sábado, 22 de abril de 2017

Vida (Life)

Um fato claro é que todos anseiam por alguma prova de vida fora da Terra, isso é marcante pois num universo imenso não seria provável que só aqui neste planeta possa ter algo que se locomova, coma, lute, mate e tudo mais, portanto é claro que Hollywood vai sempre dar voltas e cair em longas que possam mostrar ou algo bom de ter vida lá fora, ou como preferem mostrar, aliens malvados que para manter sua existência necessite matar tudo o que está a sua volta (afinal como nós, eles também precisam comer algo!! No caso o que está na frente deles sempre são atores humanos bonitos e saudáveis, então por que não ir nessa dieta?). Dito isso, o que posso falar do longa "Vida", é que não é algo ruim, mas também está bem longe de ser algo bom, diria mais que é um filme muito bem feito, com uma proposta ousada pelo elenco e pela quantidade de cenários da produção, com muita tecnologia envolvida (só faltou um 3D para ficar melhor ainda, pois temos muita imersão e movimentos de câmera que cairiam perfeitamente dentro da ideia), mas que por já termos muitos outros longas muito semelhantes, o resultado acaba ficando abaixo do esperado, e tudo é motivo de comparação, porém o entretenimento dentro de uma produção alternativa que mistura uma boa dose de suspense/terror acaba bem fechada e não vai fazer você ao menos sair reclamando do que viu, portanto serve como uma opção para o final de semana.

O longa nos mostra que seis astronautas de diferentes nacionalidades estão em uma estação espacial, cujo objetivo maior é estudar amostras coletadas no solo de Marte por um satélite. Dentre elas está um ser unicelular, despertado por Hugh Derry através dos equipamentos da própria estação espacial. Tal descoberta é intensamente celebrada por ser a primeira forma de vida encontrada fora da Terra, sendo que um concurso mundial elege seu nome: Calvin. Só que, surpreendentemente, este ser se desenvolve de forma bastante rápida, ganhando novas células e uma capacidade inimaginável.

É interessante vermos como um diretor de longas policiais acaba se saindo ao ser contratado para uma ficção espacial, pois geralmente a mudança de estilo costuma pesar na mão, e aqui não aconteceu problemas com relação à isso, pois o maior problema que Daniel Espinosa encontrou não foi na forma de conduzir seu longa, pois temos câmeras orquestradas como música fluindo em diversas direções, criando perspectivas, e contando até com belíssimos planos-sequência, mas sim no roteiro bem cru de ideias que a dupla acostumada com comédias ácidas Rhett Reese e Paul Wernick, ambos conhecidos pelo que fizeram em "Deadpool" e "Zumbilândia", entregaram, aonde nada flui muito bem, criando climas e mais climas, mas não trabalhando o contexto que tanto esperamos ver em suspenses. Ou seja, o diretor pegou esse texto e só desejava dar um final bem conexo para a trama, de modo que não vemos uma dinâmica crescente como o gênero costuma fazer, mas sim mortes e corridas clássicas dos longas de terror que acabaram deixando o longa bem feito, porém sem atitude.

Dentro das atuações, podemos dizer que o grande feito do longa é o elenco ser enxuto e com isso dar possibilidade de boas interpretações (com bons momentos) para todos. Um fato interessante para observarmos é que de cara Jake Gyllenhaal não aparenta ser o protagonista da trama com seu David, estando sempre em cena e tudo mais, mas inicialmente ele é apenas mais um ali, mas vai aparecendo mais e mais, até servir de base para o bom final da trama, agradando bem no que faz. Da mesma forma Rebecca Ferguson vai de relance com sua Miranda, comendo pelos cantinhos, e quando vemos a atriz está mostrando suas facetas e incorporando bem trejeitos desesperados e bem colocados. Mas sem dúvida o campeão de trejeitos foi Ariyon Bakare com seu Derry que trabalhou bem a síntese do pai da criatura, e assim trabalhando olhares tão paternais para com o bichinho que mesmo ele lhe matando e comendo pelas beiradas, ainda continua apaixonado pelo alien, e o ator foi bem marcante também na ideia do cadeirante poder ser bem colocado no espaço, afinal não necessitava tanto de suas pernas. Agora quem nos enganou bem aparentando ser o protagonista e não foi é Ryan Reynolds com seu Rory, já bem colocado no trailer como o mecânico da nave, cheio de carisma e piadinhas tradicionais, mas que provavelmente por ter uma agenda apertada com muitos filmes, acabou sendo descartado tão rapidamente que nem lembramos mais dele na metade do filme. A russa Olga Dihovichnaya fez também alguns semblantes bem interessantes como a capitã da nave Golovikna e trabalhou bem seus momentos, mas nada que fosse memorável demais, apenas fazendo bons trejeitos desesperados nos momentos certos. E para finalizar o elenco, o japonês Hiroyuki Sanada fez de seu Sho, um personagem que até torcemos para ir bem, aquele que tem a família crescendo pela TV, que domina bem os comandos da nave e que mostra ser japonês mesmo falando em outro idioma, mas faltou um pouco mais de dinâmica para que seu personagem empolgasse um pouco mais.

Quanto do visual da trama podemos dizer que foi uma produção de primeiríssima linha, com muitos elementos interessantes de analisar, muitos cenários interligados para que os planos-sequências funcionassem ligando um lado da nave até o outro, e que claramente vemos muitas cenas filmadas em chromakey, afinal tudo voando para todos os lados objetos flutuando e tudo mais, (aliás quantos objetos cênicos bem usados!!!) que deram o tom da trama ficar um pouco escura no tratamento final, mas nada que atrapalhasse, muito pelo contrário, agradando por condizer na ideia do longa. Agora o alien ficou exagerado nas cenas finais, sendo bonitinho no começo, virando algo de bom tom no miolo, mas ao chegar no fim, já tínhamos quase um clone do alien do filme "Alien" com formato e tudo mais muito semelhante, o que não é legal de ver, além de ser algo computadorizado demais para um filme que preze algo mais novo. E para que o longa fluísse bem no espaço, tivemos muitos tons acinzentados, cores fortes em objetos para destacar e claramente uma preocupação com a movimentação das câmeras, fazendo com que o longa quase deslizasse na tela, e a iluminação fluindo junto de maneira bem agradável de ver.

Enfim, um longa que poderia rumar vértices bem mais elaborados, com uma proposta ousada e bem cheia de estilo, numa produção altamente bem feita, mas que pecou em copiar muito do que já vimos, e com isso não chegar a lugar algum dentro da ideologia que desejava mostrar da vida em si mesmo. De certa forma não é algo perdido e que vai agradar quem não for esperando muita coisa, mas certamente poderia ser bem melhor, e como já falei, mas volto a frisar, se mesmo convertido em 3D, o longa teria algo completamente inovador e mais interessante de acompanhar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda faltam alguns longas da semana para conferir, então abraços e até breve.

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