Tem sagas no cinema que quando você é fã acabará não aceitando críticas ruins de forma alguma, porém se existe algo que aprendi nesses últimos anos conferindo longas é que não podemos criar expectativas, pois quanto mais esperamos por algo, a chance de decepção é maior. Nunca fui fã de gostar do estilo de terror com aliens babentos como é o caso dessa franquia, e por mais que seja "O Oitavo Passageiro" seja um clássico da época, o longa acaba nos ganhando mais pela tensão que causa do que pela essência em si, e claro que isso é o que mais desejamos num longa do gênero, e assim já se basta. Portanto, quando conferi "Prometheus" há quase 5 anos atrás, acabei gostando do que vi, mas mais pela produção em si, do que pelo terror que tanto causava os longas antigos, e claro que como produtor, uma boa produção sempre irá me conquistar. O caso é que aqui novamente temos uma produção de altíssimo nível, com cenografia impecável, excelentes cenas de ação, mas se no anterior ainda éramos surpreendidos pelo menos com algumas cenas de susto, aqui sequer temos isso, ficando apenas como uma aventura scify bem trabalhada aonde dá para brincar tentando descobrir o que vai acontecer na próxima cena, qual é a próxima evolução do alien, se vai sobrar alguém vivo, ou até mesmo um joguinho leve de interpretação, mas que se colocar algo aqui vira spoiler, então vá, confira e se divirta com a trama, pois mesmo se você tem medo de longas de terror, pode ir tranquilo que irá dormir tranquilamente após a sessão.
A sinopse do longa nos situa em 2104. Viajando pela galáxia, a nave colonizadora Covenant tem por objetivo chegar ao planeta Origae-6, bem distante da Terra. Um acidente cósmico antes de chegar ao seu destino faz com que Walter, o andróide a bordo da espaçonave, seja obrigado a despertar os 17 tripulantes da missão. Logo Oram precisa assumir o posto de capitão, devido a um acidente ocorrido no momento em que todos são despertos. Em meio aos necessários consertos, eles descobrem que nas proximidades há um planeta desconhecido, que abrigaria as condições necessárias para abrigar vida humana. Oram e sua equipe decidem ir ao local para investigá-lo, considerando até mesmo a possibilidade de deixar de lado a viagem até Origae-6 e se estabelecer por lá. Só que, ao chegar, eles rapidamente descobrem que o planeta abriga seres mortais.
Antes de falarmos sobre o filme, a Fox liberou um prólogo que mostra o que aconteceu com os sobreviventes da nave "Prometheus", pois no filme só é mostrado a cena após esse prólogo, e ela é bem curtinha, então quem quiser ver (não possui nenhum spoiler, fiquem tranquilos) segue o link. Dito isso, temos de ser sinceros com o diretor Ridley Scott, pois após ganhar muito dinheiro, agora seus filmes são apenas mega produções bem feitas, que acabam esquecendo de trabalhar história, conteúdo e/ou qualquer outra coisa que faça o público ficar conectado, tenso e desesperado por algo, e isso é o que mais sentimos falta aqui, pois o filme em si é interessante de acompanhar, ficamos querendo saber mais sobre a civilização que morou ali, ficamos querendo saber mais da loucura de David, ficamos ansiando demasiadamente por mortes mais impactantes (que realmente choquem, apesar de algumas serem bem feias!), e até mesmo desejamos mais coisas nojentas na tela, mas o diretor parece preocupado apenas com a aventura em si e com mais efeitos (que até agora não entendi o motivo de não ter sido lançado em 3D, já que o anterior foi!), e assim o restante acaba sendo perdido. Em momento algum posso falar que é um filme ruim, muito pelo contrário, de forma que gostei até mais dele do que de "Prometheus", mas esperava algo mais aterrorizador, com base nas origens mesmo, que causasse tensão e fizesse com que perdesse o sono pensando no bichão (que ficou bem bacana!!!), ou seja, uma aventura boa (um pouco nojenta) no melhor estilo de "Jurassic Park" (até penso que em breve façam um parque temático do Alien, com uma nave chacoalhante passando pela atmosfera ionizada, depois uma correria pelas planícies e tudo mais) que vai agradar quem gosta desse estilo, mas que quem for esperando ver um terror sairá bem decepcionado com o resultado entregue pelo diretor.
Sobre as atuações, temos de falar que se um Michael Fassbender já é bom, dois então é pra destruir, e aqui tanto como Walter quanto como David, o ator incorpora semblantes, trabalha expressões e faz uma cena melhor que a outra, criando situações perfeitas de serem montadas (e que claro deram muito trabalho para a equipe do longa quando os personagens estavam juntos). Katherine Waterston fez o trabalho correto para com sua Daniels, demonstrando tristeza na maior parte da trama (afinal seu drama inicial é bem forte), desespero frente ao desconhecido, raiva e tudo mais que fosse possível em um único longa, o que é bacana de ver, pois alguns atores e atrizes fazem apenas uma cara para tudo, e ela se mostrou bem inteligente quanto às formas faciais, demonstrando exatamente o que estava sentindo para que o público se conectasse com ela, mas ainda assim poderia ter sido menos singela em algumas cenas, o que acabou deixando ela um pouco opaca durante quase metade do filme. Billy Crudup ainda está se perguntando se acredita ou não no que viu com seu Oram, e se agora me perguntasse a sua frase indagada no começo do longa sobre sua capacidade de liderança da nave, responderia na cara: "moço, você não sabe cuidar nem de si, quanto mais de uma nave!", que suas expressões perdidas, seu estilo meio deslocado chegam a ser chatos demais, de forma que torcemos para que o alien lhe coma logo! No início do longa chegamos a caçoar do estilo cowboy de Danny McBride com seu Tenesse (Tee), mas vamos começando a curtir suas cenas, ele passa a ser mais presente e ao final até chegamos a desejar mais cenas com o ator que se mostra bem colocado, ou seja, chegou quieto e ao mostrar serviço agradou. Dos demais, a maioria é quase enfeite (ou criadouro para alien) e não chega a chamar atenção por nada expressivo em si, mas temos que destacar negativamente primeiro o produtor do longa, que paga um cachê enorme para um ator do porte de James Franco para uma mísera cena sem falas que poderia ser com qualquer ator mequetrefe de Hollywood, e positivamente para as caras desesperadoras de Amy Seimets como Faris, pois se ela não se machucou na correria de sua cena principal, ao menos passou um semblante muito positivo de como os demais personagens deveriam fazer nas demais cenas.
O visual da trama foi praticamente todo gravado com muita computação gráfica, trabalhando com poucas cenas aonde os personagens realmente estivessem imersos em algo real, e isso é notável na falta de percepção de espaço por alguns atores, mas isso não vem ao caso aqui, servindo apenas de referência para aqueles que gostam de achar erros em gravações, porém temos que falar que a criação dos ambientes ficaram bem interessantes de se ver, pois ao criar um templo abandonado cheio de estátuas/corpos espalhados se criou um tom bem diferenciado ao se contrapor com uma floresta sinistra, no conceito espacial tivemos naves bem elaboradas com detalhes precisos de se ver, mas que sempre gravados em planos quase 100% fechados (para se tentar criar uma tensão inexistente) ficamos sempre na dúvida se ela é realmente do tamanho que mostra por fora, ou se mede o tamanho de uma casa minúscula, e os carros também poderiam aparecer mais, pois eram bem trabalhados (talvez até construídos realmente) e usaram em quase nada. Quanto do alien realmente, ficou bem feio e nojento, mas ainda assim é daqueles que não causam medo se encontrarmos na rua (ok, dá pra correr um pouco, mas na cena junto de David parecia até amistoso demais). A fotografia do longa ficou bem escura, o que claro gostamos de ver em longas de terror, e felizmente (mesmo que de maneira bem artificial e falsa demais) vemos tudo, não tendo nenhuma surpresa de sustos inesperados, ou seja, um trabalho minucioso de cores para que tudo fosse bem visto e agradável. A falta de gastarem com tecnologia 3D para se gravar é louvável, afinal seriam poucas cenas com coisas saindo para fora da tela, mas podem pensar para o próximo de colocarem baba escorrendo pelos óculos que seria bem bacana de ver.
Enfim, como filme geral independente de gênero, é algo que vai divertir na medida do possível, e fazer passar um bom tempo, pois como frisei é melhor que seu antecessor, mas como desejávamos ver um terror mesmo, com muitas cenas tensas, sangue e nojeiras para todo lado, que ao caminhar até o estacionamento pensasse na possibilidade de ver um bicho daquele e correr pra passar por cima de alguma forma, passa bem longe e não vai meter medo nem em um bebezinho que for conferir a trama com os pais. Ou seja, se você gosta de uma boa aventura, fica a recomendação, agora se deseja ver um bom terror, não vai ser nessa semana que você irá ao cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais uma das poucas estreias dessa semana, então abraços e até mais.
PS: Estou dando a mesma nota que dei para "Prometheus", por achar que 8 seria um exagero para essa produção, mas não posso diminuir a do outro longa, deixando claro que esse seria um 7,5 então.
2 comentários:
Não chega a ser melhor que Prometheus, quem entende o mínimo de cinema percebe o direcionamento a um gênero que cada filme busca, não a comparativos. Prometheus até agora foi a melhor produção de Scott com essa franquia nos últimos anos, transformar David em um robô perturbado, cenas desconexas, destruir completamente a ideia do filme anterior em busca de alguns aplausos, não resultou em nada bom. A história anterior merecia uma continuação inteligente como foi Prometheus.
Amigo anônimo... você tem certeza de ter visto o mesmo filme? É sua opinião tudo bem, mas difícil! Abraços!
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Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...