Se tem um estilo de filme que sempre vai cair bem e criar tensão é o tal do policial, claro se feito de maneira própria para transmitir esses sentimentos. Digo isso não apenas baseado no fato de "O Dia Do Atentado" ser algo embasado em fatos reais, na prerrogativa de "vingança/caçada" aos culpados, mas sim pelo fato de que quando o arquétipo do herói flui a favor de algo mais crível, como é a busca pelos culpados de algumas mortes e diversos feridos de alta gravidade, a trama acaba empolgando, e até funcionando de forma maior do que poderia. E digo mais, se o diretor tivesse evitado trabalhar com tantos grupos e personagens, criando mais um herói mesmo e vilões ferrenhos (claro que para isso precisaria sair completamente da realidade), a trama acabaria se tornando daquelas dignas do público sair da sala de cinema e caçar sozinha terroristas pelo mundo afora. Ou seja, é claro que não podemos julgar todos, e o filme nem faz esse apelo (de certo modo), mas a visceralidade das buscas, da mostra do patriotismo como sugere o nome original (não apenas pelo estilo dos americanos, mas pelo feriado em si, que é o nome da trama) e do estilo bacana que desejaram mostrar na forma de carinho que cada personagem real demonstra depois nos 10 últimos minutos (documentais com personagens reais dando seus depoimentos) acaba resultando em um longa até maior do que ele realmente é, e isso por si só já vale a conferida, e que quem gostar do estilo até poderá se emocionar um pouco além do que o esperado com tudo o que acabará vendo.
O longa mostra que no feriado do Dia do Patriota sempre é realizada a Maratona de Boston. Na comemoração de 2013, o policial Tommy Saunders fica incumbido de supervisionar a região próxima a linha de chegada da corrida. Uma explosão acontece. Não demora muito para se constatar que foi um atentado terrorista e Davis parte na caçada dos suspeitos, os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev.
Um fato interessante de observarmos no estilo de direção de Peter Berg é que ele procura humanizar demais seus personagens, criando vértices que poderiam ser mais impactantes com personagens mais secos, mas que ao virarem bons pais, bons maridos, amantes de algo acabam fluindo por outros caminhos dentro do longa, e acabam levando o público a criar conexões com eles, o que acaba sendo legal por um lado, mas que poderia fluir bem por outro. Não digo que isso atrapalhe seus filmes, mas acaba dando uma dinâmica diferenciada e não própria do que aconteceria normalmente em algo mais real, e aqui como o longa é baseado em um acontecimento real, dificilmente veríamos acontecer historinhas romantizadas no meio de situações tão duras (pode até ter ocorrido realmente, mas que é impensável, é!), ou seja, ele acabou pegando uma boa história, entrevistou diversas pessoas que fizeram parte do acontecimento no dia (esperto, ainda usou no fim do longa parte como um mini-documentário), e acabou colocando todos os personagens e situações dentro do longa, desenvolvendo algo até maior, e alongado, do que se esperaria para mostrar um atentado e a caça aos culpados, porém longe desse esticamento do filme ser algo ruim, a trama acaba fluindo tão rápido e de forma gostosa que nos emocionamos com as situações e acabamos gostando do que vemos, mesmo com um início desajeitado para mostrar situações cotidianas de cada personagem.
Se fosse falar de todos os atores e personagens daria para montar um livro (e não estou exagerando, pois é muita gente realmente na trama, e com devidas importâncias), portanto vou me ater nos que apareceram mais tempo na tela, e do restante posso dizer que fizeram bem seus papeis, nada que seja memorável, mas também não atrapalharam em nada. E claro que como produtor do longa, Mark Wahlberg é quem mais aparece com seu policial Tommy, e como bem sabemos numa investigação desse naipe, o policial seria quem menos teria tempo de tela, não digo que o que fez em cena seja algo ruim, mas convenhamos, porém, tirando o detalhe realista, o ator caiu bem na personalidade e teve bons momentos em cena, gerando diversos sentimentos e criando boas perspectivas para que o filme se encaixasse na proposta, ou seja, acabou acertando. Kevin Bacon trabalhou de forma coerente para com seu Richard, mas ficou sempre um passo atrás do tom que poderia adotar, e isso é crucial para chamar a atenção em um longa policial, ou seja, falhou um pouco. J.K. Simmons e John Goodman são praticamente figurantes de luxo, mas tiveram algumas cenas mais pontuais com seus Ed e Jefrey respectivamente, e detalhe, a trama é baseada nos relatos de Ed, portanto era esperado algo mais de Goodman. Alex Wolff e Themo Melikidze fizeram bem suas cenas como os terroristas Dzhokhar e Tamerlan, e talvez caso quisessem poderiam ter mostrado um pouco mais de suas vidas e motivos pelos quais decidiram explodir tudo, pois ficou aberto demais ser apenas algo religioso, mas como não foi mostrado, ao menos foram bem expressivos com o que fizeram.
Dentro do conceito cênico, ficou bem elaborado o galpão de investigações, e mostrou como o FBI monta rapidamente um quartel general de primeira linha para que tudo fosse minuciosamente investigado, e claro que o grande uso de muitos figurantes ajudou tanto na concepção da corrida, quanto das cenas de caça nas casas/ruas, ou seja, o longa acaba se tornando um mini-road-movie, e talvez pudesse até incorporar mais estilos, mas a equipe foi sucinta em não gastar muito e fazer bem feitinho de modo simples. Dentro da fotografia, por usar muitas câmeras simples para criar exatamente como se fossem câmeras de segurança, imagens de celulares e vários outros dispositivos não tão bons de filmagem, a equipe ousou um pouco, e confesso que no cinema acaba funcionando de maneira interessante pela tela ser bem grande, mas quem for ver em casa talvez não veja detalhes, e isso é ruim para o longa, portanto talvez pudessem ter exagerado menos nesse conceito, e iluminado/capturado tudo de uma maneira melhor (o que acabaria saindo da base da história).
Enfim, é um filme que foi de modo geral bem interessante de acompanhar e que agradou mais do que imaginava, passando bons momentos na sessão, criando emoções em quem for mais emotivo, e trabalhando bem dentro do conceito que desejavam mostrar, ou seja, um filme razoavelmente completo. Claro que poderia ser melhor ainda, mas com certeza vale a conferida, e fará muitos pensarem de forma diferente sobre as situações de terrorismo. Portanto, fica a dica para quem gosta de longas policiais, mas mais do que isso, para quem gosta de longas emotivos baseados em fatos reais, que causem uma certa tensão, pois o elo policial em si acaba perdido frente a isso. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na segunda com a última estreia dessa semana, então abraços e até lá.
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