Romances adolescentes leves sempre possuem espaço na programação, pois vai levar as jovens para se inspirar em garotos românticos (algo praticamente inexistente no mundo atual, mas também meio inexistente mulheres que realmente gostem de garotos românticos atualmente!) e situações tão leves e gostosas de acompanhar, que o tempo acaba passando e você nem vê a trama deslanchar. Essa é a forma mais despretensiosa de definir "O Espaço Entre Nós", pois utilizando da mesma pegada de diversos outros longas do gênero, e adicionando um lado ficcional interessante, o resultado acaba fluindo gostoso e trabalhando de uma maneira bem honesta para com o que o público espera do longa. Ou seja, não vai ser uma obra de arte memorável, não vai fazer você sair emocionado lavando o cinema, nem vai fazer você refletir sobre a vida na Terra versus a vida em Marte, e principalmente não é algo para ser levado tão a sério, pois possui muitos defeitos nas resoluções escolhidas para mostrar, mas que com certeza vai te entreter nas duas horas de projeção, vai fazer você cantarolar as canções gostosas muito bem escolhidas e vai fazer você ver que os dois atores que já fiz apostas de despontar no cinema americano estão começando a botar as manguinhas para fora com bons trejeitos interpretativos, ou seja, logo mais veremos eles bem encaixados. Portanto vá ao cinema e relaxe com esse romance bem levinho e seja feliz, pois temos muitos outros longas que estão dispostos a se encaixar em todas as demais vertentes.
O longa conta a história de Gardner Elliot, um menino curioso e altamente inteligente, nascido e criado em Marte. Sua mãe descobriu a gravidez após decolar no ônibus espacial que carregava a missão de colonizar o planeta vermelho, e morreu por complicações no parto sem nunca ter revelado o nome do pai.
Convivendo com apenas 14 pessoas nos primeiros 16 anos de vida, o jovem astronauta recebeu uma educação restrita e pouco convencional, que alimentou uma enorme vontade de conhecer o seu pai biológico. Mas com a ajuda de Tulsa, uma garota do Colorado, USA, que se torna uma grande amiga virtual, Gardner consegue criar forças para descobrir a qual lugar do universo pertence.
Quando finalmente tem a chance de viajar para a Terra e conhecer sobre tudo o que leu enquanto esteve no espaço, Gardner descobre que seus órgãos não resistem à atmosfera do planeta. Ansioso para encontrar seu pai, o garoto escapa da equipe de cientistas que o cuidaram desde o nascimento e junto com Tulsa embarca em uma inesquecível corrida contra o tempo.
Acho divertido quando a distribuidora coloca na sinopse completa praticamente todo o filme, pois se você não estiver disposto a ver o filme, só ler o que coloquei acima e pronto, você sabe quase tudo o que vai acontecer em minúcias. Mas isso é fácil de dizer também, afinal os roteiristas não se preocuparam tanto com floreios na história, e para ser mais preciso, nos momentos que tentaram trabalhar questões mais complexas, como sentimentos e/ou descobertas do jovem por como é a vida na Terra, acabaram se perdendo um pouco nas conclusões, deixando de lado um pouco o romance e errando na tentativa de desenvolvimento mais profundo, ou seja, deveriam ter ficado só na leveza e na condução da paixonite que o resultado agradaria até mais do que acabou agradando. O diretor Peter Chelson não possui um currículo muito vasto em nenhuma das duas áreas (ficção e romance), mas trabalhou bem com ambas as situações, criando boas dinâmicas cênicas com os atores e sendo determinante nas cenas mais impactantes, colocando tudo dentro de um resultado clássico que não tem como errar, mas que poderia ter feito diversas situações melhores, isso sem dúvida poderia, mas aí necessitaria de um diretor de maior gabarito.
Contando com um elenco até bem enxuto, as atuações também não foram nada que nos fizesse parar para analisar detalhes, apenas todos caindo bem dentro da harmonia/caracterização dos seus devidos personagens e nada mais. Asa Butterfield mostra cada dia mais que sabe fazer bons trejeitos e que está crescendo (tanto de tamanho, quanto de características interpretativas), mas claro que aqui deram uma esticada nele, pois ficou algo muito desengonçado de ver na tela para que seu personagem Gardner fosse um "et", de forma que não digo que tenha sido sua melhor performance, mas foi bem trabalhada. Britt Robertson é daquelas atrizes que ou você ama seu estilo, ou odeia, e com sua Tulsa não é diferente, pois a personagem no melhor estilo descolada do mundo, mas que possui uma aura romantizada acaba agradando, mas não se desenvolve ficando da mesma forma do começo ao fim do longa, o que acaba sendo um leve problema pelas diversas nuances que cria no miolo. Sabemos que Gary Oldman é um ator de múltiplas personalidades, mas aqui seu Nathaniel Shepherd é caricato demais e com trejeitos jogados, além de que passaram 16 anos e não mudaram muita coisa no seu estilo visual, o que incomoda um pouco, não digo que ele tenha sido ruim nas interpretações, muito pelo contrário, o ator sempre faz muito bem os papeis que pega, mas poderia ter feito bem mais pela produção. Carla Gugino também não floresceu muito sua Kendra, mas fez o correto de expressões e fluiu sem chamar muita atenção. Dos demais, a maioria acaba sendo bem figurativa, com leves destaques para BD Wong com seu Chen sempre sério, e Janet Montgomery iniciando bem como Sarah Elliot.
Quanto do visual da trama, o que podemos falar é que certamente usaram toda a cenografia de "Perdido em Marte" para filmar as cenas no espaço, dando uma ou outra mudança visual nos ambientes, e na Terra procuraram colocar o melhor do estilo road-movie para ambientar diversos locais bem clichês de romances, no melhor estilo "Cidades de Papel", ou seja, o clássico visual de romances teen, que não atrapalham, mas também não mostram muita coisa, funcionando dentro da proposta básica e bem colocada. A fotografia ousou bem escolhendo sempre a melhor profundidade dos belos cenários escolhidos para que a trama floreasse o máximo possível e criasse todo o clima romântico bem gostoso de assistir.
O longa possui diversas boas canções, que entoaram um ritmo bem interessante e gostoso na produção. Na trilha sonora oficial colocaram apenas canções próprias não incluindo as mais conhecidas como "Hold Back The River" e "High Voltage", mas as demais quem quiser escutar, deixo aqui o link.
Enfim, é um filme bem bonitinho, que agrada pela proposta passada, claro que poderia ser muito mais caso quisessem trabalhar a personalidade dos protagonistas, os problemas dos dois planetas e tudo mais que um romance mais sério colocaria em pauta de forma mais coerente, porém como disse é um filme para se curtir sem muitas preocupações, então nem isso tentaram fazer. Portanto se você gosta de longas bem levinhos vá aos cinemas, e se divirta com a proposta da trama, mas se deseja algo mais elaborado, passe longe, pois talvez a reclamação predomine após a sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda faltam duas estreias para conferir, então abraços e até breve com mais textos.
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