Sei que existem diversos críticos que odeiam filmes motivacionais, com lições de vida, e que apelam para doenças para emocionar o público, mas geralmente são pessoas sem coração que não conseguem enxergar a beleza em uma trama sem que ela tenha um roteiro pensante que ninguém vá entender ou qualquer outra coisa do tipo. Mas esse Coelho que vos digita sempre é diferente (ao menos um pouco!), e com isso foi ver "Um Homem de Família" sem nem ao menos ter visto um trailer sequer, não tendo lido a sinopse, nem nada, ou seja, cheguei pronto pro pior possível, mas com o elenco do cartaz ao menos promissor seria. E vos digo agora sem pestanejar, não estava pronto pro baque com o tanto de lições que o longa nos proporciona, sobre os diversos sentimentos que acaba provocando, e principalmente por mostrar que longas simples também podem agradar quando bem coesos, ou seja, um filme simples, bonito, bem pontuado e que vai fazer metade do cinema chorar com certeza, e a outra metade sair querendo socar qualquer chefe independente de ser apaixonado por ele. Portanto vá ao cinema ficando no meio termo que é bom tanto para sua saúde emocional quanto para seu emprego, mas vá, pois é um filme que vale a pena ser conferido!
O longa nos mostra que Dane Jensen é um implacavél caça-talentos corporativo de Chicago, que está disputando com uma colega de trabalho a chance de substituir o chefe da empresa, prestes a se aposentar. Ele é o favorito, mas ainda assim precisa bater as metas nos últimos três meses do ano. Enquanto a rivalidade atinge níveis extremos, no entanto, uma tragédia familiar faz com que ele coloque na balança suas prioridades.
Essa semana foi interessante por os melhores filmes virem de diretores estreantes, e isso mostra o velho ditado que sangue novo quer mostrar serviço, e consegue, pois, o filme de Mark Williams feito em cima do roteiro de Bill Dubuque ("O Contador", "O Juiz") possui diversas lições para aprendermos tanto no conceito familiar, quanto no conceito corporativo (mesmo que o personagem principal seja tão inescrupuloso, que em diversos momentos torcemos pelo seu pior!). Não diria que tudo é perfeito, pois vemos também muitas coisas ruins sendo mostradas, como mentiras, transgressões de imagem e até negociações em cima de algo complexo, mas o diretor e o roteirista souberam dosar bem as situações para que o resultado misturado com a positividade, com a ideologia do que se faz volta para você, entre outras coisas bem interessantes acabaram fluindo para que o longa não soasse cansativo, nem impositor de ideias, mas sim um catalisador de sentimentos, que claro usou e abusou de cenas mais duras com o garotinho para chamar as lágrimas do público. Ou seja, o diretor seguiu o manual corretamente do estilo, e claramente poderia ter feito um longa completamente diferente caso não resolvesse apelar para o dramalhão subjetivo, mas ainda assim os resultados das lições são tão empolgantes de ver (e que irão servir demais para muita gente) que podemos dizer que o acerto foi bem colocado. Quanto do estilo de filmagem/montagem, poderia ter feito menos quebrado (serviço, doença/família, passeio turístico, serviço, ...), mas foi uma opção e principalmente trabalhando sempre com planos bem abertos, mostrou que não tinha medo de filmar em locações reais, trabalhando bem a angular e criando uma perspectiva mais ampla, para abrir horizontes realmente.
Sobre as interpretações, todos gostamos de Gerard Butler, mas já disse isso uma vez e volto a repetir, seu estilo é fazer longas de ação, aonde possa quebrar tudo, socar muitas caras e tudo mais, pois dramas com ele acabamos ficando esperando uma reação abrupta sua, tanto que nas cenas dentro do escritório era certeza de bater o telefone quebrando em mil pedacinhos com seu Dean, ou seja, ele até se esforça, mas falta um pouco mais para convencer como ator dramático. Já Willem Dafoe é daqueles que vamos xingar sempre por fazer tão bem papéis de vilões, e como todos bem sabemos todo chefe é um tipo de vilão, pode até ser bonzinho em algum momento, mas não está nem aí com você quando você mais precisar, claro que o final do longa deu uma amenizada, mas ainda assim não tem como ficar contente com as atitudes de seu Ed, e claro que o ator mostrou isso com muita precisão. Gretchen Mol trabalhou bem sua Elise e conseguiu encarnar uma mãe convincente, se emocionando nos momentos certos e sendo dinâmica para com a personagem, sua cena na escolinha é uma das mais fortes no quesito desespero total, mostrando uma precisão de expressões que agrada demais. Temos de pontuar claro a ótima atuação do garotinho Max Jenkins que fez expressões fofas, trabalhou situações com intenção dramática forte e fez de seu Ryan aqueles garotos que acabamos torcendo pelas atitudes, agradando bastante, mas ainda precisa aprender a segurar um pouco mais a respiração, ou o diretor cortar a cena um pouco antes, pois se mexeu demais quando não deveria. Alfred Molina é aquele ator tradicional que mesmo fazendo uma pontinha acaba chamando atenção e seu Lou acaba mostrando algo que estamos acostumados a ver, de pais mais velhos que perdem emprego e dificilmente conseguem realocação no mercado, mas suas duas cenas finais são bem empolgantes e bonitas de ver tanto pelo roteiro, quanto pela expressão do ator. E para finalizar, mas não menos importante, Alison Brie fez de sua Lynn aquelas "colegas" de trabalho que até tentamos copiar, mas que são tão inconvenientes para conseguir um cargo melhor que fica difícil de brigar, e a atriz se vestiu com o papel, sendo totalmente desagradável em diversos momentos e acertando na expressão com isso. Dos demais, apenas temos de dizer que foram boas participações, tanto do médico indiano Anupam Kher, quanto do auxiliar de enfermagem Dwain Murph, mas nenhum com destaque para podermos parar e falar muito sobre o que fizeram.
Quanto da direção de arte, temos de dividir a trama em duas, a primeira pela composição cênica do escritório, da casa e do hospital, ambos com bons elementos cênicos, criando um visual tradicional, mas bem identificado qual o estilo de empresa, o nível da família e claro o nível altíssimo do hospital, e isso tudo foi bem colocado, mas tirando esse lado mais fechado, a profundidade dos momentos meio road movie, mostrando prédios de Chicago que possuem uma estrutura cultural pela arquitetura acabou ficando tão interessante, e informativa que acabou soando bonita, mesmo que saia por um lado não tão dentro do que a trama poderia seguir, ou seja, temos um leve desvio, mas que acaba agradando de uma forma mais ampla. A fotografia aproveitou esses belos lugares para trabalhar luzes mais naturais dando um tom vivo mais gostoso para a produção, enquanto nos ambientes fechados procuraram trabalhar com menos iluminação criando um pouco de tensão, ou seja, algo leve e bem estudado.
Enfim, é um filme simples e que muitos acabarão pulando por parecer fraco demais, mas que quem for disposto a aprender com ele pode sair bem satisfeito com o resultado e acabar surpreendido com tudo o que é mostrado. Claro que está bem longe de ser algo perfeito e que possui muitos defeitos técnicos (como citei de movimentos do garotinho, não citei tanto mas movimentos de câmera bruscos desnecessários, montagem fragmentada demais sem necessidade), mas isso é algo que só quem for da área acabará percebendo e reclamando, pois o restante acabará chorando, se emocionando e saindo feliz da sessão, então fica a dica para se ainda estiver em cartaz assistir. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica bem longa, e de bons filmes (graças aos deuses do cinema), e volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.
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