Um filme simples e bem feito, essa pode ser a definição mais coerente para "Antes Que Eu Vá", que ao adaptar um livro teen que explodiu mundialmente não erra pela falta de elementos, mas que soa leve demais para a temática do carpe diem misturada com a ideologia do caos que "Efeito Borboleta" trabalhou tão bem em 2004 (nossa estamos velhos!!!) e que diversas pessoas já beberam na fonte da ideia (inclusive eu, no segundo semestre da faculdade, que quem quiser conferir tem no meu portifólio aí em cima). Então você ao ler isso deve estar achando que achei o longa ruim? Não, é a resposta mais rápida, o único problema é que achei o filme teen demais, e que até consegue prender o público nas milhões de voltas no tempo repetidas quase que igualmente (o que o diferencia dos seus demais parentes, que ao mudar algo seu, muda todo o restante também), porém poderiam ter trabalhado mais na pegada dramática, na entonação do problema pessoal, na dinâmica das atrizes (que parecem ter saído todas de uma série boba para garotas) e até mesmo na forma de condução, mas aí é que entra a grande sacada, que o longa não seria acertivo para o público que deseja atingir (e que o livro tanto agradou), que são as garotas jovens, ou seja, é um filme feito para mulheres na faixa dos seus 18 a 35 anos, que vão se conectar com a protagonista e (talvez) pensar na vida de forma diferente, pois os demais até podem curtir o que verão, mas não se empolgarão com a ideia, nem filosofarão com o que será passado como mote da trama. Em resumo, é um filme bom, mas que poderia ser muito melhor!
O longa nos mostra que Samantha tem tudo: o namorado mais cobiçado do universo, amigas populares e todos os privilégios no colégio. Aquela sexta-feira deveria ser apenas mais um dia de sua vida, mas acaba sendo o último. Mas algo acontece e agora ela terá várias chances de reviver aquele dia mais uma vez e desvendar o mistério que envolve sua morte.
Não posso afirmar que o que vemos no longa está impregnado nas páginas do livro de Lauren Oliver, pois esse não é um estilo de livro que conseguiria me prender, mas posso dizer que a história fluiu bem tranquilamente sem ser preciso capitular nada, e muito menos vermos as páginas do livro virando como muitos outros diretores tem trabalhado no cinema alguns livros, ou seja, podemos dizer que a diretora Ry Russo-Young foi singela no modo de conduzir e que trabalhou bem com as garotas para que seu filme não ficasse monótono, pois a ideia em si repetitiva poderia cansar um pouco, mas de modo algum ficamos cansados, pelo contrário, ficamos esperando cada vez mais para saber como tudo pode mudar no dia da protagonista. Assim sendo, o resultado de planos bem encaixados, bons elementos cênicos e uma produção bem simples, porém eficiente, acaba tendo um fluxo bem dominado para que funcione, e acaba agradando o público alvo, mas por bem pouco não desandou, pois cada nova cena repetida entra em conflito com as demais, e assim sendo o final acaba chocante, mas cognitivo para com a ideia original, o que nem atrapalha nem causa muito, ou seja, círculo infinito de opiniões, não rumando para lado algum e não atingindo o ápice que poderia ter em algum momento da trama.
Sobre as garotas, Zoey Deutch tem feito bons papeis no cinema ultimamente, e não se destaca demais para impressionar, nem faz carões que atrapalhem sua expressão, o que é bom por um lado e ruim por outro, pois parece sempre fazendo a mesma pessoa, ou seja, sua Sam é bem colocada, e agrada, mas mesmo nos momentos mais descontraídos da trama, parece ter só um sorriso e um olhar, sendo quase um robozinho, o que infelizmente pode lhe render apenas um estilo de papel nos longas, mas convenhamos que aqui era o que precisava ser feito, então foi correta ao menos. Halston Sage é uma atriz jovem, mas com uma personalidade marcante nos seus papeis, e com isso por bem pouco sua Lindsay não acaba sendo mais protagonista que a própria Sam no longa, e esse talvez seja o maior problema da trama, a falta de carisma/dinâmica da protagonista em relação às demais, principalmente Sage, que ainda está apenas com 24 anos, mas certamente vai explodir muito em breve com seu estilo próprio. Elena Kampouris merecia um destaque maior para sua Juliet, pois nos momentos que teve a possibilidade de se mostrar, devorou a protagonista com expressões duras e bem pontuadas, mas soube lidar e segurar os momentos para si, ousando quando precisou apenas, e isso mostra a quão boa ela é. Medalion Rahimi e Cynthy Wu apenas riram e apareceram como Elody e Ally, mas foram bem em suas caras e bocas, e assim ao menos não atrapalharam. Logan Miller também fez um Kent bacana de ver, e trabalhou os olhares de maneira singela e pura, quase de forma romantizada, mostrando realmente seus sentimentos somente através de expressões, ou seja, um ator que tem potencial. Os demais apenas apareceram, tendo momentos especiais, mas nada que impressione pelo estilo de atuação, então apenas temos de falar que não foram objetos cênicos ao menos.
A equipe cênica fez um trabalho muito bem feito, de forma a criar os ambientes em detalhes, o que certamente ajudará os fãs do livro, pois vemos uma floresta densa na névoa para as cenas mais tensas (apesar de um errinho aqui, outro ali no conceito de continuidade, com relação ao que ocorre antes!) , escolheram boas casas tanto para a festa quanto para a da protagonista, apesar de a casa do garoto ser mais ampliada e com elementos demais para se festejar do que para morar realmente, além de uma escola bem elaborada, cheia de elementos bem pontuados e ambientes prontos para a criação em si, com muitos detalhes claro do dia do cupido, que até poderiam ter trabalhado um pouco mais, mas foram bem certeiros nas escolhas. E claro que temos de falar dos figurinos excêntricos que arrumaram para todos, que cada cena conseguiam ficar mais malucos ainda, tirando claro a camiseta de dormir rasgada (que tanto irritava ao mostrar toda hora faltando um pedaço!), ou seja, quando falamos de um longa baseado em livros, a equipe de arte sempre possui muito trabalho para tentar recriar o que os fãs tanto gostariam de ver por terem imaginado aquilo, e certamente acertaram nas escolhas, por vezes até exagerando refazendo a mesma cena igualzinha diversas vezes para que algum detalhe fosse visto, mas que de certo modo acabou agradando e deixando o longa mais barato. A fotografia foi simples, mas bem colocada, pois como optaram por cenas mais escuras como dentro de carros, na floresta e claro numa festa dentro de uma casa, tiveram de trabalhar com muita iluminação falsa, mas nada que tenha incomodado quem não for técnico e assim sendo funciona.
Outro ponto bem positivo do longa ficou a cargo das ótimas escolhas musicais para compor a trilha sonora, e que além de ditarem o ritmo da edição, auxiliaram para criar um clima mais juvenil na trama, o que é legal de ouvir para acompanhar tudo que a diretora desejou mostrar. Aqui eu deixo o link para quem quiser escutar antes ou depois do longa com todas as músicas que tocaram lá.
Enfim, é um filme bem feito, e que alcança o público alvo, mas que poderia ser mais denso e bem trabalhado (principalmente na história, na direção e na atuação) para que atingisse mais pessoas, afinal a moral que tenta passar ao final é algo que vale para todos e não apenas para jovens, mas como não foi feito assim, o resultado acaba pecando um pouco demais, mas nada que não flua para ser algo que dê para assistir e se divertir ao menos na sala do cinema. Portanto essa acaba sendo minha recomendação, que você vá sem esperar muita coisa do longa e que talvez assim se divirta com o que verá, pois se quiser algo mais trabalhado esse certamente não é o longa que deverá ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam muitos longas para conferir nessa semana, então abraços e até breve.
PS: A nota poderia ser um 6.5, ou talvez um 6.8, mas por faltar muita coisa para empolgar, e por não ter coelhinhos picados na nota, mesmo sendo um bom filme, vou arredondar para baixo.
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