desenvolver, mas em breve teremos "Guerra Infinita" com mais gente ainda!!) se não se preocupassem tanto em desenvolver cada personagem e sua afinidade familiar, mas ainda assim com todo o conceito de ação e diversão o longa acaba sendo tão divertido e agradável que isso acaba passando despercebido, e talvez numa segunda conferida sem ter de escrever sobre o longa eu me divirta mais, e sendo assim é claro que mais do que recomendo o longa para todos que gostam do estilo, mas principalmente para os fãs de HQs, pois certamente esse universo é mais para eles do que para os meros mortais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a outra estreia da semana, então abraços e até mais.
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